A Índia possui 1,4 bilhão de habitantes, segundo o “Relatório do Estado da População Mundial, 2023” do Fundo de População das Nações Unidas. Tudo no país, para ter efeito, é preciso que ocorra no superlativo e no campo não é diferente. A Índia está entre os maiores produtores globais de açúcar, trigo, milho, arroz, algodão, frutas, especiarias e fertilizantes. O PIB (Produto Interno Bruto) para este ano está estimado em US$ 4,1 trilhões, com crescimento na casa de 6% ao ano (em 2023, o PIB do Brasil foi de US$ 2,13 trilhões).
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O país é a quarta potência agrícola mundial, mas por sua extensão ainda tem muitos desafios. Alguns estão sendo enfrentados, com a inserção das novas tecnologias de produção baseadas em IA (inteligência artificial). Um exemplo é o governo de Telanganá, estado no sul da Índia com 35 milhões de habitantes, que em colaboração com várias organizações de extensão rural e empresas de tecnologia, anunciou em 2021 o projeto piloto do Saagu Baagu. No mais recente levantamento, o programa mostrou que atende 7 mil produtores de pimenta, oferecendo as ferramentas de IA para estimular o aumento da produtividade, o que tem garantido avanços significativos nas fazendas em termos de volume produzido e a integração de tecnologias.
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Em não mais que três anos, a iniciativa introduziu uma série de soluções para ajudar os agricultores. Entre elas está um chatbot do WhatsApp criado em colaboração com a Digital Green, organização que presta serviços de apoio à agricultura familiar, e o desenvolvedor de código aberto Glific, empresa de softwares que atua nas Américas, Ásia e Europa. Esse chatbot fornece aos agricultores sugestões relacionadas aos estágios de maturidade das suas plantações.
Outra iniciativa de apoio ao programa veio da agtech KrishiTantra, que estabeleceu centros de análise de solo equipados com tecnologia de machine learning. Essa inovação agilizou o processo de avaliação das terras, oferecendo aos agricultores percepções rápidas sobre a saúde do solo e recomendações de fertilizantes.
Também a startup de IA, a AgNext, introduziu um sistema de visão computacional para avaliar a qualidade das pimentas diretamente no campo, permitindo que os agricultores identifiquem defeitos e determinem atributos de qualidade como cor, forma e tamanho, aumentando assim o valor da safra e reduzindo o desperdício.
A implementação dessas ferramentas de IA produziu resultados notáveis num programa piloto de 18 meses, abrangendo três ciclos consecutivos de plantio. Os agricultores testemunharam um aumento de 21% na produtividade, além de uma redução no uso de pesticidas e fertilizantes em 9% e 5%, respectivamente. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, os preços de venda aumentaram 8% como resultado. O governo de Telangana expandiu o programa para incluir outros 500 mil agricultores de várias culturas, endossando o resultado obtido pelo programa.
O sucesso do Saagu Baagu ilustra o vasto potencial da IA para revolucionar a agricultura indiana. O programa indica um futuro brilhante, abrindo caminho para mais inovações e investimentos nesse campo.
O impacto da IA na agricultura está se tornando cada vez mais profundo, revolucionando as práticas agrícolas tradicionais em todo o mundo. As tecnologias orientadas por IA oferecem soluções para uma variedade de desafios enfrentados pelos produtores rurais, como a otimização dos cronogramas de plantio, o monitoramento da saúde das culturas, a previsão de infestações de pragas e estimativas mais acuradas sobre produtividade. Esses avanços não só aumentam a eficiência e o rendimento das colheitas, mas também contribuem para práticas agrícolas sustentáveis, reduzindo o uso excessivo de água, fertilizantes e pesticidas.
Hoje, outras iniciativas semelhantes ao programa Saagu Baagu, de Telangana, estão sendo replicadas na Índia. Por exemplo, no estado de Andhra Pradesh, vizinho a Telanganá, a Microsoft passou a fornecer aos agricultores mensagens de texto orientadas por IA que dão avisos sobre a semeadura, o que levou a um aumento de 30% no rendimento das colheitas.
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Além disso, a colaboração da Microsoft com a United Phosphorous, a UPL – uma das maiores empresas de fertilizantes do mundo, com subsidiária no Brasil –, resultou na criação da API Pest Risk Prediction, que aproveita a IA para prever ataques de pragas e reduzir as perdas na safra. Mais uma ação de destaque ocorre em Karnataka, no estado vizinho de Telanganá, onde o governo está usando a IA para prever os preços das commodities agrícolas, permitindo que os agricultores tomem decisões balizadas sobre a venda dos produtos.
Esses exemplos mostram a crescente influência da IA na agricultura, destacando seu potencial para tratar de problemas críticos enfrentados pelos agricultores nos países em desenvolvimento e, ao mesmo tempo, promover práticas agrícolas sustentáveis e lucrativas em todo o mundo.
*Janakiram MSV é colaborador da Forbes EUA, professor do Instituto Internacional de Tecnologia da Informação no curso de mestrado e consultor. Foi um dos primeiros profissionais certificados pela Microsoft Azure na Índia. Também é um dos poucos profissionais com credenciais Amazon Certified Solution Architect, Amazon Certified Developer e Amazon Certified SysOps Administrator. No Google, é reconhecido como GDE (Google Developer Expert) por sua experiência em tecnologias de nuvem e IoT.
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