Argentino cria “Disney de las parrillas” e mira o mundo da carne

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Ezequiel Beneito, o argentino que ajuda a parrilla ser ainda melhor

Ezequiel Beneito, o argentino que ajuda a parrilla ser ainda melhorFamília, amigos e churrasco fazem parte da tradição argentina, que, para não se perder no tempo, continua a ser fortalecida e reinventada na arte de preparar carnes. Ezequiel Beneito, um empresário de Buenos Aires com muita experiência na área comercial, viu nessa tradição uma oportunidade quando, em 2013, tornou-se representante local da Weber, uma fabricante de grelhas com sede em Illinois, nos EUA, criando a Grill West, especializada em churrasqueiras e acessórios.

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Com o passar dos anos e alguns sucessos fortuitos, o negócio cresceu e hoje conta com três filiais na Argentina, duas nos EUA (na Flórida), e até o final de julho será lançada uma parceira estratégica no Paraguai, enquanto Beneito analisa também os mercados de Brasil, Chile e Israel.

“A Grill West surgiu da ideia de representar a marca internacional de churrasqueiras Weber, depois que fiz uma viagem para Chicago e vi a reação do mundo diante da maneira de fazer fogo e assar carne à moda Argentina. Faltava um negócio para colocar em prática muitas ideias que eu tinha naquela época. As grelhas, até então, eram vendidas em lojas de construção e móveis, junto com ferragens e estantes, ou encontradas escondidas em meio aos diversos artigos de algum comércio”, diz Beneito.

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“Não havia variedade tampouco. Ao decidir representar a Weber, percebi a necessidade de criar um espaço onde pessoas apaixonadas por carne tanto quanto eu pelo fogo poderiam se sentir na ‘Disney das Parrillas’”, contou ele em entrevista à Forbes.

O empresário, que antes tinha um negócio de informática, decidiu que queria criar um mega espaço onde houvesse muita variedade de produtos para os amantes de um bom churrasco. “Era necessário e, quando contei aos amigos que iria incluir também churrasqueiras americanas, eles deram risada. Achavam que um argentino só poderia vender churrasqueiras a gás ou móvel. Ninguém queria entrar no negócio comigo. Só meu atual sócio que confiou no projeto e deu o primeiro pontapé necessário para entrar no mercado e realizar esse sonho”, diz ele.

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Segundo Beneito, o momento em que participou da sua primeira reunião anual da Weber, em Chicago, foi como fazer uma viagem para o futuro e voltar. Lá, ele conheceu produtos que ainda levariam anos para chegar ao mercado argentino, onde as pessoas, apesar da tradição de assar carnes, não sabem muito sobre churrasqueiras a gás, Kamados (forno de cerâmica de origem japonesa), acendedores elétricos, entre outros.

“O desafio era muito grande, mas estava convencido de que os produtos eram bons e teriam lugar em um país onde as pessoas consomem muito churrasco, onde a carne se destaca na mesa.” Confira a seguir, a entrevista:

Forbes: Quais foram as principais medidas ao iniciar o negócio?

Ezequiel Beneito: A primeira foi criar um espaço dedicado apenas à cozinha e acessórios para churrasco, com todo tipo de churrasqueiras, a carvão, gás, elétrica, em um ambiente bem decorado e localizado na melhor zona de Buenos Aires, onde 90% das casas possuem pátio ou jardim, para incentivar os consumidores a adquirir produtos premium. Desde então, o catálogo vem crescendo.

F: Que estratégias utiliza para o negócio crescer?

EB: O principal é que fui um pioneiro. Foco muito na comunicação e redes sociais. Dedicamos muito tempo e trabalho à divulgação das marcas. Trabalhamos apenas com produtos de alta qualidade e temos bons feedbacks. Para garantir clientes, tentamos ‘educá-los’ e corresponder às suas expectativas.

Durante a pandemia, percebemos que, seguindo o caminho da digitalização, podemos dar o melhor suporte e aprofundar o papel que temos no mercado. Foi o boom da gastronomia caseira.

F: Como surgiu a ideia de ir para os Estados Unidos?

EB: Temos três lojas na Argentina. Ao pensar em promover uma variedade maior de produtos, começamos a fantasiar a expansão para além do país. Começamos com vendas na web, que cresceram constantemente. Em junho de 2021, estava de férias nos EUA com minha esposa e contrai o coronavírus. Nesse período, aproveitei para fazer um estudo de mercado e sobre a possibilidade de abrir em Miami um armazém onde as pessoas pudessem ver e comprar nossos produtos.

F: Quais foram os principais desafios nos Estados Unidos?

EB: Desafios? Muitos! É um mercado completamente diferente. Os EUA são o país do “sim”, enquanto a Argentina é o país do “não”. Hoje, tenho orgulho de que os norte-americanos entendem as parrillas argentinas e preparam assados tipicamente argentinos. E passamos a conhecer cada vez mais os EUA.

A primeira grande diferença é que para nós, argentinos, o churrasco é um plano, e para os norte-americanos, um caminho. Eles nem se sentam à mesa e tudo vai ficando por ali mesmo. Enquanto nós, Argentinos, quando fazemos um churrasco ele dura pelo menos quatro horas, com tempo para a família e amigos, além da comida.

F: Quanto cresceram em 2023?

EB: Os resultados têm sido sempre positivos, considerando a economia da Argentina. Nos EUA é onde crescemos mais.

F: As lojas são próprias ou em sistema de franquia?

EB: No momento são todos próprios, exceto pela unidade no Paraguai, onde temos um parceiro estratégico. Mas estamos planejando franquear e trabalhando nisso para o futuro.

F: Qual é o plano de crescimento para o próximo período?

EB: Queremos abrir lojas na Europa e desenvolver a operação em novos países, como Chile, Israel e Brasil. Além disso, pretendemos iniciar com as franquias na Argentina e finalizar o projeto completo que inclui um espaço para cursos. Também temos o lançamento de um livro brevemente.

F: Por que expandir os negócios primeiro para o Paraguai?

EB: Meu parceiro neste país é tão apaixonado pelo fogo quanto eu, e já tinha um negócio de parillas bem consolidado. Duas marcas que haviam se estabelecido no Paraguai já haviam recomendado o Grill West para seu projeto. Foi assim que um dia, sem falar nada, surgiu um cliente misterioso em nosso evento de Assumpção, e eu fiquei surpreso. Portanto, não é difícil entender porque compartilhamos nossa paixão por esse trabalho.

F: Quais são os planos de expansão para outros mercados?

EB: O mais difícil é encontrar um parceiro estratégico em cada país, com a mesma ideologia de negócio e cliente que a nossa. A Argentina é conhecida mundialmente por seu churrasco típico, mas sabemos que há outros tipos, como o dos Estados Unidos.

F: Qual é o core do negócio?

EB: O fogo para a carne, sem dúvida nenhuma. Estamos no negócio do fogo: churrasqueiras, fogões e aquecedor.

F: Há alguma história que gostaria de compartilhar, ou alguma celebridade entre seus clientes que vale mencionar?

EB: Muitas. E há muitos argentinos e esportistas famosos entre os clientes. Como torcedor do River que sou, um dia apareceu o (ex-jogador de futebol) Ramón Díaz, não acreditei. Também o (CEO do Mercado Livre e o argentino mais rico do mundo) Marcos Galperin. Quase fiquei sem voz quando tive que explicar a ele os benefícios de trabalhar com o Mercado Pago. Para mim, Díaz é um grande exemplo de empreendedor.

Mas a história mais maluca foi no ano passado, quando diretores das duas maiores lojas de churrasqueiras do mundo nos visitou. A loja se chama Santos Grills e fica em Colônia, na Alemanha. Eu já havia a visitado há alguns anos, é um lugar inspirador. Para mim, foi um orgulho e enorme surpresa. (*Reportagem publicada originalmente na Forbes Argentina)

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