A maternidade é ponto de partida para a criação de negócios de sucesso. Quase 80% das mulheres empreendedoras decidiram fundar suas empresas depois de terem filhos, segundo pesquisa do Instituto Rede Mulher Empreendedora. “Dizem que nasce uma mãe, nasce uma empreendedora”, afirma Dani Junco, fundadora da rede de mães B2Mamy, que rejeita esse tipo de romantização. “O fato é que, de acordo com a FGV, 50% das mulheres perdem seus empregos após a maternidade, e existem muitos desafios para retornar ao mercado corporativo.”
No Brasil, a maioria empreende por necessidade e muitas delas, especialmente as que são mães, em nome da flexibilidade, ou seja, a possibilidade de conciliar trabalho e maternidade. “Penso que nasce uma mãe, nasce uma ativista, e não foi diferente comigo”, diz ela, que criou uma comunidade voltada para mães.
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Como Dani Junco, muitas mulheres se inspiraram na maternidade e criaram negócios para solucionar dores que enxergaram ao longo do caminho – desde antes da gestação até o retorno ao trabalho. “Empreender não é fácil e, por isso, viver na pele as dificuldades não só ajuda a construir soluções que de fato endereçam o problema, como também traz o gás e motivação diários de saber que você está dedicando a sua vida para resolver algo que realmente importa”, afirma Flávia Deutsch, cofundadora da Theia, startup de saúde voltada para toda a jornada da maternidade.
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Enquanto muitas mulheres empreendem mirando na flexibilidade, a maioria (52%) acaba enfrentando dificuldades em conciliar a dupla ou tripla jornada – trabalho doméstico, cuidado com os filhos e os negócios –, segundo uma pesquisa da startup Olhi.
A sobrecarga de trabalho doméstico e as jornadas profissionais excessivas estão entre as razões que explicam por que 45% das mulheres receberam um diagnóstico de ansiedade, depressão ou algum tipo de transtorno mental, segundo levantamento da Think Olga, ONG voltada a questões de gênero.
Um outro estudo, feito pela Motherly, uma plataforma norte-americana de conteúdo para mães, mostra que a saúde mental é a maior preocupação delas no mercado de trabalho. O alto custo dos cuidados com os filhos afeta a forma como essas mulheres conduzem suas carreiras: 70% dizem que tiveram que fazer sacrifícios para atender às necessidades de suas famílias, e 50% citaram o cuidado dos filhos como o principal motivo.
Novas habilidades
Sem romantizar os desafios já abordados, a maternidade também traz novas habilidades. “Ela costuma parir novas líderes”, diz Dani Junco, citando competências como gestão de conflitos, logística, criatividade e gestão do tempo. “Descobri que as mães não se tornam menos produtivas após a chegada dos filhos, pelo contrário”, afirma Aline Pedrazzi, fundadora e CEO da Mãe-Estar.
Frequentemente, executivas e empresárias contam como a chegada de um filho ajudou a estabelecer prioridades e ter empatia, por exemplo. A ciência provou que a maternidade também afeta a criatividade e o pensamento engenhoso, permitindo que as mulheres abracem atividades mais desafiadoras.
O cérebro de uma mulher que se torna mãe passa a ter flexibilidade cognitiva, emocional e comportamental. Essas mudanças as ajudam a se adaptar a novos ambientes e pensar fora da caixa. Ou seja, permitem que elas se tornem ainda melhores em qualquer atividade profissional que tiverem pela frente. “Gestar e maternar me transformaram enquanto pessoa”, diz Flávia Deutsch, da Theia. “Se não fosse mãe, talvez não conseguisse enxergar a necessidade do outro como meus filhos me fazem ver. É um baita superpoder que a maternidade me trouxe e que faz muita diferença no meu dia a dia na Theia.”
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