Você já viu aquele vídeo viral recente em que Taylor Swift ordenha uma vaca enquanto dança no palco com reluzentes botas de cowboy, cheia de strass? Não? Bem, embora esse vídeo não exista, é o tipo de coisa que poderia ser criada pela IA generativa como um vídeo deepfake. Embora este exemplo pareça um pouco bobo, os produtores de gado, os seus aliados da cadeia de abastecimento e os grupos de commodities devem estar atentos, pois a ameaça dos vídeos deepfake se aproxima.
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É do conhecimento geral que a desinformação e os vídeos secretos falsos podem ter consequências profundas na produção agrícola e pecuária. Nos dias atuais, os produtores, agroindústria e entidades do setor, deveriam estar, mais do que nunca, atentos a vídeos deepfake criados digitalmente para retratar cenários falsos. E uma vez identificados, como grupos devem dispor de um plano de comunicação de crise em vigor para manter (e até mesmo melhorar) a reputação das cadeias produtivas de alimentos, fibras e bioenergia. Para agir, é preciso compreender as implicações das deepfakes e se preparadar para responder de forma eficaz.
Compreendendo Deepfakes na agricultura e pecuária
Os produtores rurais, com o seu profundo conhecimento das práticas agrícolas, muitas vezes conseguem dizer imediatamente se um vídeo “disfarçado” é falso. Este passo para desacreditar uma deepfake é crucial para proteger a reputação dos produtores individualmente e como um todo.
Os líderes das matérias-primas e os parceiros da indústria devem encorajar os produtores a verificar a autenticidade de quaisquer vídeos online e a denunciar conteúdos suspeitos. Ao aproveitar os anos de experiência em agricultura e pecuária de uma organização, o produtor pode desempenhar um papel vital na identificação e desmascaramento de deepfakes.
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Reconhecendo Deepfakes: a perspectiva de um fazendeiro
É preciso estar ciente de que, embora os produtores tenham experiência para reconhecer deepfakes, os consumidores provavelmente não serão capazes de perceber a diferença.
Os produtores podem identificar inconsistências sutis nos vídeos, como uso incorreto de equipamentos ou imprecisões anatômicas, que revelam sua natureza fraudulenta. Talvez, nunca vença a batalha pela autenticidade do vídeo junto aos consumidores, mas protegerá a reputação do produtor junto aos vizinhos, colegas e dentro das agroindústrias.
Ferramentas e recursos para detecção de Deepfakes
Uma forma de desacreditar uma deepfake é usar ferramentas e plataformas disponíveis para verificar a autenticidade do conteúdo digital. Por exemplo, a Content Authenticity Initiative oferece recursos on-line valiosos, incluindo uma ferramenta onde se pode enviar conteúdo para revisão.
Além disso, apoiar políticas e legislação destinadas a proteger os produtores rurais de ataques maliciosos de deepfake é essencial para a proteção a longo prazo da licença social de exploração agrícola para a produção de alimentos, fibras e bioenergias.
Comunicação proativa sobre Deepfakes
Num incidente deepfake, uma comunicação rápida e transparente é importante. Embora muitas vezes seja difícil para os produtores rurais serem proativos nestas situações, é necessário colocar em ação uma estratégia de resposta à crise.
Isto deve incluir a divulgação de provas da falsidade do vídeo em vários canais, incluindo redes sociais e declarações à imprensa. Envolver aliados e influenciadores da agroindústria para desmascarar narrativas falsas. Educar o público sobre as práticas agrícolas também é vital para mitigar o impacto das deepfakes. Por isso, é recomendável incorporar como reagirá às deepfakes nos projetos de comunicação de crise e no planejamento e exercícios de resposta a problemas.
Passos para resposta à crise
Como qualquer outro plano de comunicação de crise, responder a uma deepfake significa abordar prontamente a desinformação, mas evitando amplificá-la. Isso é um equilíbrio delicado.
Como sempre, é essencial concentrar-se na afirmação dos fatos, desmascarando alegações falsas e desacreditando o próprio vídeo. Para isso, é preciso ter familiaridade com o processo de denúncia de informações incorretas em cada plataforma de mídia social para que se possa agir rapidamente quando necessário.
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Este também é um momento para dinamizar a linguagem da comunicação, visando destacar todas as boas maneiras pelas quais, por exemplo, os produtores de gado estão protegendo e melhorando o bem-estar e a segurança de seus animais. E embora seja tentador, é recomendável evitar o envolvimento com os perpetradores e abster-se de direcionar o tráfego do consumidor para o conteúdo fraudulento.
Esteja preparado agora para potenciais Deepfakes
À medida que a ameaça dos vídeos deepfake continua a evoluir, as empresas ligadas aos produtores de commodities, de produtos para mercados de nicho e, principalmente, os produtores rurais devem permanecer vigilantes e preparados. Porque é necessário aproveitar as experiência do setor, utilizar ferramentas de detecção e implementar uma sólida preparação para crises, para que a comunidade agrícola e pecuária possa enfrentar eficazmente os potenciais desafios colocados pelas deepfakes.
*Marcus Squier é colaborador da Forbes EUA e CEO da Paulsen, agência de marketing rural naquele país. Ele também é membro da Forbes Agency Council, comunidade que reúne convidados nas áreas de relações públicas, estratégia de mídia, criação e publicidade.
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