Os preços mundiais do cacau registraram quedas de cerca de 20% em dois dias, uma vez que os gatilhos técnicos prevaleceram graças a uma baixa liquidez recorde, com até mesmo os fundos de hedge tendo saído em grande parte do mercado durante sua impressionante ascensão este ano, disseram os negociantes.
Antes da queda desta semana, os futuros do cacau negociados na bolsa ICE — e usados como referência para precificar a amêndoa em todo o mundo — quase triplicaram de valor este ano graças ao clima adverso e a doenças nos principais produtores, como Costa do Marfim e Gana.
A alta deixou muitos participantes do mercado físico sem dinheiro e até mesmo afastou os fundos de hedge, disseram os negociantes, deixando o mercado nas mãos de algorítmicos de fundos “day trading” programados para seguir sinais técnicos semelhantes.
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Na ausência de liquidez, esses fundos exageram as oscilações de preços, tanto para cima quanto para baixo.
“Há alguma notícia concreta que tenha impulsionado o mercado até aqui? Não”, disse Jonathan Parkman, chefe de vendas agrícolas da Marex.
“A posição de Nova York é minúscula, um recorde de baixa nos tempos modernos. A falta de liquidez vai movimentar o mercado de forma desproporcional em ambas as direções”, explicou.
Os futuros de julho do cacau em Londres negociados na bolsa ICE caíram quase 15% na segunda-feira (29), sua maior perda em um dia.
Os preços recuavam cerca de 4, para 7.392 libras por tonelada métrica, às 9h50 (horário de Brasília), enquanto os futuros de julho do cacau em Nova York perdiam 3%, para US$ 8.665 por tonelada, tendo perdido quase 16% de seu valor na segunda-feira.
O mercado está concentrado no desenvolvimento da safra da Costa do Marfim e de Gana, algo que ficará mais claro nos próximos dois meses, alertando os investidores sobre a possibilidade ou não de uma recuperação na próxima temporada.
Os dois países juntos produzem quase 60% do cacau do mundo e, com suas perspectivas de safra ainda obscuras por enquanto, não há novos fatores fundamentais que impulsionem os preços, e os suprimentos continuam extremamente apertados.
O ING observou que a queda de preços de segunda-feira ocorreu após uma medida tomada na semana passada pela bolsa ICE para aumentar as margens iniciais dos futuros de cacau em 23% por contrato. É provável que esse aumento reduza ainda mais a liquidez.
“Esse foi o terceiro aumento nas margens este mês. As margens mais altas e a volatilidade do cacau fizeram com que os contratos em aberto diminuíssem de cerca de 400 mil lotes em novembro para cerca de 243 mil lotes atualmente”, disse o banco.
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