Após 25 anos de acertos, sinergias industriais e comerciais, mas também rusgas que precisaram ser resolvidas em um tribunal alemão de conciliação em 2021, o grupo brasileiro Caoa e o fabricante sul-coreano Hyundai chegaram a novo acordo de cooperação anunciado na última quinta-feira (29), em São Paulo, SP.
O cenário agora parece bem mais claro e saudável para ambas as partes. O ponto de partida trata da importação pela Hyundai e até fabricação local de modelos convencionais, híbridos e elétricos em um arco de tempo elástico e de acordo com as escolhas do mercado brasileiro.
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Segundo o comunicado oficial, “a Caoa terá participação financeira em todas as importações dos novos modelos Hyundai”. O que se espera é uma ampliação da oferta que incluirá produtos só com motor a combustão, híbridos e elétricos como o SUV de grande porte de sete ou oito lugares Palisade produzido nos EUA e a bem-sucedida linha Ioniq fabricada na Coreia do Sul, respectivamente.
Outra situação que se normaliza é a unificação das redes de comercialização e assistência técnica que estava dividida entre lojas nomeadas pela Hyundai Motor Brasil e as administradas pelo grupo brasileiro. As concessionárias, no total de 250 lojas e oficinas, passarão a atender tanto a linha de importados, quanto os produtos fabricados em Piracicaba (SP), como os HB20, HB20S e Creta e os de Anápolis (GO), a exemplo do New Tucson e do caminhão leve HR.
Uma primeira consequência do novo acordo é a ampliação da linha de produtos fabricados no Estado de Goiás dentro do regime de incentivos fiscais para a região Centro-Oeste, recentemente renovado pelo Governo Federal até 2032 e que inclui também o Nordeste.
A Hyundai Motor Brasil anunciará os seus planos após este acordo no próximo dia 6 de março, já incluindo além dos importados um planejamento de novos modelos para Anápolis. Recentemente a Caoa aumentou seu efetivo de operários na cidade goiana em 1.357 vagas e as instalações fabris mantêm-se entre as mais atuais do País.
Na realidade a fábrica em Goiás, que também produz modelos da chinesa Chery, tem capacidade que pode ser ampliada com um terceiro turno e empregar um total além de 4.000 funcionários. Os investimentos em cabines de pintura, sempre muito altos, poderão ser assumidos pela empresa sul-coreana que mantem grande interesse de crescer no Brasil com modelos de maior valor agregado e rentabilidade superior.
Ao contrário de Piracicaba, onde já trabalha em três turnos, e os três produtos atuais têm menores porte e margem. Por isso sua capacidade de exportar fica prejudicada.
Para Airton Cousseau, primeiro brasileiro a ser nomeado CEO da Hyundai para as Américas Central e do Sul, “a atualização da nossa parceria de longa data com a Caoa vai simplificar e agilizar o crescimento daqui para a frente”. Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho, que continua a dar suporte e abrir novos caminhos iniciados por seu pai (falecido em 2021e fundador do grupo 100% brasileiro), destacou que “a nossa fábrica está totalmente preparada para receber novos produtos e estamos comprometidos em contribuir para que o nosso parceiro alcance novos patamares de vendas”.
Euisun Chung, executivo-chefe mundial da Hyundai, veio ao País na semana passada para anunciar nova rodada de investimentos (US$ 1,1 bilhão, cerca de R$ 5,5 bilhões) até 2032. O montante inclui crescer no setor de hidrogênio verde na América Latina, a partir da expertise do Brasil, líder em energia renovável na região.
*Fernando Calmon é engenheiro e jornalista especializado desde 1967. Estreou sua coluna semanal em 1999 e, em 2015, foi apontado como o mais admirado jornalista automobilístico do País por 400 profissionais do setor. É também consultor técnico de automóveis, de mercado automobilístico e de comunicação.
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