Reformulação da GE transformará o seu CEO em um bilionário

  • Post author:
  • Reading time:7 mins read
Getty Images

Com Larry Culp, as ações da GE subiram 260% desde o início de 2023

Larry Culp poliu sua reputação como um gênio da indústria com seu projeto de reestruturação da General Electric. Na terça-feira (2), o CEO da GE dará o passo final em um processo de seis anos para desmembrar o conglomerado uma vez abrangente, separando o negócio de energia de sua joia da coroa, a divisão de motores de aeronaves. Wall Street está aplaudindo Culp em pé – e ele está sendo recompensado generosamente por isso.

Após uma alta de 260% no preço das ações da GE desde o início de 2023, Culp atingiu as metas de desempenho para obter o pagamento máximo de um rico pacote de incentivos de longo prazo: 1,74 milhão de ações que valem aproximadamente US$ 300 milhões nos preços atuais.

Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida

Sob os termos do pacote, Culp poderia se aposentar e receber o dinheiro em agosto deste ano. Mas ele planeja permanecer para administrar o negócio aeroespacial da GE como uma empresa independente, o que adiará a data de aquisição das ações até agosto de 2025. Somado ao restante de sua compensação da GE e à fortuna que ele fez anteriormente como CEO do conglomerado industrial Danaher, o grande prêmio de ações fará de Culp um bilionário, estima a Forbes.

Ele se juntará a um pequeno clube de 15 CEO’s dos Estados Unidos que acumularam fortunas de 10 dígitos.

Trajetória

Culp enfrentou desafios complicados quando entrou na GE como o primeiro estranho a liderá-la. A empresa icônica fundada por Thomas Edison estava naufragando sob US$ 135 bilhões em dívidas após o colapso do braço financeiro da empresa, a GE Capital. A aposta cara do ex-CEO Jeff Immelt em fortalecer a divisão de energia comprando o negócio de turbinas da Alstom havia fracassado. E os investidores tinham fugido, com a capitalização de mercado da empresa encolhendo para US$ 70 bilhões, mais de meio trilhão de dólares abaixo de agosto de 2000, quando era a empresa mais valiosa do mundo.

“Não há muitas pessoas que tenham entrado em [uma empresa] – e especialmente em uma empresa com um legado reputacional como a GE – com essa lista de coisas para lidar”, disse David Collis, professor da Harvard Business School que escreveu estudos de caso sobre a GE e a Danaher e teve Culp como palestrante em suas aulas.

A General Electric e Culp se recusaram a comentar sobre sua compensação e patrimônio líquido.

A remuneração por incentivos de Culp supera a maioria de seus pares. Em 2022, o valor mediano relatado nos arquivos financeiros das empresas S&P 500 para a remuneração total de seus CEOs e prêmios de ações não investidas foi de US$ 57 milhões, segundo o provedor de dados Equilar. Para Culp, o total comparável relatado pela GE em 2022 foi de US$ 175 milhões. Em 2023, foi de US$ 237 milhões.

Em 2018, a General Electric estava em crise quando seu conselho ofereceu a Culp o cargo de CEO. Ele tinha perdido o entusiasmo pelo sucessor de Immelt, John Flannery, após apenas um ano, supostamente frustrado com sua tomada de decisões lenta.

Culp, que havia ingressado no conselho no ano anterior, havia conquistado uma reputação como um especialista focado em detalhes na melhoria da eficiência de fabricação na Danaher, que liderou de 2001 a 2014. Usando uma estratégia inspirada em parte na era de Jack Welch da GE, a receita e a capitalização de mercado da Danaher aumentaram cinco vezes sob sua liderança.

Leia também:

Estes dois dinossauros de Wall Street estão voltando à vida

Culp, que recusou o conselho duas vezes antes de aceitar, extraiu um pacote de incentivos multimilionário vinculado ao preço das ações da GE. Na época, Jim Cramer, da CNBC, disse que era “o melhor contrato orientado ao desempenho que já vi”.

No melhor cenário, se o preço das ações subisse 150% até 2022, ele receberia ações no valor de pelo menos US$ 230 milhões. No mínimo, um aumento de 50% lhe renderia ações no valor de aproximadamente US$ 45 milhões.

Quando a pandemia virtualmente congelou as viagens aéreas em 2020, e com elas, a demanda pelos motores de aeronaves da GE, o conselho deu a Culp uma segunda chance. Ele estendeu seu contrato por pelo menos dois anos até 2024, dando-lhe mais tempo para que seus esforços de recuperação dessem frutos – e reduziu os alvos de preço das ações para Culp se qualificar para as ações de incentivo em cerca de um terço.

Defensores da governança corporativa e investidores não ficaram felizes. Cerca de 58% dos acionistas votaram para rejeitar as decisões de remuneração executiva do conselho na assembleia anual de 2021, embora a medida fosse não vinculativa. Ao recomendar um voto “não”, a empresa de consultoria Glass Lewis escreveu: “o prêmio revisado fornece ao Sr. Culp a mesma quantidade de compensação em dólares para criar menos valor para o acionista”.

Mas três anos depois, Wall Street parece feliz. Mesmo após a acentuada alta no preço das ações da GE, 14 dos 20 analistas que seguem a empresa classificam as ações como uma compra, com apenas um recomendando que os investidores vendam, de acordo com a Bloomberg.

Culp reduziu drasticamente a dívida da GE, levantando dinheiro desinvestindo unidades, incluindo seus negócios de biotecnologia e leasing de aeronaves. Ele pregou um foco renovado no cliente e uma filosofia de otimização de processos chamada lean, que se baseia em parte nos métodos de kaizen venerados da Toyota. Culp passou semanas em fábricas da GE, percorrendo o chão com gerentes e engenheiros enquanto buscavam acelerar fluxos de trabalho e eliminar ineficiências.

Leia também: 

GE Aerospace prevê lucro operacional de US$ 10 bi em 2028 por forte demanda

Com operações e finanças melhoradas, Culp passou a dividir a empresa em três, primeiro desmembrando a GE HealthCare em janeiro passado.

Pode parecer irônico que Culp tenha desmontado o conglomerado mais lendário dos Estados Unidos depois de construir um na Danaher. Mas a Danaher operava em uma escala muito menor, com unidades de negócios com centenas de milhões em receita, onde havia sinergias a serem obtidas a partir de gestão e finanças centralizadas, aponta David Collis, de Harvard.

O zelo operacional de Culp contrasta nitidamente com o foco em aumentar os retornos para os acionistas por meio de dividendos e recompras que contribuíram para os problemas da Boeing, dizem os especialistas do setor aeroespacial.
Com a divisão feita, Culp pode dedicar todos os seus talentos formidáveis para melhorar o desempenho na GE Aerospace.
Existem grandes oportunidades para Culp reduzir os custos estimados da empresa de US$ 29 bilhões, destaca o analista Scott Deuschle, do Deutsche Bank.

Cenário

Na aviação, não há negócio melhor do que fabricar e prestar serviços de motores de aeronaves, que representam de 50% a 70% do valor dos aviões comerciais. Em meio a um forte aumento nas viagens aéreas pós-pandemia, Boeing e Airbus têm lutado para aumentar a produção e satisfazer a demanda das companhias aéreas por novos aviões.

O lucro da GE Aerospace atingiu US$ 6,1 bilhões em 2023, mais que o dobro de 2021, com a receita aumentando aproximadamente 50% ao longo desse período para US$ 31,8 bilhões. A receita poderia se aproximar de US$ 40 bilhões em 2025, prevê a empresa, com margens operacionais de aproximadamente 20% que prometem dar a Culp a capacidade de comprar outras empresas e investir pesadamente em projetos de P&D.

O post Reformulação da GE transformará o seu CEO em um bilionário apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Deixe um comentário