Há seis anos, a Forbes US elabora uma lista com as principais empresas do mundo no ramo de inteligência artificial. Em 2023, a Tractian, startup fundada por três brasileiros, Gabriel Lameirinhas, Igor Marinelli e Leonardo Vieira, foi destaque na categoria “Indústria”.
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Os jovens fundaram a Tractian em 2019 a partir do desejo em comum de empreender. “Eu sempre quis ter o meu próprio negócio e vi nas dores do meu pai, técnico de manutenção industrial, uma oportunidade”, conta Igor Marinelli co-CEO da startup.
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As histórias de vida também se conectam, Gabriel Lameirinhas, que divide o posto de CEO com Marinelli, diz que seu pai trabalhou por mais de 37 anos na área de manutenção e “perdeu muitos finais de semana com máquinas paradas”. Já Leonardo, teve seu irmão como fonte de inspiração, “sempre acompanhei meu irmão, engenheiro, na indústria. Foi assim que fiquei fascinado por esse ramo”.
Mas, na prática, como uma empresa de “inteligência de máquina e de sistemas de monitoramento industrial” opera? Igor explica: “O gestor de manutenção, ou o responsável por essa demanda, vai pegar o tablet com a nossa plataforma e, por lá, ele consegue saber tudo o que precisa ser feito. Isso porque os sensores que instalamos nas máquinas monitoram todo o funcionamento dos equipamentos e informam em tempo real quais são os problemas.”
Já a inteligência artificial, por sua vez, é integrada para fazer diagnósticos, gerar insights sobre a produtividade do setor e correlacionar os dados do cliente. “Assim, conseguimos determinar as soluções e ajudar a equipe de maneira eficiente e simples”, finaliza o cofundador.
Apesar do pouco tempo no mercado, a Tractian já atende multinacionais como Procter & Gamble e Goodyear. De acordo com a empresa, a cada 1.000 dólares produzidos pela indústria mundial, 50 são gerados em ambientes que usam as soluções da empresa. “Não é sobre tempo, é sobre o quanto você se conecta com a dor do cliente e gosta do problema que está resolvendo”, afirma Leonardo Vieira, cofundador e CEO da startup no México.
Produção nacional e investimento em recursos humanos
Avaliada em R$ 1 bilhão durante um aporte liderado pelo fundo americano General Catalyst, a Tractian já ultrapassou algumas barreiras do mercado nacional. João Granzotti, diretor de tecnologia e parte da primeira equipe de colaboradores da empresa, conta que um dos atrativos para deixar uma oportunidade de trabalhar na Motorola para aceitar a proposta da startup foi “a produção de hardwares no Brasil”.
“Eu pensei: ‘Quem mais está produzindo equipamentos de tecnologia no Brasil?’. Além disso, ficou bem claro para mim que eles entendiam do que estavam falando e conheciam o problema que queriam resolver”, comenta João, que é um prodígio acadêmico: “Eu tenho uma deficiência visual que me transformou em uma máquina de estudar. Na escola, como eu não enxergava a lousa, eu chegava em casa e ficava repassando tudo o que aprendi. Na oitava série, eu já tinha passado na USP duas vezes.”
E foi em São Carlos, na Escola de Engenharia da USP, que João conheceu Gabriel Lameirinhas, ex-colega de quarto de Igor, que não terminou os estudos para dar início a Tractian. “Eu recebi uma bolsa para estudar na Universidade da Califórnia, Berkley, onde conheci o Leonardo Vieira, mas não cheguei a concluir, porque a Tractian apareceu. No começo a gente brincava que o Gabriel precisava se formar porque precisávamos de alguém com a carteirinha do CREA [Conselho Regional de Engenharia e Agronomia] para assinar os documentos”, confessa Igor.
Com uma equipe formada por 300 funcionários — com 200 engenheiros entre o grupo — e na contramão dos layoffs das empresas de tecnologia, os quatro entrevistados reforçaram que “a Tractian está contratando”.
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