Sou um pouco suspeito para falar de disciplina: para mim, começar o dia sem atividade física matinal já é um sinal de que algo está errado. Disciplina é mais do que um hábito; é um compromisso contínuo com minha saúde, meu time e minha família. No entanto, sabemos que manter uma rotina estruturada é desafiador, especialmente em tempos de incerteza e constante mudança.
Na nossa empresa, a virada do ano fiscal ocorre no final de maio, diferente da maioria das outras companhias. Entre maio e junho, revisamos nosso desempenho e planejamos o futuro. Esse período é intenso tanto física quanto mentalmente, exigindo um alto nível de comprometimento de todos. Este ciclo de revisão e planejamento ressalta a importância de uma abordagem disciplinada para garantir o sucesso contínuo.
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Percebo que a autodisciplina não é uma característica inata para a maioria das pessoas. Ao contrário da motivação, que geralmente vem de um estímulo externo, a disciplina é interna, exigindo dedicação, persistência e comprometimento. Manter-se focado não é fácil. Como presidente, preciso equilibrar meu trabalho, família, saúde e vida social, e isso requer um gerenciamento cuidadoso de prioridades. Às vezes, é necessário deixar de lado algumas tarefas para focar em outras mais importantes.
A disciplina traz inúmeros benefícios, mas como podemos integrá-la efetivamente em nossas vidas? Um modelo que considero útil é o modelo transteórico de mudança, desenvolvido por James Prochaska e Carlo DiClemente. Esse modelo identifica seis estágios de mudança comportamental:
Pré-contemplação: Não pensa em mudar.
Contemplação: Começa a considerar a mudança.
Preparação: Compromete-se com a mudança.
Ação: Implementa a mudança.
Manutenção: Consolida as novas práticas.
Término: Comportamentos se tornam frequentes e estáveis.
Embora pareça simples no papel, mudar um comportamento e estabelecer novos hábitos é uma tarefa árdua. A autodisciplina é crucial nos estágios finais deste modelo, sendo essencial para alcançar mudanças duradouras.
Em cenários incertos entra um fator importante para manter os hábitos: o autoconhecimento. Você precisa mapear e entender de que maneiras se esquiva dos bons hábitos e que outras atividades costumam priorizar como compensação. Até porque a maioria dos bons hábitos que são estruturantes para a sua disciplina costumam cair em conjunto. Por exemplo: atividade física, alimentação e sono. Se você equilibra bem esses três hábitos e deixa um deles cair, normalmente ele leva os outros dois. Mas se você se conhece bem o suficiente, percebe em que situações deixa um deles cair e pode se atentar mais para não permitir. Mas isso é treino. Cada vez que vier a situação adversa, identificar, fortalecer e recuperar. E entender que isso é uma baixa temporária que você pode recuperar em breve se se esforçar novamente.
Esta consciência pode se manifestar em várias áreas da vida: pessoal, relacionamentos, trabalho, alimentação, saúde mental, entre outras. Para muitos executivos, como eu, uma rede de apoio sólida é fundamental para se manter fortalecido. Minha família é meu porto seguro e minha principal fonte de motivação. Reconhecer e valorizar nossa rede de apoio é vital para mantermos a disciplina necessária para buscar constantemente a melhor versão de nós mesmos.
Alcançar uma rotina disciplinada é um desafio que depende de nossa determinação e da compreensão de que nossos esforços impactam aqueles ao nosso redor. Reconhecer o papel de nossa rede de apoio é crucial nessa jornada, pois ninguém alcança o sucesso sozinho.
Alexandre Maioral é presidente da Oracle Brasil.
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