O IPCA de abril registrou uma variação de preços de 0,38%, alta de 0,22 ponto percentual em relação ao 0,16% de março. No acumulado em 12 meses, a variação caiu para 3,69%, ante os 3,93% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
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Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as maiores altas foram registradas nos grupos Saúde e cuidados pessoais (1,16%) e Alimentação e bebidas (0,70%). A mediana das expectativas do mercado para os 12 meses até abril era de 3,66%, três pontos-base (centésimos de ponto percentual) abaixo da inflação observada.
Apesar da diferença pequena entre o esperado e o que ocorreu, a percepção dos especialistas foi negativa. Segundo Luan Alves, analista chefe da VG Research, o mais preocupante foi a inflação de serviços. “Os serviços subjacentes, que excluem os itens mais voláteis, seguem sendo o principal motivo de preocupação”, diz ele. “Mesmo desacelerando de 0,45% em março para 0,33% em abril, esse segmento permanece resiliente, com a variação de preços permanecendo em um patamar elevado.” Esse indicador acumula alta de 4,7% em 12 meses, acima do teto da meta de inflação geral.
A inflação de serviços foi considerada particularmente preocupante devido ao aquecimento do mercado de trabalho, apontado por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC) como um ponto de preocupação no cenário da inflação. Serviços são intensivos em mão de obra, e os salários são o item mais importante em seus custos. Em um cenário de mão de obra escassa, a pressão desses itens sobre os índices pode ser duradoura.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, tem uma opinião semelhante. Para ele, apesar da média dos núcleos ter ficado abaixo dois pontos-base abaixo da projeção da Ativa, a variação dos serviços subjacentes foi quatro pontos-base acima do esperado pela empresa. “O índice não foi muito favorável para aqueles que apostavam na desaceleração da inflação”, diz ele. “Os números fortalecem as projeções que indicam a necessidade de uma política monetária mais austera.”
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Para Alves, da VG Research, a persistência da inflação de serviços somada à perspectiva de juros elevados por mais tempo nos EUA deve levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a promover cortes graduais de 0,25 ponto até o fim do ano. Segundo ele, a empresa ainda está projetando uma taxa Selic de 9,50% no fim de 2024, levemente abaixo dos 9,63% indicados pela edição mais recente do Relatório Focus. “Porém, os dados recentes apontam pra um viés de alta nesse número”, diz ele.
O post Inflação de serviços pode dificultar queda de juros apareceu primeiro em Forbes Brasil.