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Eu passo o dia cercado de pessoas mais jovens; desde profissionais que entraram recentemente no mercado de trabalho até sêniores; porém, bem mais novos do que eu. Esses profissionais, além de estarem em algum ponto de um espectro etário grande, são também de áreas diversas. Eu não trabalho apenas com médicos, portanto, mas com pessoas das mais diferentes formações.
O mundo do passado – aquele em que obtive o meu diploma ou antes disso – funcionava num modelo do “cada um no seu quadrado”. Por que isso? Porque, antes da chamada globalização, o que se pedia dos profissionais era um alto grau de especialização. Numa organização, havia os “feras” para tudo. Provavelmente eles passavam a vida toda especialistas só naquilo.
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Felizmente, o mundo mudou. Mas, se esse giro de 180 graus nos trouxe muitas coisas bacanas, como a possibilidade de contatar alguém em qualquer parte do globo em segundos, de trabalhar em qualquer lugar e de termos na palma da nossa mão uma quantidade absurda de conteúdo, trouxe também uma complexificação dos problemas. E aqui eu falo até de problemas globais, como é o caso de conflitos entre países. Tornou-se mais difícil entendê-los. Não se trata mais de apenas disputa de terra, ou de embates religiosos ou econômicos. É tudo isso ao mesmo tempo e muito mais.
Daí ser cada vez mais importante compor equipes com múltiplas visões e idades. Problemas complexos, como os que as organizações enfrentam na atualidade, exigem a colaboração de especialistas em várias disciplinas, cada um trazendo uma perspectiva diferenciada.
Times multi também possibilitam o exercício da prática colaborativa, que muitos profissionais ainda veem como arriscada, mas que propicia a troca de aprendizagens. Diariamente, eu aprendo com minhas equipes multi e eles comigo.
Ter equipes com membros que não apenas vêm de diferentes formações e têm múltiplas bagagens e são de gerações diferentes, também é um enorme ganho para as organizações.
Mesclar profissionais 50+ e 60+ com 20+ e 30+ possibilita ter, num mesmo time, pessoas com distintas experiências educacionais, de vida e até de competências ligadas à tecnologia. Mas, ao contrário do que se possa pensar, isso não é contraprodutivo. Ao contrário, se bem aproveitadas, essas diferentes competências não disputam entre si, mas se somam.
Pesquisas têm mostrado, por exemplo, que ter um percentual da força de trabalho maior que 10% acima dos 50 anos torna as equipes mais produtivas.
Não existe uma abordagem única para montar ou trabalhar em equipes multi. Se a comunicação e os papéis que cada um terá no time estiverem claros, a organização só tem a ganhar.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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