A illycaffè busca comprar o quanto conseguir de café brasileiro produzido a partir da agricultura regenerativa, já que a prática resulta em um grão de maior qualidade e traz benefícios para o meio ambiente, afirmou Andrea Illy, o presidente da companhia familiar, em entrevista à Reuters.
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O neto do fundador da empresa italiana de café de alta qualidade disse que nos últimos quatro anos quase 80% dos produtores brasileiros que forneceram grãos para a illycaffè adotaram práticas de agricultura regenerativa, ou pelo menos algumas, senão todas. E que a meta é expandir.
“Compramos todo o café disponível (produzido a partir de agricultura regenerativa)”, disse ele, em entrevista na noite de quinta-feira (21), ao ser questionado sobre os objetivos da empresa.
A estratégia reforça um nicho de mercado de café de alta qualidade de maior remuneração aos cafeicultores, à medida que torrefadores e cafeterias internacionais buscam meios de reduzir sua pegada de carbono. A gigante Nestlé, maior compradora de grãos brasileiros certificados, também tem iniciativas nesta linha regenerativa.
O método de produção regenerativo reduz o uso de pesticidas e adubos químicos, requer bioinsumos e fertilizantes organominerais, além de práticas que favorecem o sequestro e a fixação de carbono e o cuidado com o solo, para que as pragas sejam combatidas por “inimigos” naturais.
Nesta jornada, a Illycaffè lançou no ano passado o Arabica Selection Brasile Cerrado Mineiro, produzido por cafeicultores da região com a prática agrícola mais sustentável.
“Tem três maravilhas da agricultura regenerativa: a primeira, ela é mais resiliente a mudanças climáticas, ao mesmo tempo que mitiga mudanças climáticas, pois emite menos carbono, e também fixa carbono no solo, preserva a biodiversidade, deixa solos mais hidratados”, disse Illy.
“A segunda maravilha é menor custo de produção obtendo a mesma ou, às vezes, maior produtividade. E a terceira é a qualidade na xícara muito melhor, o que significa que o produtor pode despender menos recursos e vender a preços mais altos”, afirmou ele, durante a 33ª edição do Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso.
Além do café produzido apenas com grãos certificados regenerativos, a companhia origina café de qualidade no país para compor seu “blend” 100% arábica, que é composto por produtos também de outros países, mas tem o Brasil como fornecedor relevante.
“A qualidade do café do Brasil, além de melhorar sempre mais, é sempre diferenciada”, destacou ele, falando sobre a diversidade de origens brasileiras, em bom português. Ele não citou volumes adquiridos.
Sobre a oferta e demanda global, Illy considera que um aumento da safra brasileira de 5% este ano deve colaborar para um excedente global do produto, ao citar dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e OIC (Organização Internacional do Café).
Alerta sobre qualidade
“Este ano é de bienalidade positiva, será um volume maior do que o ano passado, mas devido a condições climáticas a maturação não está homogênea, então este talvez seja um dos problemas para a qualidade, é preciso que o agricultor tome cuidado na hora da colheita, porque vai ter um pouco de verde no começo”, observou o diretor-geral da Experimental Agrícola do Brasil, Aldir Alves Teixeira, responsável pela compra de café para a Illycaffè no Brasil.
Por isso, ele recomenda que no início da colheita, quando há maior proporção de grãos verdes, que o produtor não coloque o café no secador. “Porque o verde, secado a temperaturas elevadas, ele vira preto verde, um defeito detestável, muito prejudicial” para a qualidade.
Teixeira também participa da organização do Prêmio Ernesto Illy, que na noite passada selecionou três cafeicultores (Décio Bruxel, do Cerrado Mineiro; Matheus Lopes Sanglard, das Matas de Minas; e Flávio da Costa Figueredo, do Sul de Minas) para participar do 9º Prêmio Internacional a ser realizado pela marca.
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