A safra de trigo do Rio Grande do Sul de 2024 foi estimada nesta sexta-feira (28) em 4,07 milhões de toneladas, aumento de 55,27% ante o ciclo anterior, com expectativas de recuperação de produtividades após uma frustração climática na temporada passada, apontou levantamento da Emater.
Para o volume da safra, uma alta na produtividade deverá mais do que compensar a expectativa de redução do plantio do trigo, que perdeu algum espaço para a canola, que vem registrando ganhos econômicos adequados, disse a Emater.
Segundo o órgão de assistência técnica ligado ao governo gaúcho, a área plantada com trigo no Rio Grande do Sul em 2024 foi estimada em 1,3 milhão de hectares, queda de 12,84% ante safra anterior.
“A redução na área de plantio é justificada pelos baixos preços do cereal, pelos riscos climáticos e pela frustração econômica da última safra”, afirmou a Emater em boletim semanal.
“O trigo foi bastante prejudicado pelo clima no ano passado, especialmente no momento da colheita”, lembrou o diretor-técnico da Emater, Claudinei Baldissera, em referência a chuvas que afetam a qualidade.
Em uma coletiva de imprensa, ele explicou que a projeção de área plantada já contabiliza os efeitos do desastre climático do mês passado, acrescentando que os produtores plantarão menos por fatores de preços e relacionados ao seguro rural.
“Ainda que não houvesse calamidade, a área apontava para redução”, comentou, lembrando que após as enchentes o solo ficou prejudicado, com perdas de nutrientes, em várias áreas.
Segundo boletim semanal da Emater, “nas áreas com maiores volumes de precipitação, houve escorrimento superficial, carreando sementes e solos, além de acúmulo de terra sobre os sulcos de semeadura, o que provocou irregularidade no estande de plantas.”
Ainda assim, a Emater apontou ainda que a produtividade média prevista para o trigo do Estado é de 3.100 kg/hectare, elevação de 77,04% ante a safra anterior (IBGE), que foi muito prejudicada pelo clima.
O plantio de trigo no Rio Grande do Sul, que pode retomar a liderança na produção do cereal do Brasil, já está em andamento. Segundo o diretor-técnico, as importantes regiões produtoras de Santa Rosa e Ijuí estão “bastante avançadas na semeadura”.
Clima
Segundo o coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Climáticos do Estado, Flávio Varone, a previsão é de que o Rio Grande do Sul, após tantas adversidades climáticas, tenha um “inverno mais normal”.
“Vai ter gradativa redução da temperatura… vai ser bem característico”, disse ele durante o evento.
Contudo, a troca de normalidade climática para o La Niña “vai ser brusca” e pode ter diminuição das chuvas.
“Julho ainda deve ter chuva dentro da normalidade, a chuva deve começar a diminuir a partir de agosto”, comentou.
“Isso não quer dizer que não vai ter chuva, mas vai ter um espaçamento maior”, acrescentou, indicando que o cenário de precipitações é favorável ao trigo.
A partir de setembro, com a La Niña, que geralmente deixa o tempo mais seco no Sul do país, o especialista recomendou cautela. Ele citou também a possibilidade de geadas tardias com o fenômeno climático.
Canola
A Emater destacou que o cultivo de canola aumentará 74,35% no Estado em relação ao ano passado, para 134.975 hectares.
“A expansão das áreas de cultivo da oleaginosa nesta safra está diretamente associada aos resultados da safra anterior, aos ganhos econômicos satisfatórios e à redução das perspectivas de cultivo de trigo e, em parte, de milho em áreas irrigadas”, afirmou o boletim.
Segundo a Emater, produtores mencionam a necessidade de aumentar a lucratividade das unidades de produção, “justificando, assim, a substituição dos cultivos” pela oleaginosa.
“Houve aumento do interesse pela canola… e mercado está buscando a canola e está sendo viável, ela cabe bem nos tratos agronômicos de rotação de cultura, mas também na análise de rentabilidade”, reiterou Baldissera.
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