Mercado de máquina agrícola no RS parou após enchentes, diz Anfavea

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As vendas de máquinas agrícolas no Rio Grande do Sul paralisaram em meio ao desastre ambiental vivido pelo Estado neste mês, quando cidades foram devastadas por enchentes históricas, afirmaram representantes do setor nesta terça-feira (21).

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O Estado representa cerca de 7,5% das vendas e da produção de máquinas agrícolas do Brasil, afirmou o presidente da associação de montadoras, Anfavea, Marcio de Lima Leite, em entrevista a jornalistas.

“Está praticamente parado esse mercado”, afirmou o executivo. “As empresas estão administrando com o estoque que têm. Até agora não foi um problema tão dramático, uma vez que as empresas (fabricantes de máquinas) estão conseguindo se organizar com alguns itens de estoque”, acrescentou.

Mas a situação segue nebulosa, afirmou a vice-presidente da Anfavea para máquinas agrícolas, Ana Helena de Andrade. “Até sexta-feira passada continuava chovendo. Tinha muitos ventos impedindo o escoamento da água e o escoamento maior começou a ocorrer apenas a partir desta segunda-feira.”

Segundo Leite, está até difícil acessar essas empresas. “Algumas delas, alguns concessionários, a gente sequer sabe a profundidade do que aconteceu e muitas vezes nem eles mesmos sabem.”

A situação varia desde fabricantes de máquinas parados por problemas diretos com as chuvas, até aqueles com dificuldades em ter acesso a fornecedores que foram impactados pelas águas ou por destruição de vias de transporte.

“São quatro fornecedores que temos acompanhado mais de perto que têm dificuldade de produção mesmo. Porque houve alagamento em fábrica, outros tem questões logísticas”, disse o presidente da Anfavea.

O Rio Grande do Sul tem forte presença de agricultura familiar, segmento que tem menos força para aquisição de máquinas e equipamentos em comparação com Estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde predomina o agronegócio com mais capital para investimentos.

Questionado se os produtores rurais gaúchos vão precisar de incentivos adicionais para reporem seus equipamentos, Leite afirmou que “sem dúvida será necessário um plano de financiamento para os produtores de lá… estamos trabalhando diretamente na ajuda deste plano com o governo”, acrescentou.

Segundo a Anfavea, 4% a 11% dos fornecedores da indústria de máquinas agrícolas do Brasil estão situados no Rio Grande do Sul.

Por sua vez, o presidente da fabricante de máquinas para movimentação de terra Caterpillar no Brasil, Carlos Alexandre de Oliveira, afirmou que ainda é difícil mensurar as consequências para o setor da tragédia no Rio Grande do Sul, mas que a indústria nacional tem capacidade ociosa para atender um eventual aumento de demanda a ser gerado por obras no Estado.

“Vai ter demanda adicional lá, cidades vão ter que ser reconstruídas”, afirmou o Oliveira. A Caterpillar tem fábricas em Piracicaba (SP) e Campo Largo (PR).

Mercado nacional

As vendas de máquinas agrícolas em abril caíram 1,7% sobre um ano antes, para 4,2 mil unidades, acumulando no primeiro quadrimestre um recuo de 11,6% sobre o mesmo período de 2023, a 14,6 mil equipamentos.

Segundo a Anfavea, as máquinas rodoviárias, enquanto isso mostraram um salto de 30,8% no período, para 2,9 mil unidades, crescendo 12,8% no acumulado de janeiro ao final de abril (10,8 mil equipamentos).

O destaque negativo no segmento de máquinas agrícolas foram as colheitadeiras, que tiveram um tombo de 37,7% nas vendas sobre abril de 2023, recuando no quadrimestre 41,2%.

“É uma queda expressiva (41%) nesse mercado porque tem um tíquete (preço de venda) super elevado”, disse Andrade. A executiva citou questões que incluem financiamentos do Plano Safra, cuja expectativa da Anfavea é de que uma nova edição seja anunciada a partir de meados de junho.

“Ficamos longo período do ano-safra que vai de julho a junho com financiamentos do Plano Safra fechados. Os recursos se esgotaram rapidamente”, disse Andrade.

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