A agropecuária é um dos setores mais importantes da economia argentina. Segundo o último relatório da Fada (Fundação Agrícola para o Desenvolvimento da Argentina), o campo contribuiu com mais de 23% do PIB (Produto Interno Bruto) do país em 2023, ou seja, cerca de US$ 124 bilhões (R$ 651 bilhões, na cotação atual).
Desse total, a maior parte veio da atividade agrícola, que gerou 15,3%. Em seguida, a pecuária, com 12,2%; serviços primários, 1,7% da contribuição; e pesca, cerca de 1,2% do total.
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Nos últimos 20 anos, a participação da economia rural esteve sempre acima de 20%, com média de 23% e pico de quase 27%. Basicamente, US$ 1 (R$ 5,20) a cada US$ 4 (R$ 20,80) do PIB veio das cadeias do agronegócio.
Levando em conta sua relevância, muitos rentistas e investidores têm interesse no setor para obter benefícios econômicos, mas acreditam que, para isso, seriam necessários aportes milionários. Erro grave. No mercado argentino, são negociados múltiplos instrumentos financeiros que permitem investir no campo de maneira simples e com pouco dinheiro.
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“Hoje, existem diferentes plataformas digitais que dispensam sair e comprar um hectare próprio e produzir. Há fundos que permitem entrar com um capital mínimo e integrar-se à cadeia de valor agrícola e pecuária”, diz Omar de Lucca, consultor econômico e diretor financeiro da Agropecuaria Surmax, empresa especializada no setor com sede em Buenos Aires.
Esses trustes financeiros funcionam de uma forma semelhante aos mutuais: a sociedade gestora capta o capital de vários participantes e o reinveste em determinadas atividades para gerar lucro, que é distribuído periodicamente.
Nesses casos, é importante ter em mente que geralmente não são colchões de muita liquidez. “Como são fundos fechados, as cotas não podem ser resgatadas em nenhum momento, como poderia ser feito em fundos abertos. Ou seja, o investimento deve ser mantido até a data de saída previamente estipulada no prospecto, sem possibilidade de resgate antecipado”, esclarece Matías Kostendt, consultor de patrimônio da também portenha Bull Market Brokers.
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Para fazer uma boa escolha, De Lucca recomenda buscar referências de cada empresa, seu histórico no mercado e vantagens competitivas. “É sempre bom pedir aconselhamento personalizado à empresa, conhecendo quem está por trás da plataforma. A importância do atendimento personalizado faz com que o potencial investidor se sinta mais confiante e decida rapidamente”, afirmou De Lucca.
Por outro lado, investidores mais agressivos podem investir diretamente em algumas empresas que fazem parte da cadeia agroindustrial, por meio da compra de ações.
“No mercado local, há ações disponíveis de grandes operações como Cresud, San Miguel, Molinos Agro, Agrometal, Ledesma, Carlos Casado, Juan Semino, entre outras”, diz Kostendt, acrescentando à lista também a Cedears, Bioceres e Adecoagro.
É preciso também, segundo ele, ter muito cuidado com a liquidez. “Embora o setor agrícola seja muito produtivo e o principal gerador de divisas que entra na Argentina, algumas dessas empresas não têm liquidez suficiente para operar os papéis – se quiserem investir uma soma significativa de dinheiro –, razão pela qual se sugere investir aos poucos, e o mesmo vale para o desmantelamento de posições para mitigar a volatilidade dos preços”, afirma Kostendt.
Na bolsa local, também é possível adquirir títulos emitidos por determinadas empresas do setor agrícola, como a Cresud ou San Miguel, por exemplo, que podem ser em dólar ou atrelados ao dólar, dependendo do ativo específico.
O post Quer apostar no agro da Argentina? Investidores mostram o caminho apareceu primeiro em Forbes Brasil.