Os Campos Gerais do Paraná é uma das regiões que mais produz cevada no país. Não à toa, esse plantio paranaense abastece parte da demanda da Ambev, o maior grupo cervejeiro do país. Depois de abrir uma fábrica de latas e uma processadora da bebida em Ponta Grossa, a 20 km dali, em Carambeí, a Ambev deve inaugurar até 2025 uma fábrica de vidros para envasar suas cervejas. Carambeí e Ponta Grossa estão entre os principais municípios dos Campos Gerais, juntamente com Castro, Jaguariaíva, Palmeira, Piraí do Sul, Sengés, Telêmaco Borba e Tibagi.
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Com investimento de R$ 870 milhões, a fábrica de vidros fecha um ciclo da cervejaria no estado, do campo ao copo, um projeto que já tem 80% de sua infraestrutura pronta. Durante toda esta quinta-feira (13), um grupo de diretores em cargos c-level na companhia estarão no Paraná para uma missão: um evento com a comunidade local, que deveria ter sido feito lá atrás, quando o projeto greenfield foi anunciado. Mas, mais do que isso, a fábrica paranaense faz parte da estratégia da Ambev para turbinar sua oferta de cervejas premium.
“Marcas premium e super premium cresceram na faixa de dois dígitos baixos, lideradas pela Corona, que cresceu mais de 70%, Spaten e Original. E pelo quinto trimestre consecutivo, estimamos ter ganho participação de mercado dentro das marcas premium”, disse Jean Jereissati, CEO da companhia.
A Ambev é dona de 38 marcas, das premium acima, entre outras, às popularíssimas Skol, Brahma e Antarctica. A empresa faturou no ano passado R$ 79,7 bilhões, valor mais do que dobrado em uma década. Em 2013 eram R$ 34,8 bilhões. Neste ano, o primeiro trimestre registrou uma receita líquida de R$ 20,3 bilhões, com “desempenho impulsionado pelo crescimento da receita líquida por hectolitro, de 4,3%”, informou a companhia no dia 8 de maio.
Os investimentos com vistas ao aumento da capacidade de produção das premium se aceleraram no ano passado, quando foi anunciada a aplicação de R$ 1 bilhão no segmento, juntando as operações também do Maranhão, Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí e Goiás. A empresa não divulga o volume de cerveja premium produzida, mas diz que o portfólio de vendas cresceu 25% na comparação com 2022.
De 2019 até agora, os dados são ainda mais vistosos: a alta foi de 200%. A marca Spaten, quintuplicou suas vendas desde 2021, quando foi lançada no Brasil. A Corona, marca de cerveja mais valiosa do mundo, segundo a Brand Finance, tem o país como o seu segundo maior mercado. No primeiro trimestre deste ano, suas vendas cresceram 70% em volume na comparação com igual período de 2023.
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No ano passado, o setor cervejeiro brasileiro produziu 15,4 bilhões de litros, de acordo com a plataforma de pesquisa de mercado Euromonitor International, no início de junho. Parte desse aumento vem das premium, o que mostra uma mudança de padrão de consumo para cervejas puro malte ou mistas. Outro dado recente, apresentado na semana passada pelo Anuário da Cerveja no Brasil 2024, mostra que o país conta com 60.334 marcas de cerveja registradas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária (Mapa), 10,2% acima de 2022.
Essa demanda do consumidor estimula a produção de cevada, criando um círculo virtuoso no campo. A Ambev tem parceria com 3 mil produtores de cevada no Paraná, donos de 150 mil hectares cultivados e 330 mil toneladas produzidas por safra. A atividade impacta 12 mil pessoas na região. A Ambev também tem parceria com produtores do cereal no Rio Grande do Sul, onde possui duas maltarias.
A empresa também tem maltaria no Paraná, além de parceria com a Cooperativa Agrária, sediada no distrito de Entre Rio, em Guarapuava (PR), e com 728 produtores cooperados. A Agrária Malte atende cerca de 30% da demanda do insumo no país. Matéria-prima do malte e cultivada no inverno, a estimativa nacional é produzir 454,8 mil toneladas de cevada em 120,1 mil hectares, na safra 2024, 16,3% acima de 2023. No Paraná, a área da cultura cresceu 40% em quatro safras.
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A nova fábrica de vidros da Ambev vai abastecer a demanda dos envasamentos da bebida nas regiões Sul e Sudeste do país. Uma garrafa retornável de 600ml, por exemplo, pode ir para o mercado e voltar para a fábrica 20 vezes, em média, diminuindo a geração de resíduos no meio ambiente. A reciclagem de vidros será feita em parceria com empresas de logística reversa e cooperativas.
“Será uma fábrica inovadora e sustentável, que vai operar desde o início com 100% de energia renovável e produzirá as garrafas a partir da reciclagem de cacos de vidro, com uma operação de logística reversa importante para o meio ambiente”, diz Jereissati. “O Paraná, que é um estado extremamente relevante para o nosso negócio, ganhará uma das nossas fábricas mais modernas e tecnológicas, com equipamentos de ponta para produção de garrafas de diversas cores e formatos, um diferencial a longo prazo.” A nova fábrica deve operar com energia elétrica renovável e será preparada para operar com biocombustíveis também.
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