Há exatamente um ano, a engenheira-agrônoma e doutora em tecnologia de alimentos, Thais Vieira, 51 anos, tomava posse de um cargo que desde 1901 era ocupado por homens: o de diretora da Esalq/USP, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, uma instituição de ensino superior bem posicionada entre os melhores cursos de ciências agrárias do mundo. “Sempre acreditei que os desafios de gestão eram iguais para homens e mulheres, mas, passado um ano no cargo, a experiência me mostra que não é bem assim”, diz ela. “Por mais que haja continuidade, houve uma ruptura que evidenciou meu tipo de liderança como mulher.”
A Esalq/USP, em Piracicaba, município a cerca de 160 quilômetros da capital paulista, é um complexo onde se concentram sete cursos de graduação – entre os mais famosos, estão agronomia, engenharia florestal e ciências dos alimentos – , além de 15 pós-graduações, incluindo uma internacional. A unidade já colocou no mercado cerca de 14 mil profissionais. O campus, de 3,8 mil hectares, recebe diariamente cerca de 2 mil estudantes e mil pós-graduandos. São 12 departamentos e 140 laboratórios. Thais conta que 2023 foi um ano cheio de desafios internos, de muito diálogo, “porque o que vale é o trabalho colaborativo”. “A Esalq/USP e suas especialidades devem estar na sociedade e fazer parte dela e das soluções. Essas relações são necessárias”, afirma. Não por acaso, desde que tomou posse, tem sido uma liderança demandada em vários eventos que não fazem parte da agenda acadêmica.
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Escolada e pedagógica – ela é livre- docente na USP desde 2013 –, Thais tem um currículo que passa pela Universidade da Califórnia, em Davis (EUA), e no Brasil pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), como pesquisadora da unidade Agroindústria de Alimentos, em Guaratiba (RJ), antes da academia. Mesmo assim, o que ela faz em constante processo é convergir ideias e construir projetos inovadores, como o Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCarbon), em março do ano passado, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
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Mas não é somente isso. O que ela quer é inovação com compartilhamento. Das 42 unidades de ensino da USP, foi das mãos de Thais que saiu o primeiro conselho consultivo de uma unidade da instituição. “O conselho Esalq/USP é de caráter opinativo, mas, com ele, se constroem aprendizados importantes”, diz ela. São 12 lideranças que a ajudam a pensar a Esalq/USP para os próximos 5 anos a 10 anos, mesmo que sua saída do cargo já esteja certa. Por força do estatuto da instituição, Thais deixa a diretoria em 2027. Para onde vai, depois? Ela desconversa, mas o que circula é que já há uma fila de interessados em suas expertises.
Veja quem são as Mulheres de Sucesso de 2024:
*Reportagem publicada na edição 116 da revista Forbes, em fevereiro de 2024.
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