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O atentado fracassado no sábado (13) contra a vida de Donald Trump, provável candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, provocou um impacto profundo nos mercados ao redor do mundo no primeiro dia de negócios após o evento. Trump ficou ferido sem gravidade, mas o ataque a tiros durante um comício na Pensilvânia deverá ter um efeito positivo em sua campanha.
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A convicção dos analistas é que o tiro vai aumentar a simpatia para com o candidato e ajudar a unificar o partido republicano ao redor da candidatura do ex-presidente. “Isso vai dar mais força a campanha de Trump. Vejo poucas chances do partido democrata em reverter essa situação” diz o economista André Perfeito. “O candidato democrata Joseph Biden já estava fragilizado nos últimos dias e uma eventual troca de candidatura agora irá se encontrar prejudicada.” Segundo Perfeito, “atacar Trump neste momento pode apenas reforçar sua posição”.
Isso ajudou boa parte dos mercados. Os investidores tomam como parâmetro a política econômica do primeiro mandato de Trump, entre 2017 e 2021. Na presidência, ele foi rígido contra a imigração, reforçou o protecionismo e reduziu os impostos sobre as grandes empresas. Por isso, os principais índice acionários americanos fecharam em alta nesta segunda-feira (15) devido às expectativas de que medidas semelhantes sejam implantadas, o que beneficiaria as companhias de maior porte.
Para os especialistas, uma nova presidência de Trump provavelmente resultaria em uma política comercial mais agressiva, uma extensão dos cortes de impostos e desregulamentação em várias áreas, desde mudanças climáticas até criptomoedas.
“O atentado no sábado ampliou as apostas de vitória do republicano e reforçou o ‘Trump trade’”, avalia Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
Além disso, os investidores se animaram com declarações de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, de que não seria necessário esperar a inflação cair para a meta de 2% ao ano antes de começar a reduzir os juros.
Mercados emergentes
Ao contrário do que seria de se esperar, o evento, até agora, não desencadeou uma fuga para investimentos seguros como títulos do Tesouro americano e ouro. A reação inicial dos ativos de maior risco também foi moderada.
Porém, o impacto deve ser menos positivo para os ativos de mercados emergentes. “A semana começa com bastante aversão ao risco”, diz Cristiane Quartaroli economista-chefe do Ouribank. “Além do atentado contra o candidato no fim de semana, houve notícias ruins como o resultado fraco da economia chinesa e há preocupações com o desempenho fiscal no Brasil”, disse ela.
O dólar comercial encerrou a sessão em alta, puxado por um movimento global de valorização da moeda americana após o atentadoA pressão ficou concentrada em moedas de países de países emergentes mais sensíveis aos desenvolvimentos da política americana. O dólar à vista fechou em alta de 0,26%, a R$ 5,4451, após tocar a máxima intradiária de R$ 5,4768 e a mínima de R$ 5,4309. Já o euro comercial subiu 0,19%, a R$ 5,9342.
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O efeito macro de uma eventual vitória de Trump é mais perceptível no dólar. “Isso reflete o entendimento de que um novo governo do republicano traria uma política fiscal mais frouxa, via corte de impostos, enquanto a política comercial poderia trazer maior taxação contra outros países, o que desfavorece emergentes como o Brasil”, explica Nishimura.
O post Mercados: quem ganha e quem perde com o atentado contra Trump apareceu primeiro em Forbes Brasil.