Eleições nos Estados Unidos impactam seus investimentos?

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Caroline Purser/Getty Images

Casa Branca, sede do Executivo americano: resultado da eleição afeta os preços, mas não deve alterar as estratégias individuais dos investidores

As eleições nos Estados Unidos estão na pauta diária de toda a mídia e assim permanecerão até o seu resultado. Há bons motivos para isso. Trata-se da maior economia do mundo e o que acontece internamente se reflete nos mercados globais.

Em momentos como esse é comum verificarmos maior volatilidade nas bolsas, pois como você deve saber, o mercado financeiro, no curto prazo, tende a reagir negativamente às incertezas.

Diante disso, temos analistas diariamente estudando cenários para tentar inferir sobre as tendências, avaliar prós e contras da continuidade do governo de Joseph Biden ou do retorno de Donald Trump, e todas as implicações presentes em cada uma das probabilidades.

Tem sido assim desde sempre, em todas as eleições ou em quaisquer circunstâncias onde algum fator macro possa significar mudanças. Esse exercício acontece ininterruptamente: “qual a tendência de mercado, considerando… a guerra, a eleição, a crise nas safras agrícolas, a estiagem, o escândalo A, B ou C, etc”. Tanto faz se um tema ou a combinação de vários, tentamos prever tendências o tempo todo.

Tendências são apenas pistas, não uma rota

Analisar tendências ganhou, ao longo dos tempos, contornos científicos importantes, à medida que a tecnologia foi avançando e possibilitando combinarmos quantidades infinitas de dados das mais variadas formas, e isso tem nos ajudado em muitas coisas.

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Também é fato que existem algumas decisões de cunho imediato onde pode fazer muito sentido pautar escolhas em fatos circunstanciais. No caso dos investimentos, eu diria que para quem faz trade, isso tem muita lógica.

Acontece que a imensa maioria dos investidores não é trader. Ao contrário, investe seu dinheiro no longo prazo, onde o que importa de verdade não são os fatos transitórios, mas sim a consistência do plano.

Uma eleição, por exemplo, por mais relevante que seja, é fator circunstancial e que se repete a cada quatro anos, logo, não pode servir para orientar suas escolhas de longo prazo.

O que você não controla não pode direcionar seu foco

Se as suas decisões de investimento forem seguir à risca previsões, ou se modificar a cada mudança de comando no Brasil ou em quaisquer economias, o seu risco será igual ou maior do que alguém que investe aleatoriamente, pois ambos estarão confiando ao destino a definição de sua sorte.

Saber quem será o próximo presidente dos Estados Unidos não muda nada na sua vida como investidor. É claro que Biden e Trump têm perfis bem diferentes e isso influenciará as políticas de estado, as relações internacionais e, em algum grau, os preços de ativos. Isso é normal, e acontece o tempo todo.

Ocorre, entretanto, que a política é um jogo de interesses cuja dinâmica não está sob nosso controle e, sendo assim, o foco do investidor precisa estar nos fundamentos da economia, pois eles sempre prevalecem.

Tenha um mapa de navegação

Em se tratando de seu futuro financeiro, nada substitui a análise individual e baseada em suas necessidades, metas, perfil emocional, capacidade de aporte, grau de risco que está preparado para absorver, além do tempo que disponha para acompanhamento de sua carteira.

Isso não significa que você não vá olhar criticamente para os acontecimentos e fazer exercícios sobre as possíveis implicações no cenário futuro, com base no repertório disponível sobre eventos semelhantes.

Nesse sentido, gosto de uma frase de Scott Sagan, professor em Stanford: “A história nos ajuda a calibrar expectativas, estudar onde as pessoas tendem a errar e oferece um guia aproximado do que tende a funcionar. Mas não é, de forma alguma, um mapa do futuro”.

Somente a partir de um plano sob medida em mãos, é que você terá o mapa de navegação que o levará ao objetivo definido e, aí sim, as análises de tendências passarão a ter real utilidade como pontos de atenção, mas as decisões serão tomadas de acordo com o seu plano e não ao sabor dos acontecimentos.

Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.

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