Ser ‘bom o suficiente’ supera o perfeccionismo; saiba o por quê

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Procurar a excelência pode impulsionar o crescimento pessoal e profissional, mas o perfeccionismo, frequentemente, leva ao estresse desnecessário, ansiedade e um sentimento constante de inadequação. É aqui que o conceito de ser “bom o suficiente” entra em jogo. Ele significa reconhecer e abraçar suas forças e limitações, definir metas realistas e encontrar satisfação em seus esforços e realizações sem a pressão incessante de ser impecável.

Diferentemente do perfeccionismo, caracterizado pelo medo do fracasso e a autocrítica excessiva, ser bom o suficiente foca no equilíbrio e na autoaceitação. Isso permite que as pessoas apreciem seu progresso e conquistas sem a pressão debilitante de atender a padrões irrealistas.

Perfeccionistas evitam contratempos, enquanto pessoas que buscam ser boas o suficiente abraçam novos desafios

Confira três maneiras de como a busca por ser bom o suficiente pode gerar impactos positivos, além de reduzir o estresse e a ansiedade.

1. Positividade e criatividade

Pesquisas sugerem que a afetividade positiva leva à criatividade, que, por sua vez, impulsiona a positividade. Abraçar a ideia de ser bom o suficiente abre a porta para uma mentalidade mais otimista e criativa, aliviando a pressão e o medo de cometer erros.

A criatividade floresce em ambientes onde a experimentação é incentivada e os erros são vistos como oportunidades de aprendizado. Sem a restrição do perfeccionismo, as pessoas são mais propensas a correr riscos e pensar fora da caixa, levando a soluções inovadoras e maneiras diferentes de pensar.

Por exemplo, artistas que abraçam o conceito podem descobrir novas técnicas e ideias, resultando em obras de arte únicas. Da mesma forma, funcionários que se sentem empoderados para serem bons o suficiente podem propor ideias não convencionais que impulsionam a inovação e a eficiência dentro de suas organizações.

Essa mentalidade pode transformar a maneira como as pessoas lidam com contratempos e desafios. Em vez de ver erros como falhas catastróficas, elas podem vê-los como partes integrais do processo de aprendizado. Essa resiliência não só aumenta o crescimento pessoal, mas também contribui para um ambiente mais colaborativo, onde as pessoas se sentem mais à vontade para compartilhar suas ideias.

2. Mentalidade de crescimento

Buscar ser bom o suficiente está intimamente alinhado com os princípios de uma mentalidade de crescimento. O conceito, popularizado pela psicóloga Carol Dweck, sustenta que habilidades e inteligência podem ser desenvolvidas por meio de dedicação, esforço e persistência.

Em contraste, uma mentalidade fixa sustenta que as habilidades são estáticas e imutáveis. Muitas vezes, perfeccionistas veem falhas como inadequações pessoais, mas aqueles que buscam ser bons o suficiente entendem os contratempos como indicadores de crescimento. Essa perspectiva reduz o medo do fracasso, permitindo que as pessoas enfrentem novos desafios com uma atitude positiva e disposição para aprender com os erros.

Um estudo de 2023 mostra que uma mentalidade de crescimento incentiva o auto aperfeiçoamento contínuo. Focar no progresso em vez da perfeição motiva as pessoas a desenvolverem suas habilidades e conhecimentos.

Em ambientes educacionais, estudantes com uma mentalidade de crescimento são mais propensos a abraçar matérias desafiadoras e perseverar em meio às dificuldades, o que leva a um melhor desempenho acadêmico e uma atitude mais positiva em relação ao aprendizado. No local de trabalho, funcionários que acreditam em sua capacidade de crescimento tendem a buscar oportunidades de desenvolvimento profissional, assumir novas responsabilidades e contribuir para o sucesso de sua organização.

Pessoas que abraçam essa mentalidade também são mais propensas a estabelecer metas realistas e dar mais passos para alcançá-las. Celebrar pequenas vitórias cria impulso e fomenta um senso de realização que alimenta o crescimento contínuo.

3. Relacionamentos e conexões sociais

Estudos indicam que o isolamento social é um problema comum entre pessoas com tendências perfeccionistas. Abraçar a ideia de ser bom o suficiente promove uma visão compassiva e realista de si mesmo.

Isso envolve reconhecer suas forças e conquistas ao mesmo tempo que reconhece suas limitações e imperfeições, sem uma autocrítica severa. A autoestima pode ficar mais estável e positiva, fundamentada na autocompaixão e no valor próprio, independente da validação externa.

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Confira como essa mudança de julgamento para autoaceitação pode levar a relacionamentos mais gratificantes:

Em relacionamentos familiares e íntimos, a mentalidade reduz a pressão de se provar, permitindo interações mais significativas. Isso leva a uma maior disposição para mostrar vulnerabilidade e conectar-se em um nível mais profundo, formando relacionamentos fortes e duradouros. A abertura leva a uma melhor comunicação, resolução de conflitos mais eficaz e confiança mútua.
Em ambientes profissionais, o conceito pode melhorar o trabalho em equipe e a colaboração. Tendências perfeccionistas podem levar ao microgerenciamento, falta de delegação e um ambiente de trabalho tenso. No entanto, quando os indivíduos aceitam que ser bom o bastante é, de fato, suficiente, eles são mais propensos a confiar em seus colegas, delegar tarefas de forma eficaz e trabalhar de forma colaborativa em direção a objetivos comuns. Essa abordagem não só melhora a dinâmica da equipe, mas também aumenta a produtividade e a satisfação no trabalho.

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A busca por ser “bom o suficiente” não é sobre se contentar com a mediocridade — é sobre adotar uma abordagem equilibrada e realista da vida. Em um mundo que frequentemente glorifica a perfeição, adotar a filosofia de ser bom o suficiente pode ser uma escolha poderosa e libertadora.

*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder. 

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