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Há seis anos, três fabricantes de automóveis e um enólogo decidiram fabricar um trator elétrico autônomo que pudesse ajudar os agricultores dos EUA em um momento em que esses produtores veem a rentabilidade de suas lavouras diminuírem ao longo do tempo. Nesta segunda-feira (22), a Monarch Tractor, com sede em Livermore, na Califórnia, anunciou um aporte de US$ 133 milhões (R$ 744 milhões na cotação atual) liderado pelo fundo de impacto global Astanor e HH-CTBC Partnership.
O fundo é co-liderado pela Foxconn, com sede em Taiwan, maior fabricante de computadores e de componentes eletrônicos no mundo, para marcas como Apple, Microsoft, Nintendo, Dell, Hewlett-Packard, entre outras. Com o financiamento, a Monarch passa a ser avaliada em US$ 518 milhões (quase R$ 3 bilhões), acima dos US$ 271 milhões anteriores (R$ 1,5 bilhão).
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A empresa informou que o investimento é o maior aumento de valor já aplicado em robótica agrícola e que ajudará a Monarch a iniciar as vendas de seus tratores no mercado internacional, começando pela Europa.
“Agora podemos executar nossos planos”, disse à Forbes o cofundador e CEO Praveen Penmetsa, um dos expoentes do setor automotivo. “Somos os primeiros a avançar. E ainda temos o único trator elétrico disponível comercialmente.”
A empresa já vendeu cerca 400 tratores em 13 estados norte-americanos, além de um no Canadá.
No verão passado, a Forbes traçou o perfil da Monarch Tractor como parte da lista Next Billion-Dollar Startups, de empresas com maior probabilidade de atingir uma avaliação de US$ 1 bilhão. Em 2023, a Monarch registrou receitas de US$ 37 milhões (R$ 207 milhões), acima dos US$ 22 milhões (R$ 123 milhões) em 2022 e de apenas US$ 5 milhões (R$ 28 milhões) em 2021. A estimativa para 2024 é atingir US$ 112 milhões (R$ 626,5 milhões).
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Trata-se de um crescimento mais lento do que Penmetsa esperava no ano passado, quando a startup previa um aumento de receitas de três a cinco vezes em 2023. Mas tem sido um ano difícil para as empresas de equipamentos agrícolas de modo geral em todo o mundo, uma vez que as elevadas taxas de juro fizeram com que os agricultores adiassem a compra de novos equipamentos.
O lado bom, argumentou Penmetsa, é que a Monarch deveria ser capaz de aumentar suas vendas ajudando os agricultores a economizar nas operações, enquanto os tempos são difíceis. “Tem sido um ambiente difícil e desafiador para os agricultores e para a agricultura”, disse ele. “A desaceleração está afetando alguns dos maiores players e quais são as suas prioridades. Esta pode ser uma oportunidade para a Monarch crescer, com capital em mãos, enquanto o resto da indústria pensa em como economizar dinheiro.”
Os tratores elétricos autônomos da Monarch economizam no custo de óleo diesel e mão de obra, e suas câmeras e software alimentado por IA podem identificar obstáculos no campo. Esse software pode ajudar os agricultores a tornar as suas operações mais eficientes, por exemplo, dizendo-lhes como melhorar as configurações dos acessórios de colheita para trabalhar mais rapidamente durante a estação chuvosa. Também pode ajudá-los a cultivar de forma mais sustentável, reduzindo o uso de fertilizantes químicos.
“Parece um trator, mas é um computador sobre rodas”, disse Hendrik Van Asbroeck, sócio-gerente da Astanor. “O quadro geral é que se trata de um jogo de dados. Se quisermos tornar os alimentos sustentáveis, precisamos de ser capazes de rastreá-los e pulverizar menos. Se usarmos dados, podemos transformar completamente a indústria.”
Penmetsa, que tem 46 anos, passou quase duas décadas trabalhando em carros elétricos e autônomos, antes de se dedicar à agricultura. Ele trabalhou na MillenWorks, uma empresa automobilística de ponta fundada pelo lendário piloto de corrida neozelandês, Rod Millen, depois fundou sua própria empresa, a Motivo Engineering, que trabalhava com veículos elétricos, inclusive demonstrando como um Toyota Prius poderia ser reaproveitado em um gerador de energia de emergência.
Em 2018, juntou-se a Zachary Omohundro, colega da Motivo; Mark Schwager, que anteriormente co-liderou a Gigafactory da Tesla em Nevada, e Carlo Mondavi, neto de Robert Mondavi, que administra seus próprios vinhedos na Califórnia e na Itália. A empresa que lançaram leva o nome da borboleta monarca migratória, que está ameaçada de extinção por causa ao uso excessivo de produtos químicos em parte das fazendas.
Para desenvolver os robôs, os engenheiros da Monarch montaram uma unidade nas proximidades de Wente Vineyards. Atualmente, seus tratores são projetados para vinhedos e fazendas de frutas e legumes, que exigem máquinas menores que as gigantes usadas para cultivar milho e soja. O primeiro protótipo custou meio milhão de dólares; rendeu apenas dois.
Com o tempo, a Monarch reduziu os custos e os seus tratores existentes, equivalentes a uma máquina de 40 cavalos, passaram a custar US$ 89 mil (R$ 500 mil). Também fez parceria com a gigante agrícola CNH Industrial para produzir uma versão um pouco maior sob licença, embora nenhuma delas esteja em uso ainda, disse Penmetsa. Para os seus clientes, os atuais subsídios da Califórnia e do USDA para tratores elétricos estão ajudando a reduzir os custos.
Ao longo do ano passado, a Monarch conquistou novos clientes entre os produtores de leite e até, surpreendentemente, nos aeroportos que utilizam os tratores para cortar grama, pulverizar pesticidas e transportar itens de um lado para o outro. “Essa é a expansão que estamos vendo”, disse Penmetsa. “Nos concentramos tanto na sustentabilidade e nas frutas e vegetais, e depois tivemos a grata surpresa dessa demanda em outros setores.”
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O post Monarch, a startup dos tratores elétricos recebe R$ 744 milhões para ganhar o mundo apareceu primeiro em Forbes Brasil.