Com 170 milhões de hectares de pastagens e dono do maior rebanho comercial do mundo, o que ocorre no Brasil é alvo global, principalmente em relação ao desmatamento de áreas e também às ações para que ele não avance ilegalmente. Divulgado nesta terça-feira (27), o ranking global de combate ao desmatamento Forest 500, organizado desde 2014 pela ONG inglesa Global Canopy, aumentou a nota da Marfrig em cinco pontos percentuais e manteve a Amaggi em lugar de destaque, empresas de dois setores altamente monitorados.
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A empresa controlada pelo empresário Marcos Molina e com valor atual de mercado da ordem R$ 9,4 bilhões, aparece como a melhor avaliada na categoria de proteína bovina em todo o mundo e a terceira entre as brasileiras. A Amaggi, uma das maiores empresas de originação de soja do mundo, encabeça o top 10 brasileiro e segue em primeiro lugar, pelo terceiro ano consecutivo, como a empresa mais bem pontuada no mundo no Forest 500.
Por ordem, são elas no grupo das brasilerias, além da Amaggi: Suzano, Grupo Ligna (atacadista de materiais de construção), Marfrig, JBS, Minerva, Natura &Co, Cyrela, Dendê do Tauá e Papcen (Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte). A Forest 500 mostra o grau de transparência da exposição e as ação sobre a desflorestação, a conversão e as violações dos direitos humanos e responsabiliza as 500 empresas e instituições financeiras pela sua influência nas cadeias de abastecimento de mercadorias com risco florestal. Na última década, a ONG se concentrou nas commodities que impulsionam mais de dois terços do desmatamento tropical em todo o mundo (sem citar a área total comprometida), entre elas carne bovina, couro, soja, óleo de palma, madeira, celulose e papel.
O que as empresas anunciam, fazem e monitoram é acompanhado à risca pela Global Canopy. “O Amaggi Regenera tem 135 mil hectares de áreas intocadas”, disse Judiney Carvalho de Souza, da Amaggi, em entrevista à Forbes para a lista Forbes Agro100, realizada no final do ano passado. Ele explicou como a empresa tem priorizado ações voltadas ao carbono e à agricultura regenerativa para alcançar o chamado líquido zero, emissões e captura zeradas de gases.
A Amaggi comercializa cerca de 19 milhões de toneladas métricas de grãos e fibras globalmente. “Nossa parceria com a Embrapa, com estudos que até 2025, vão nos orientar cada vez mais.” No ranking da Forest 500, levando em conta todas as empresas, as cinco primeiras do mundo são: abaixo da Amaggi, a Mars Inc. (EUA), a Nestlé (Suíça), e mais duas estadunidenses, a PepsiCo e a Procter & Gamble).
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No Brasil e no nevrálgico setor de proteína animal, a posição da Marfrig mostra o grau de comprometimento do setor. De acordo com Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade e comunicação corporativa da empresa, a posição na avaliação Forest 500 se deve às medidas de sustentabilidade que a companhia vem adotando por meio do seu programa ambiental. “O conjunto da obra é o que faz da Marfrig, hoje, a mais bem avaliada”, diz ele.
Pianez lembra que o Programa Verde+, lançado em meados de 2020, concentra as iniciativas ecológicas da empresa com foco, sobretudo, na rede de fornecedores de gado para abate. A Marfrig investiu R$ 300 milhões nos últimos três anos para organizar a cadeia dos fornecedores diretos, que são aqueles produtores rurais que entregam os animais para o abate, e também os indiretos, que são os produtores de bezerros e invernistas que recriam o animal até a entrada no período de engorda – e que é a parte mais desafiadora no processo.
“Nesses três anos, houve muito foco em controle da origem dos animais, rastreabilidade e suporte à cadeia de fornecimento”, afirma Pianez. Embora o esforço da rastreabilidade continue, a empresa pretende avançar em seu programa, incorporando novas tarefas. “O novo ciclo, anunciado durante a COP 28 (realizada em dezembro de 2023 em Dubai), é para os próximos três anos, ampliando o espectro de frentes em que a Marfrig vai atuar.” Foram anunciados R$ 100 milhões para o início das ações, num planejamento destinado a combater o desmatamento, reflorestar e dar continuidade à regularização de fornecedores.
Pianez informa que esse valor pode aumentar, à medida das demandas. As metas são converter 100 mil hectares de pastagem, recuperar seis mil hectares de florestas nativas e criar um protocolo junto à Embrapa que certificará os produtores com o selo Carne Baixo Carbono, baseado no sistema de ILP (Integração Lavoura e Pecuária). A Marfrig possui 30 mil produtores em sua cadeia direta de abastecimento. “Desde o início de 2021, já regularizamos mais de 3,9 mil propriedades que tinham problemas e ajudamos a solucionar”, afirma o executivo, como documentações e destinação de áreas, por exemplo. O executivo também diz que 20% dos fornecedores ainda precisam se regularizar e, portanto, estão bloqueados.
De acordo com o relatório Forest 500, na última década “as empresas fizeram grandes progressos para evitar a desflorestação, a conversão de área e as violações dos direitos humanos associados a essas práticas. Isto inclui o desenvolvimento de políticas, a sua implementação e a apresentação de relatórios sobre os progressos obtidos.
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Entre as instituições financeiras, as três que forneceram a maior parte do financiamento às empresas da Forest 500 em todo o mundo, nos últimos 10 anos, foram a JP Morgan Chaise (US$ 27 bilhões, ou R$ 133,2 bilhões na cotação atual), Bank of America (US$ 23 bilhões ou R$ 113,5 bilhões) e a Mitsubishi UFJ Financial (US$ 21 bilhões ou R$ 103,6 bilhões).
O desafio dos dados
A metodologia de avaliação da Forest 500 para as empresas está alinhada com a Metodologia Comum da Accountability Framework Initiative, com base em suas publicações, como balanços e relatórios, por exemplo. São avaliadas em quatro componentes: abordagem geral no nível do conselho; força da política/compromisso; abusos associados aos direitos humanos; e implementação e relatórios. Pela primeira vez, em 2023, as empresas e instituições financeiras tiveram a oportunidade de visualizar e comentar sobre a sua avaliação antes da publicação dos dados.
No entanto, quase um quarto (23%) das empresas e instituições financeiras que estiveram na Forest 500 nos últimos 10 anos ainda não publicaram um único compromisso ou política de desflorestação. Entre os grupos que têm ignorado a Global Canopy estão o maior fabricante de calçado da Europa, o Grupo Deichmann, a segunda maior empresa chinesa de alimentos e bebidas, a Bright Food, e uma das maiores empresas de investimento do mundo, a Vanguard.
No atual relatório, a Global Canopy anunciou, também, que realizará e que será entregue em 2025 um grande balanço das empresas e instituições financeiras expostas ao desmatamento, à conversão e aos riscos associados de abuso dos direitos humanos por meio de suas cadeias de fornecimento e carteiras financeiras.
O post Empresas do agro se destacam no Forest 500, o ranking global de combate ao desmatamento apareceu primeiro em Forbes Brasil.