Em qual medida a tecnologia é um redutor de custo? Qual o desafio da capacitação para as tecnologias no campo? E as estratégias de financiamento? Como as energias renováveis entram no processo de produção? Essas e outras questões que estão na ordem do dia para a maior parte das propriedades rurais que flertam com a inovação e uma gestão cada vez mais refinada do negócio. E também em uma pesquisa apresentada na quarta-feira (28), na sede da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), entidade que reúne fabricantes de automóveis, caminhões e também máquinas agrícolas, como CNHIndustrial, AGCO, Agrale e Carterpillar.
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A pesquisa “Caminhos da Tecnologia no Agronegócio” é inédita na Anfavea e deve se repetir daqui para a frente, em intervalos de até três anos. Em 2023 e 2024, a entidade realizou pesquisas, mas para os setores de automóveis. “Dois ou três anos de intervalo vai nos dar uma linha clara das tendências no campo”, afirma Márcio de Lima Leite, atual presidente da entidade e vice-presidente de relações institucionais e jurídicas na Stellantis.
Com 60 questões, a pesquisa foi iniciada em 2023 e finalizada em janeiro, coordenada pela SAE Brasil e liderada pela KPMG. No público estavam produtores rurais, cooperativas, indústria de máquinas e equipamentos de tecnologia, prestadores de serviços, com faturamentos de R$ 5 milhões a R$ 3 bilhões ou mais, além de instituições de ensino, pesquisa e governo. Na faixa etária, 54% tinham idades entre 30 anos e 50 anos.
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Observação importante dessa pesquisa é que a conectividade no campo vem sendo percebida como uma tendência emergente e não mais como novidade. “A pesquisa reforça a visão de que há uma tecnologia e ela está consolidada no agro, ela é um vetor de crescimento importante e continuará assim”, diz Leite. “Ainda há muitas oportunidades para destravar o valor no negócio, atreladas à agricultura de precisão e tecnologias digitais e uma grande opcionalidade também relacionada à conectividade, olhando a forma como ela é percebida como tendência emergente.”
Mas as respostas também mostraram que há um desafio de peso relacionado a mão de obra, capacitação e a questão dos custos da tecnologia. “A questão da capacitação precisa ser aprofundada, para entendermos as nuances dessa necessidade”, afirmou o executivo.
Ao conjunto de perguntas sobre o que se considera como certeza absoluta no agro, confira as respostas:
A adoção de novas tecnologias traz maior produtividade, ganhos de performance e redução de custos
A crescente adoção da automatização e soluções mecanizadas nas atividades agropecuárias estão vinculadas a escassez de mão de obra
Novas tecnologias precisam falar a linguagem do produtor rural e ser compatíveis entre sistemas de fornecedores diferentes
A melhor qualidade de vida no campo deve ser uma demanda crescente no Brasil e no mundo, porém o custo da tecnologia no país limita sua adoção em maior escala
O custo da tecnologia limita a sua adoção em maior escala
“A pesquisa também tem um capítulo dedicado à estratégia e decisão de compra, aos principais gatilhos ligados à aquisição de máquinas, por exemplo”, afirma Leite. De acordo com a pesquisa, os produtores que responderam levar de 7 a 10 anos para tomar uma decisão de troca foram: tratores (48% deles) colheitadeiras (39%), plantadeiras (52%) e pulverizadores (45%), sendo esse período considerado o prazo ideal para a renovação do seu parque ante o retorno do investimento dos seus ativos. Produtores também podem antecipar ou postergar compras levando em conta, por exemplo, por risco climático, aspectos regulatórios, legislação, ou novas tecnologias.
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“A nossa percepção era que a perspectiva de preços das commodities seria determinante, mas na verdade ela não foi. Ela foi a terceira opção selecionada como mais frequente. A principal delas foi o juro de financiamento, seguido por disponibilidade de crédito”, diz Leite. “Com relação à origem do capital, o que está bastante alinhado com uma característica muito importante do setor de máquinas agrícolas é o financiamento através de recursos públicos”, afirma. Mas também indica a boa capitalização dos produtores: 27% das respostas mostram que as compras de máquinas são feitas com recursos próprios. É um dos sinais que demonstram o aumento da renda no campo, principalmente nos últimos cinco anos.
A pesquisa avança também sobre canais de venda de máquinas, locação de equipamentos, educação, competitividade, grau do uso de internet no campo e a diversificação de tecnologias, indo o usual GPS a drones. Do início à apresentação foram 18 meses.
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