Cresce a rejeição de chineses como donos de terras nos EUA

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Os críticos da presença da China nos EUA têm afirmado que o país asiático está comprando quantidades excessivas de terras agrícolas norte-americanas. “Como presidente, farei tudo o que estiver ao meu alcance para forçar a China a vender cada centímetro de terra que possui”, escreveu a ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, durante uma de suas  manifestações públicas no ano passado.

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No entanto, na semana passada, um relatório da Universidade de Cornell, em Ithaca, no estado de Nova York, diz que a quantidade de terras em poder dos chineses não é tão grande como alguns políticos fazem parecer.

Os países classificados pelo governo federal como “adversários”, como a China, detinham apenas 1% dos cerca de 16 milhões de hectares de terras agrícolas de propriedade estrangeira em 2020, informaram o professor assistente Wendong Zhang e seus colaboradores. A pesquisa foi baseada em um conjunto de dados federais de mais de 40 mil investimentos estrangeiros em terras agrícolas dos EUA.

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Universidade de Cornell levantou a presença de produtores chineses com terras nos EUA

O vizinho Canadá liderou a lista dos principais países estrangeiros, em termos de extensão de terras agrícolas dos EUA. Detinha cerca de um terço, grande parte das quais eram florestas no Maine e Michigan – dois estados que fazem fronteira com o Canadá, disse Cornell em um relatório na quarta-feira (1).

Os EUA, na esfera federal, não proíbem a propriedade de terras estrangeiras, observou Cornell. No entanto, a Lei de Divulgação de Investimentos Estrangeiros Agrícolas, de 1978, exige que os investidores estrangeiros que adquiram, transfiram ou detenham interesses em terras agrícolas dos EUA – incluindo arrendamentos de 10 anos ou mais – reportem essas participações e transações ao secretário da agricultura, afirmou. Atualmente, 24 estados têm restrições à propriedade estrangeira de terras, mas as restrições de cada estado variam, de acordo com o relatório.

Vale registrar que no final de 2021, a área cultivada controlada pela China era inferior a 160 mil hectares (400 mil acres), e a China ocupava o 18º lugar entre as nações estrangeiras em termos de extensão das terras dos EUA (embora o 8º no valor da terra). Em extensão, depois do Canadá vem Países Baixos, Itália, Reino Unido e Alemanha.

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“Fiquei interessado nisso, especialmente sobre a posse chinesa de terras agrícolas dos EUA, por causa da atenção política que vem recebendo”, disse Zhang. “E há um aumento na legislação estadual, no Texas, Flórida, Indiana e outros lugares. Queríamos analisar os fatos, dada a disseminação de boatos.”

“Definitivamente há motivos para mais escrutínio e mais preocupação” nas compras estrangeiras de terras agrícolas dos EUA, disse Zhang. “A percentagem

de terras pertencentes a estrangeiros aumentou significativamente nos últimos 20 anos, mas ainda assim a percentagem global é bastante baixa.” Zhang é coautor de “Mapeando e Contextualizando a Propriedade Estrangeira e o Arrendamento de Terras Agrícolas dos EUA”, que aparece no 2024 Journal of the American Society of Farm Managers and Rural Appraisers.

Os investidores chineses incluem, nomeadamente, o WH Group, controlado pelo bilionário Wan Long, que em 2013 comprou a Smithfield Foods, com sede na Virgínia, o maior processador e produtor mundial de carne suína. Posteriormente, em 2017, a Smithfield comprou a Clougherty Packing of California, da Hormel Foods.

Este ano, o bilionário chinês Chen Tianqiao foi alvo de investigações, depois de ficar em 82º lugar na lista dos 100 maiores proprietários de terras da América do Land Report, depois de ter comprado 80,1 mil hectares de áreas florestais no Oregon, um negócio fechado em 2015.

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A Shanda Asset Management, que pertence a Chen, disse em um comunicado em janeiro que havia “procurado cumprir rigorosamente todos os requisitos legais e normas processuais para aquela compra. A empresa, então, solicitou imediatamente uma revisão da potencial aquisição pelo Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (CFIUS), responsável pelo monitoramento e investigação de fusões e aquisições de empresas americanas por investidores estrangeiros, com base nas implicações para a segurança nacional. Após um exame minucioso, o CFIUS concluiu a sua análise sem qualquer consideração sobre preocupações de segurança nacional.”

“A empresa Shanda é a orgulhosa proprietária e administradora desta terra e, nos últimos oito anos, deu continuidade às operações madeireiras e se concentrou em garantir a saúde da floresta”, afirmava a nota. A esposa de Chen, Chrissy Luo, cofundadora, presidente e vice-presidente do Grupo Shanda, é membro do Conselho de Curadores da Academia de Ciências da Califórnia e do Conselho de Liderança da China no 21st Century China Center, da Universidade da Califórnia, em San Diego.

O arrendamento de longo prazo é o principal motor do aumento dos interesses estrangeiros nas terras agrícolas dos EUA, e muitas transações estrangeiras estão, na verdade, relacionadas com o desenvolvimento de energias renováveis, observou também o levantamento da Cornell University.

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