Remédios para perda de peso não afetarão lucros, afirma CEO da Nestlé

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Mark Schneider, da Nestlé, é um pivô otimista da indústria alimentar em relação ao uso de Ozempic

A suíça Nestlé está entrando no lucrativo mercado de medicamentos para emagrecimento, para atender às “mudanças” das necessidades nutricionais de seus consumidores, anunciou Mark Schneider, CEO da empresa sediada na Suíça, nesta quinta-feira (30). Ele é um pivô otimista da indústria alimentar em relação às terríveis previsões iniciais sugerindo que remédios muito populares, como o Ozempic, Mounjaro e Wegovy, abocanhariam os lucros da Nestlé.

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Quando esses medicamentos, também conhecidos como GLP-1, realmente começaram a decolar, o setor alimentício e seus investidores temiam que as pessoas passassem a comer menos, afetando os lucros das empresas agroalimentares no processo, disse Schneider em entrevista à rede norte-americana CNBC.

Na visão do executivo, desde então, o receio de crise se tornou uma oportunidade. Segundo ele, as demandas nutricionais dos usuários desses medicamentos estão “apenas mudando”, em vez de desaparecer completamente.

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“Os consumidores ainda têm necessidades nutricionais, mas elas podem ser diferentes de quem não se encontra em regime de perda de peso”, afirmou Schneider, observando que os usuários de GLP-1 devem ter cuidado para garantir que há nutrientes e vitaminas suficientes nos alimentos que consomem, assim como proteínas o bastante para reter a massa muscular.

Schneider disse, também, que diferentes necessidades daqueles que fazem dieta com fármacos abrem, inclusive, uma grande oportunidade de mercado para companhias como a Nestlé, que, segundo ele, tem planos robustos para responder ao que rapidamente se tornou uma “grande tendência de consumo”.

Disse, ainda, que a Nestlé tem um “objetivo ambicioso” de atender a essa necessidade, promovendo “produtos complementares” mais saudáveis, o que inclui Vital Pursuit, a nova linha de alimentos congelados da empresa, voltada justamente para os usuários de GLP-1 e com lançamento previsto para o final do ano. A empresa lançará “ofertas complementares”, embora não tenha indicado quais serão ou quando poderão ser lançadas.

Cada um com seu alimento

Schneider ponderou que as novas linhas de produtos direcionadas aos usuários de drogas GLP-1 serão uma “adição” ao avanço da indústria de alimentos e bebidas, e não seu único foco. “Lembre-se, haverá muitos consumidores por aí que não seguem uma dieta com GLP-1”, disse ele. “E há muitas situações em que um lanche e um produto de chocolate ainda podem ser de grande interesse.”

Boa parte desses produtos, voltados para quem está de dieta, provavelmente “fará muito sentido para os consumidores (dos medicamentos)”, em qualquer tipo de tratamento para perder peso. “São os mesmos fundamentos: você quer ter certeza de que está perdendo gordura e não massa muscular, e também de que não desenvolverá nenhuma deficiência de vitaminas”, afirmou.

Embora a indústria farmacêutica sempre tenha obtido muitos lucros com remédios anteriores ao Ozempic, a classe ascendente de medicamentos chamados agonistas de GLP-1 foi uma revolução do setor nos últimos anos.

Isto se deve em grande parte à sua facilidade de uso e eficácia incomparável. Ao imitar a ação de um hormônio intestinal envolvido na regulação do apetite e do açúcar no sangue, esses medicamentos oferecem um grau de perda de peso anteriormente inatingível, exceto por meio de cirurgia. Pesquisas indicam que eles também podem ajudar em uma infinidade de outras condições, incluindo o sono, apneia, dependência, ansiedade, mal de Parkinson e doenças renais.

Atualmente, os GLP-1 são autorizados para o tratamento de diabetes, problemas cardiovasculares e obesidade. Titãs da fabricação, os laboratórios dinamarquês Novo Nordisk (Ozempic e Wegovy) e norte-americano Eli Lilly and Company (Zepbound e Mounjaro), que produzem os princípios-ativos semaglutida e tirzepatida, dominam o mercado. Hoje, eles são especialistas que antecipam tecnologias e tudo indica que continuarão derrotando seus rivais de mercado por algum tempo, apesar da escassez crônica dos produtos nas farmácias.

A indústria agroalimentar, entre elas a Nestlé, bem como outros setores relacionados à questão nutricional, inicialmente teve medo de que a popularidade crescente dos medicamentos prejudicasse suas vendas. Mas o impacto a longo prazo ainda não se comprovou.

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