‘Furiosa: Uma Saga Mad Max’ tem ótimos momentos, mas acaba decepcionando

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Anya Taylor-Joy como personagem principal em “Furiosa: Uma Saga Mad Max”

Mães mortas têm motivado personagens de filmes modernos desde que Walt Disney traumatizou crianças em 1942 com Bambi. Esse clichê tem sido consistentemente utilizado nos últimos 80 anos e serve como o pano de fundo para a protagonista de “Furiosa: uma saga Mad Max”, de George Miller, que estreia nos cinemas nesta quinta (23). 

Originalmente interpretada por Charlize Theron em “Mad Max: Estrada da Fúria” (2015), Anya Taylor-Joy assume o papel da jovem Furiosa no prequel e faz o melhor que pode com uma personagem pouco desenvolvida – depois de um filme que foi sucesso de crítica e bilheteria. 

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“Estrada da Fúria” foi um fenômeno quando chegou às telonas quase uma década atrás. O filme arrecadou US$ 380 milhões contra um orçamento de US$ 150 milhões, foi indicado a 10 Oscars e ganhou seis. Foi aclamado por seu compromisso com o trabalho de dublês prático com mínima alteração ou aumento das situações com o uso de CGI. O design de produção optou pelo realismo cru em vez da beleza estética, e foi um retorno bem-vindo a um universo cinematográfico que não visitávamos desde “Mad Max: Além da Cúpula do Trovão” (1985), o desfecho da trilogia original. Em um deserto de sobrecarga de CGI dos filmes de herói, “Estrada da Fúria” foi um oásis de ação.

Então, por que “Furiosa: uma saga Mad Max” parece o primo plástico e retocado de “Estrada da Fúria”? Todos os truques de edição estão em plena exibição. Durante quase a primeira hora do filme, a  computação gráfica domina a ação com seu caos brusco e sem peso. E então algo extraordinário acontece. 

A melhor sequência de ação de 2024 explode na tela. É um clássico cenário de “Mad Max”: um grande caminhão-tanque carregando combustível pelo deserto pós-apocalíptico é atacado por um comboio de motocicletas e saqueadores de parapente. A névoa de CGI se dissipa, e os raios do verdadeiro cinema brilham. O público é brindado com uma ação coreografada à moda antiga, nítida e precisa, e é glorioso de se ver. 

Se você assistir aos primeiros 45 minutos de “Furiosa” e pensar que “Estrada da Fúria” foi de alguma forma um acaso, o roteirista/diretor George Miller lhe dá um tapa na cara com essa cena. “Furiosa” pega esse impulso de adrenalina e cavalga por um terço do filme antes de retornar à ação tediosa e carregada de CGI em seu primeiro terço.

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Com exceção de Tom Burke, que está perfeito como Praetorian Jack, o novo longa sofre por ter um elenco de caricaturas em vez de personagens reais. Chris Hemsworth como Dr. Dementus prova que é charmoso demais para interpretar o vilão e o objeto da vingança de Furiosa – não é um bom sinal em um filme de vingança quando você fica triste ao ver o vilão se dar mal. Sua atuação parece pertencer a uma versão mais cômica deste filme.

Anya Taylor-Joy é sempre uma presença interessante na tela, mas a personagem de Furiosa permanece um enigma. O objetivo de um prequel é fornecer a história de fundo e a motivação para um personagem que era amplamente enigmático no filme anterior. Em vez disso, aprendemos que Furiosa é um Bambi vestido em roupas de couro, só isso. Seus olhares misteriosos começam a parecer vazios.

Dada a diferença de idade entre Taylor-Joy e Charlize Theron, presume-se que haveria teoricamente outro filme entre “Furiosa” e “Estrada da Fúria”. Em vez disso, Miller escolhe terminar o mais recente onde o anterior começa. Críticos de continuidade podem olhar torto para as muitas maneiras em que isso não faz muito sentido. 

Mas o maior problema de “Furiosa” é um só: a personagem é entediante. Muito se falou sobre Anya Taylor-Joy ter cerca de trinta palavras de diálogo no filme. Infelizmente, isso é uma desvantagem. Uma conversa real entre Furiosa e Praetorian Jack ou Dr. Dementus poderiam ter dado mais coração ao filme. Da forma como se apresenta, os personagens apenas servem para preencher o espaço entre sequências de ação que foram (em sua maioria) melhores no filme anterior.

Se você é fã dos filmes de Mad Max, sem dúvida será entretido. Se você está procurando uma visão mais profunda da personagem que dá nome ao longa, ficará decepcionado com sua origem previsível e superficial.

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