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O apagão cibernético nesta sexta-feira (19) paralisou voos e afetou serviços financeiros e de comunicação nos Estados Unidos, na Europa, África e Oceania. Porém, do outro lado do mundo, na China, a queda causada por uma pane generalizada nos sistemas da Microsoft passou despercebida – ao menos em território chinês, que exclui Hong Kong e Taiwan.
“Só fiquei sabendo do tal apagão cibernético global agora à noite (hora local) porque me contaram”, relata Rafael Henrique Zerbetto, brasileiro que mora em Pequim desde 2015.
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Jornalista que trabalha em uma empresa de mídia na capital chinesa, Rafael conta que “teve um dia normal de trabalho” nesta sexta. “Voltei para casa e tudo estava funcionando normalmente: aplicativos, trens, sistema bancário e páginas de internet”, emenda.
Renato Peneluppi, residente na cidade de Wuhan desde 2010, lembra que a China está em período de férias de verão (no hemisfério norte), quando as pessoas aproveitam para viajar dentro e fora do país. “Então, não tem como passar despercebido”, ressalta.
Ele mesmo conta que estava em deslocamento, vindo de Pequim para Tianjin, cidade costeira no norte da China. “A estação de trem estava cheia e operando com capacidade máxima, principalmente neste eixo de viagens saindo de Pequim ou indo para a capital”, conta o brasileiro, que atua na área de pesquisa e educação na China.
Internet regulada
Mas, afinal, por que a pane no sistema da Microsoft não atingiu a China?
A internet chinesa é conhecida por seu “Grande Firewall” nome que faz referência à Grande Muralha da China – e serve para regular a internet dentro do país. O bloqueio a sites estrangeiros selecionados e a diminuição do tráfego da rede mundial de computadores é feito a partir de uma combinação de leis internas e tecnologias aplicadas.
Assim, todas as empresas estrangeiras que operam na China têm que seguir essa legislação. De modo prática, é necessário instalar um servidor no país, que deve conter todas as informações e dados relacionados ao mercado doméstico chinês.
Ou seja, os dados coletados na China não podem ser exportados para o servidor de outros países, como os Estados Unidos, onde seriam processados para, então, retornar ao país de origem. É assim que as gigantes de tecnologia processam as informações na maioria dos países – entre eles, o Brasil
“É uma questão de segurança e de garantia de soberania, evitando que dados coletados na China, de empresas e cidadãos, sejam exportados e usados indevidamente”, explica Zerbetto.
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