A estratégia da Apple de manter os preços altos do iPhone para consolidá-lo como um item de luxo enfrenta desafios na China. O principal obstáculo é a concorrência local, que oferece celulares a preços significativamente mais baixos e alinhados com as necessidades dos clientes.
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Para ilustrar, no início deste mês, os revendedores da Apple na China cortaram os preços do iPhone 15 Pro Max em até US$ 180 (R$ 900) devido à baixa demanda. Uma atitude incomum para a empresa.
“A Apple sempre foi conhecida por ser forte no setor de luxo. Então, os descontos abrem um precedente em relação a essa posição”, diz Marcos Freitas, especialista em negócios. “Só o tempo dirá se essa estratégia foi um acerto ou erro. Mas a ideia é combater a concorrência no maior mercado de smartphones do mundo.”
Segundo a empresa de dados Counterpoint, as vendas de iPhones na China nos dois primeiros meses de 2024 caíram 24% em relação ao mesmo período de 2023, derrubando a Apple para o quarto lugar em participação de mercado. Enquanto isso, o faturamento da rival local Huawei aumentou 64% ante o ano anterior, impulsionado pela demanda por sua série de smartphones Mate 60.
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“A Apple enfrentou uma concorrência acirrada no alto padrão, ao mesmo tempo em que foi pressionada no segmento de aparelhos mais baratos por preços agressivos de empresas como OPPO, Vivo e Xiaomi“, disse Mengmeng Zhang, analista sênior da Counterpoint à Reuters.
Além da concorrência, a Apple enfrenta problemas políticos. Os departamentos governamentais têm restringido o uso de dispositivos da empresa por funcionários públicos, em resposta às restrições do governo dos Estados Unidos a aplicativos chineses por questões de segurança.
A China é o terceiro maior mercado da fabricante de iPhones em termos de receita, perdendo apenas para Estados Unidos e União Europeia (UE). Em meio a essa situação de queda das vendas e de hostilidade com a marca, o presidente-executivo, Tim Cook, visitou o país na última quarta-feira (20), exaltando a importância da China na cadeia de suprimentos da empresa.
Para os especialistas, a maneira de aumentar a participação de mercado seria criar um produto inovador que transformasse o dia a dia das pessoas. A última vez que a Apple conseguiu esse feito foi em 2007, com o lançamento do iPhone.
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“Desde então, a Apple inovou pontualmente, em detalhes de seus produtos, mas ainda não conseguiu lançar outro produto com potencial de abrir um novo e amplo mercado para a empresa”, diz João Marcos, da equipe de pesquisa internacional da Ticker Research.
E não se pode dizer que a Apple não está tentando inovar. A empresa lançou os óculos de realidade virtual (Vision Pro), mas eles não caíram no gosto do público. O jornal norte-americano The Verge apontou que os clientes estão devolvendo o produto comprado na garantia. Os principais motivos do arrependimento estão relacionados ao peso, casos de enjoo e dor de cabeça. Algumas pessoas também relataram dificuldades na navegação.
iPhones com Inteligência Artificial
Mesmo assim, a Apple não deve ser subestimada. Especialistas apontam que a empresa fundada por Steve Jobs é conhecida por observar atentamente seus concorrentes. “Ela pode se dar ao luxo de observar e, depois de avaliar cuidadosamente a direção do mercado, fazer uma aposta mais assertiva”, diz Marcos.
A Apple é a segunda maior empresa do mundo pela quantia em caixa, com US$ 102 bilhões (R$ 507 bilhões). Ela fica atrás apenas do Google, que possui US$ 117 bilhões em reservas (R$ 582 bilhões), de acordo com o Financial Times.
E todo esse dinheiro pode ser direcionado para sua próxima aposta: Inteligência Artificial. Relatos da imprensa americana sugerem que a Apple está em conversas com o Google para desenvolver seu novo iPhone. A ideia é que a empresa licencie e construa seu próprio mecanismo de IA no iPhone.
A Apple observou que o boom da inteligência artificial tem gerado retornos significativos para seus concorrentes. No quarto trimestre, a Microsoft, empresa do bilionário Bill Gates, registrou um lucro líquido de US$ 21,9 bilhões (R$ 109 bilhões), um aumento de 33%, impulsionado pela inteligência artificial. Enquanto isso, a Amazon, de Jeff Bezos, teve um lucro de US$ 10,6 bilhões (R$ 52,8 bilhões), um crescimento expressivo em relação aos US$ 278 milhões (R$ 1,38 bilhão) registrados no quarto trimestre de 2022.
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