A escassez de bois nos Estados Unidos deve beneficiar as empresas brasileiras que operam nesse mercado. Companhias listadas em bolsa como Marfrig (MRFG3), Minerva (BEEF3) e JBS (JBSS3) têm observado um aumento na oferta de bois no Brasil, resultado da retomada do ciclo pecuário. Além disso, as exportações para a China, principal destino da carne bovina brasileira, estão favoráveis. No entanto, surge a questão: será que vale a pena investir neste setor?
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Para responder essa pergunta é necessário compreender o contexto global. Os Estados Unidos são o segundo maior importador de carne bovina do Brasil. Os rebanhos recuaram para 87,2 milhões de cabeças. É o menor nível desde 1951 de acordo com o USDA (Departamento de Agricultura americano). Isso elevou a demanda por carne brasileira.
O Rabobank, instituição financeira de origem holandesa voltada para o agronegócio, estima que a oferta de carne bovina no Brasil deve permanecer elevada em 2024. Segundo o banco, o aumento significativo no abate de fêmeas em 2023, somado ao maior estoque de machos, fez com que a oferta superasse a demanda, resultando em uma desvalorização recorde do boi gordo.
Em fevereiro deste ano, a cotação do boi gordo na B3 ficou em R$ 235,80, uma queda de 12% em comparação com o mesmo período do ano passado. Para se ter uma base comparativa, o preço do boi no Brasil é de uma média de R$ 226 por arroba, ou seja, por cerca de 14,7 kg. Há um ano, o valor era de R$ 260. Nos Estados Unidos, observa-se um aumento no preço. O valor passou de R$ 420 para R$ 478.
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“Observamos que, no mercado doméstico, o desempenho das empresas do setor de carne e derivados tende a melhorar. Os resultados devem ser impulsionados por previsões de PIB (Produto Interno Bruto) revisadas para cima, bem como pela estabilização dos preços dos insumos”, diz Alexandre Pletes, chefe de renda variável da Faz Capital.
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A expectativa do mercado é que as empresas brasileiras produtoras de proteína animal apresentem resultados sólidos em 2024. O cenário de juros também traz alívio às companhias, pois os frigoríficos são o setor mais alavancado do agronegócio.
“No que diz respeito às exportações, a situação está favorável, principalmente devido à China“, diz Rafael Cota, economista do Grupo Fractal. “Isso se deve ao fato de que um dos principais exportadores, a Austrália, está direcionando parte de suas exportações para os EUA, o que pode beneficiar as empresas brasileiras. Elas podem aproveitar essa oportunidade de importação que se abrirá no continente oriental”.
Apesar do cenário favorável, os especialistas não recomendam investir no setor. O economista alerta que o custo de criação ainda não parou de subir, o que resulta em margens mais apertadas. Além disso, o aumento da oferta deve manter os preços pressionados. E o setor está diretamente ligado às variáveis macroeconômicas. O aumento da inflação, por exemplo, influencia o consumo familiar e o aumento do custo de produção, afetando o resultado das empresas.
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“A Marfrig, JBS e Minerva não são responsáveis pela criação dos animais. Portanto, o gado é considerado sua matéria-prima e chega a representar até 85% de seus custos operacionais”, diz Cota. “ Os custos estão expostos aos preços de mercado, trazendo volatilidade, dependendo do momento do ciclo. O investidor precisa entender que a tese de investimento está de acordo com esses ciclos”.
Quem está melhor no pasto?
Há várias diferenças entre as empresas listadas. A JBS possui maiores linhas de operação e capacidade de gerar caixa, além de ser mais diversificada geograficamente do que a Marfrig. Já a Minerva tem uma maior exposição à China e ao dólar e obtém as maiores margens, além de estar menos alavancada que as demais..
“Entre as empresas citadas, vemos a JBS com uma posição melhor, tendo uma diversificação global, principalmente fora da América Latina. Isso faz com que o endividamento da empresa seja em patamares de custo mais baixos, mesmo com a alavancagem da Marfrig sendo menor”, diz Pletes. “Além disso, a geração de caixa da JBS é substancialmente maior, chegando a R$ 3,4 bilhões no terceiro trimestre de 2023”.
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