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Você se lembra do que fez em 2015? Remontar com detalhes acontecimentos de quase dez anos atrás talvez não seja tarefa fácil para qualquer pessoa. Não é o caso de Marcela Ceribelli que, naquele ano, fundava a Obvious, página nas redes sociais que hoje reúne conteúdo, podcasts, newsletters e eventos com o lema “felicidade feminina”, como se descreve.
“Tenho muito orgulho em dizer que começamos um tanto desse movimento que hoje é uma linguagem superconhecida do Instagram. Não acho que fomos as primeiras, mas fomos uma das grandes influenciadoras nesse sentido, literalmente”, conta Marcela, CEO da Obvious, em entrevista à Forbes.
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Foi em 2020 que a empreendedora, podcaster e autora decidiu que era a hora de aprofundar as conversas que estavam no Instagram. Foi assim que nasceu o “Bom dia, Obvious“, um dos maiores podcasts do Brasil.
“Enquanto a página envelhecia, eu envelhecia junto. Dos 25 aos 30 anos, muita coisa aconteceu e comecei a sentir falta de uma mensagem mais profunda, que refletisse mais as conversas que tínhamos nas reuniões de pauta”, diz. “Hoje, o podcast se tornou maior do que o Instagram em proporções; para você ter uma ideia, temos uma média de cerca de 300 mil plays por episódio”.
Ela conta que, quando começou, não tinha ideia de que estava “plantando uma semente que a transformaria através de seu trabalho”. Segundo ela, quem acompanha o programa nota que muitas vezes ela mesma fica impactada com as entrevistadas. Marcela se considera um fio condutor da mensagem, pois, quanto mais conhece e entende quem a ouve, mais se vê como uma porta-voz, fazendo às entrevistadas as perguntas que as espectadoras gostariam de fazer.
Além da bolha
Marcela considera uma de suas maiores conquistas ter “explodido” a bolha do público ouvinte. “Hoje, no episódio 250, estamos falando com públicos diferentes. Começamos a falar com o público masculino, com mulheres mais velhas e meninas mais jovens. Isso, para mim, é muito significativo. Uma amiga minha mandou um print da conversa com o pai dela, de 60 anos, dizendo: “Escuta esse podcast”; e era o ‘Bom dia, Obvious’”, conta. “Isso me arrepia, porque é o início da conquista de transformar quem precisamos transformar. Nos próximos 250 episódios, espero que esse pai da minha amiga mande o podcast para os amigos dele. Esse é o principal objetivo: expandir para além da bolha”.
Entretanto, em uma realidade guiada pelo algoritmo, alcançar o sucesso não é fácil. Para chegar lá, Marcela se dedicou a construir uma relação de credibilidade e confiança com o público da Obvious – segundo ela, ao consumir conteúdo da plataforma, as pessoas sabem que há uma base de psicanalistas, cientistas e jornalistas colaborando.
“Não existe fórmula para se diferenciar no Instagram. Quer dizer, existe. Você tem que postar seu café da manhã, expor algo polêmico… Nós temos alcance, mas ele poderia ser muito maior se falássemos sobre o corpo de alguma famosa. Mas decidimos que não. Então, é uma luta difícil”.
Bem-sucedida, sim!
Apesar de árduo, o esforço feito por Marcela e equipe levaram a Obvious ao sucesso. E ela, que lotou o Theatro Municipal de São Paulo duas vezes com gravações de episódios comemorativos do podcast, reconhece isso. “Sucesso para mim é saber que estou fazendo as coisas da maneira que acredito e recebendo reconhecimento por isso”, afirma. “Em dado momento, no meu livro ‘Aurora’, eu falo que desisti de escrever um best-seller porque aquilo estava me travando. Decidi escrever um livro que eu gostaria de ler. Ele acabou se tornando um best-seller e atingiu 100 mil cópias. Esse marco e a indicação ao Jabuti no ano passado são reconhecimentos que não passam despercebidos”.
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Próximos passos
Marcela revela que ainda pretende escrever pelo menos mais três livros e conta, com exclusividade à Forbes, o próximo passo da Obvious: o “Chapadinhas de Endorfina” – canal paralelo de saúde e bem-estar para mulheres treinarem o corpo e a mente sem pressão estética – vai ganhar uma minissérie especial em formato de podcast.
Entre os planos que ainda quer realizar, Marcela destaca entrevistar figuras contemporâneas internacionais, como Esther Perel, e, no Brasil, Erika Hilton. “Vou fazer de tudo para isso acontecer”, finaliza.
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