A arte de Angelo Venosa com curadoria de Vik Muniz em Nova York

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Foto: Denise Andrade. Cortesia da Galeria Nara Roesler

Angelo Venosa (1954–2022) e Nara Roesler em 2016

Intitulada em inglês, “Angelo Venosa curated by Vik Muniz”, a primeira individual póstuma do artista apresentada no exterior, tem curadoria de Muniz e acontece na Galeria Nara Roesler no Chelsea, em Nova York, cidade que, pela primeira vez, recebe a obra deste grande nome da arte brasileira falecido em 2022. São cerca de vinte trabalhos de sua fase final, entre 2015 e 2021, incluindo estudos e trabalhos com tecnologia de impressão 3D. A exposição é uma união de forças, revela o brilhante olhar de Vik sobre a obra brilhante de Venosa.

Nas palavras do crítico Lorenzo Mammi, “sua arte não se recusa a imitar a natureza (…) simulando procedimentos orgânicos, repete a relação de esqueleto e pele, osso e cartilagem, matérias fluidas e coaguladas. Pondo-se não à frente, mas atrás da natureza, como se esta fosse produzida por seu gesto, o artista assume literalmente o papel de criador”. O pensamento do intelectual ítalo-brasileiro reflete de forma clara e concisa o universo onírico de Angelo Venosa, que costumava dizer sobre sua profissão: “Em ficha de hotel é artista plástico, mais simples, mais vago. Faço coisas, construo. Escultor acho pedante, mas há quem me chame assim”.

Foto: Cortesia da Galeria Nara Roesler

Vista parcial de “Angelo Venosa curated by Vik Muniz”, na Galeria Nara Roesler de Nova York

Foi na mostra coletiva “Como vai você, Geração 80?” (1984), no Rio de Janeiro, que o carioca Angelo Venosa ganhou nome nos altos círculos da arte brasileira. Celebrando liberdade, democracia e arte, o emblemático evento tornou-se palco do último happening que aconteceu no país, três meses após finalizar da vergonhosa ditadura militar. A mostra permaneceu várias semanas no eclético Parque Lage, que recomendo a todos conhecerem. Com curadoria de Marcus Lontra e coordenada pelo entusiasmo do então diretor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), Ruben Breitman (1932-2001), a exposição acabou ganhando dimensão de um novo movimento nas artes nacionais.

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E cravou duas coisas que mudaram o rumo da nossa História da arte. Primeiro, reintroduziu o prazer de pintar com a nova pintura, feita de um estilo livre, batizado Neoexpressionismo, de gestos (quase) espontâneos e um figurativismo na linha da H.Q. (história em quadrinhos) com onomatopeias, super-heróis e energia gestual vibrante. Segundo, introduziu vários jovens à cena visual, desbancando a geração anterior e a geometria precisa, elegante, da arte concreta que, até então, dominava a vanguarda brasileira. Agora os novos heróis da modernidade plástica chamavam-se Angelo Venosa, Daniel Senise, Cristina Canale, Beatriz Milhazes, Nuno Ramos, Rodrigo Andrade, Fábio Miguez, Leonilson, Ciro Cozzolino, Paulo Monteiro, Jorginho Guinle (1947-1987) e Carlito Carvalhosa (1961-2021).

Após o start na pintura, o discreto Venosa, que costumava dizer de si mesmo, “Não sou mais tímido, fiz upgrade para reservado”, encaminhou seu fazer exuberante para a escultura, que o olhar do observador atento já conseguia prever em suas experiências bidimensionais nas telas. Ali ele se encontrou. Engendrou um caminho personalíssimo por um universo fictício de formas que trazem à mente bichos jurássicos e carcaças de um reino biológico de sua fértil imaginação.

Tendo como norte sua peculiar linguagem orgânica, o paulistano radicado no Rio de Janeiro desafiou vários meios como bronze, madeira, tecido, fibra de vidro, mármore, cera, alumínio, aço corten, chumbo, até dentes de animais, chegando ao metacrilato em impressão 3D, criando peças de pequeno formato a obras de escala monumental, todas invariavelmente de surpreendente plasticidade.

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Angelo Venosa (1954 – 2022) foi um dos poucos da “Geração 80” que se dedicou à escultura. Entre as exposições que participou estão a 19a Bienal de São Paulo (1987), a 45a La Biennale di Venezia (1993) e a 5a Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2005). Uma grande retrospectiva em comemoração aos seus 30 anos de carreira foi realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) em 2012, itinerando pela Pinacoteca do Estado de São Paulo em 2013, pelo Palácio das Artes, Belo Horizonte, e pelo Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM), Recife, em 2014. Venosa possui esculturas públicas instaladas em diversos locais do país, como Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Jardins), Museu de Arte Moderna de São Paulo (Jardim das Esculturas do Parque do Ibirapuera), Pinacoteca de São Paulo (Jardim da Luz) e a Praia de Copacabana/Leme, no Rio.

Foto: Cortesia da Galeria Nara Roesler

Vista parcial de “Angelo Venosa curated by Vik Muniz”, na Galeria Nara Roesler de Nova York

“Angelo Venosa curated by Vik Muniz”

Até 20 de abril de 2024
Galeria Nara Roesler, Nova York
511 w 21st street,
t 1 (212) 794 5038
ny@nararoesler.art

Com colaboração de Cynthia Garcia, historiadora de arte, premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) cynthiagarciabr@gmail.com

Nara Roesler fundou a Galeria Nara Roesler em 1989. Com a sociedade de seus filhos Alexandre e Daniel, a galeria em São Paulo, uma das mais expressivas do mercado, ampliou a atuação inaugurando no Rio de Janeiro, em 2014, e no ano seguinte em Nova York.

info@nararoesler.art
Instagram: @galerianararoesler
http://www.nararoesler.com.br/

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