A Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC, na sigla em inglês) entrou com uma ação judicial para barrar a fusão de duas grandes redes de supermercados, a Kroger e a Albertsons. A audiência acontecerá em agosto.
As justificativas do órgão são absurdas. Ele alega que a combinação prejudicará os consumidores com preços mais altos e opções inferiores e menos variadas, além de lesar os trabalhadores com salários mais baixos e condições de trabalho piores.
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Se levasse em conta o que diz a FTC, você acharia que as duas empresas dominam o ramo de supermercados. Na verdade, ambas estão tentando sobreviver em um mercado fortemente competitivo e em rápida mudança.
O que é incrível é que, para evocar um caso de possível monopólio, a FTC ignora grande parte do setor. O Walmart é a maior rede de supermercados dos EUA. A Amazon é proprietária da Whole Foods, multibilionária varejista de alimentos de primeira linha. Nenhuma das duas companhias entra nos cálculos da FTC. O mesmo vale para a Aldi, que vende alimentos por preços baixos e é caracterizada pela agilidade e o rápido crescimento. A FTC desconsidera grandes varejistas como Sam’s Club e Costco.
Atualmente, os americanos compram alimentos e produtos domésticos em uma enorme variedade de fornecedores, como Target, Trader Joe’s e Dollar General. Passam agora muito menos tempo na cozinha do que nos anos anteriores, o que significa que os supermercados tradicionais oferecem hoje refeições prontas, concorrendo com lanchonetes de fast food e restaurantes informais.
As margens de lucro dos supermercados são exíguas, geralmente inferiores a dois centavos por dólar.
A FTC age como se ainda estivéssemos em 1970. Os tribunais deveriam descartar esse processo, totalmente equivocado, e obrigá-la a pagar as custas judiciais.
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Ao mesmo tempo, porém, todo esse processo deveria ensejar um olhar atento a todo o conceito de antitruste. Esse movimento surgiu no final do século 19, quando os norte-americanos estavam genuinamente preocupados com a ascensão de empresas que atingiam tamanhos antes inconcebíveis. Ser grande era visto como algo ruim, e esses trustes, como eram chamados na época, pareciam ameaçar a própria democracia. Foi estabelecido o precedente de que o governo deveria, em determinadas circunstâncias, desmembrar ou impedir certas combinações de empresas.
O critério usado nos últimos tempos é se, por si só, o tamanho de uma aquisição proposta prejudicaria os consumidores. Em caso negativo, tudo bem.
A FTC e a divisão antitruste do Departamento de Justiça bloquearam ou tentaram bloquear uma série de fusões. Por exemplo, a proposta de aquisição da problemática Sprint pela Jet Blue foi vedada, embora fosse dar origem a uma companhia aérea que seria apenas a quinta maior dos EUA. O mesmo vale para os parques de diversões Six Flags e Cedar Fair.
Um fato mais censurável é que a FTC freou a reaquisição da Grail pela Illumina, retardando, assim, o avanço e o uso de exames para detecção precoce de cânceres letais antes do surgimento dos sintomas.
Os livres mercados são os melhores destruidores daquilo que parece ser monopólio. Gigantes aparentemente inabaláveis, como GM, IBM, Microsoft e Walmart, acabaram enfrentando concorrentes que lhes ensinaram lições de humildade.
(Reportagem publicada na edição 117º da Revista Forbes, acessível no aplicativo na App Store e na Play Store, no site da Forbes e na versão impressa)
O post Steve Forbes: por que o conceito de antitruste deve ser descartado? apareceu primeiro em Forbes Brasil.