Na nossa galeria novaiorquina, estamos expondo a arte individual “Volumens” de Rodolpho Parigi com cerca de vinte telas, aquarelas sobre papel e uma gravura em metal, do artista oriundo do street art de São Paulo dos anos 90. Não demorou, no início dos 2000, Parigi foi rapidamente absorvido pelo circuito comercial de galerias graças à alta qualidade técnica de sua pintura e aos temas queers, na época inusitados, que se metamorfoseiam a exemplos icônicos da História da Arte, explorando questões sobre sexualidade e erotismo.
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As formas abstratas e figurativas de cores intensas de Parigi representam o cerne de sua rica gramática estética. Conceitualmente, elas dialogam com as ideias de corpo, metamorfose e liberdade, espelhando os desejos e anseios pelos quais a sociedade contemporânea tanto tem lutado desde a ascensão do movimento LGBTIQA+. Seu processo de construção de imagens resulta em uma espécie de “antropofagia sci-fi” onde tudo está em movimento, em transformação, como já observou a jovem crítica de arte Beta Germano. De lá para cá, o paulistano de 47 anos fincou seu nome na arte nacional, expondo sem pudor a energia sensual de sua obra em importantes museus brasileiros e em cidades do mundo como Paris, Milão, Bruxelas, Leipzig, Bogotá, assim como, em Auckland, na Nova Zelândia, e até em Vilnius, capital da Lituânia.
O venezuelano Luis Pérez-Oramas, ex-curador do MoMA e da 30ª Bienal de São Paulo, e atual diretor curatorial sênior da Galeria Nara Roesler, responsável pela montagem e o texto crítico da individual, assim descreve seu trabalho: “A obra de Parigi é dotada de um virtuosismo barroco, estridentemente pop, que esbanja linguagem queer e camadas de história da arte. (…) Ao mesmo tempo, consegue ser séria e profunda em sua complexidade estrutural, sua impressionante habilidade técnica e pelo viés de conhecimento de história da arte que insere. (…) Cem anos após o Manifesto do Surrealismo, os bacanais oníricos de Parigi, com suas formas e cores, demostram ser um testemunho do legado do surrealismo”.
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Nova York é realmente uma cidade surpreendente, só agora em maio acontecem ao mesmo tempo mais de dez feiras de arte e antiguidades, como a badalada Frieze e a NADA para artistas emergentes. Este ano, optamos por fazer nossa segunda participação na TEFAF New York Art Fair, que abre amanhã, sexta-feira 10 de maio, no Armory um prédio neogótico na Park Avenue, no elegante Upper East Side, e lá também decidimos expor as obras de Parigi. Dono de uma desenvoltura técnica invulgar, ele foi – e continua sendo – um jovem rebelde que se utiliza do fazer artístico para lutar por uma sociedade mais justa para todos os gêneros, raças e credos. Além de seu talento evidente para a pintura, esta mensagem sócio política foi fundamental para o mercado de arte nacional absorver seus trabalhos em 2007, após ele ter ganhado com louvor o canudo de artes plásticas na FAAP.
No artista respeitado de hoje pulsa ainda aquele jovem que assumiu ser gay e, desde cedo, sentiu na pele o preconceito. Na adolescência, movido pela paixão pela arte, passou a grafitar sua vibrante polifonia cromática nos paredões da pauliceia. Como brilhantemente descreveu acima Pérez-Oramas, são “os bacanais oníricos de formas e cores” de Rodolpho Parigi.
SERVIÇO
“Rodolpho Parigi: Volumens”
Galeria Nara Roesler/Nova York
De 2 de maio a 1 de junho, 2024
511 West 21st Street, Chelsea
Nova York
TEFAF New York Art Fair
10 a 14 de maio, 2024
Galeria Nara Roesler, estande 208
Park Avenue Armory
643 Park Avenue, Manhattan
Nova York
Com colaboração de Cynthia Garcia, historiadora de arte, premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) cynthiagarciabr@gmail.com
Nara Roesler fundou a Galeria Nara Roesler em 1989. Com a sociedade de seus filhos Alexandre e Daniel, a galeria em São Paulo, uma das mais expressivas do mercado, ampliou a atuação inaugurando no Rio de Janeiro, em 2014, e no ano seguinte em Nova York.
info@nararoesler.art
Instagram: @galerianararoesler
http://www.nararoesler.com.br/
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