Lançamento oficial será no começo de março, quando se poderá avaliar o carro de perto, sentir como será seu comportamento dinâmico e desempenho do conjunto motor-câmbio. Nas concessionárias as entregas começarão em 19 de março. Mas desde já a Renault apresentou numa live estática, no começo desta semana, tudo sobre o Kardian.
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Trata-se de um SUV compacto de clara derivação de hatch, porém com arquitetura e mecânica totalmente novas. Traz para o Brasil a plataforma CMF-B, que dá origem a vários Renaults na Europa e estará também em outros produtos do grupo francês na Turquia, Marrocos e Índia. Aqui, além de abrir outras frentes por meio de um futuro SUV médio para preencher a vaga do Captur, entrará numa faixa do mercado nacional bastante disputada e rentável.
Veja fotos do Renault Kardian:
O Kardian tem 2.604 mm de entre-eixos, 4.119 mm de comprimento, 1.773 mm de largura, 1.544 mm de altura e massa em ordem de marcha de 1.190 kg. Porta-malas ótimo de 410 litros e tanque de combustível de 50 litros para bom alcance urbano e rodoviário.
Destaques de estilo para a grade do radiador, teto e rodas bitom de até 17 pol. nas versões mais caras, rack de teto (pode ser reposicionado transversalmente) e conjuntos óticos dianteiro e traseiro. No interior, uma nítida evolução com painel moderno, tela multimídia de 8 polegadas, Android Auto, Apple CarPlay (espelhamento sem fio), carregador de celular por indução (só na versão mais cara), um volumoso console central e freio de estacionamento eletromecânico.
A Renault, além dos seis airbags, ainda avançou nos sistemas eletrônicos de assistência ao motorista para o Kardian. São 13 no total, com destaques para alertas de colisão frontal, distância segura, ponto cego, frenagem autônoma de emergência e câmera multivisão. Volante novo tem regulagens de altura/distância e alavanca de câmbio, sem cabo físico, do tipo joystick.
Trem de força é totalmente novo e um dos seus pontos mais fortes. Motor flex 1.0 turbo, de 125 cv e o maior torque nesta cilindrada (22,4 kgfm). Já a caixa de câmbio automatizada de dupla embreagem e seis marchas garante sempre mais prazer. Não há previsão de uso de motor de aspiração natural nem de câmbio manual, salvo para exportações.
Do ponto de vista dimensional, o Kardian se aproxima mais do Pulse, C4 Cactus, Renegade e até do Nivus (maior em comprimento, menor em entre-eixos). São três as versões em pré-venda com preço de lançamento: Evolution, R$ 112.790; Techno, R$ 122.990 e Première-edition, R$ 132.790.
EUA, Europa e Brasil: cenário confuso para elétricos
Embora os veículos elétricos a bateria (VEB) tenham alcançado 8% do mercado americano em 2023, permanecem informações de que a expansão continua, porém, o ritmo já é bem menor. Há sinais controversos sobre as estatísticas e algumas fontes apontam para estagnação nas vendas ou mesmo leve diminuição em 2024.
De modo surpreendente, o governo dos EUA mudou de ideia e em breve anunciará uma revisão das metas, segundo a agência de notícias Reuters. A exigência inicial era de que 60% da produção em 2027 fosse de VEB e 67% até 2032 para cumprir regras de emissões mais rigorosas. O que se prevê é baixar o objetivo para 40% ou 50%, em 2030, a pedido da GM, Ford, Stellantis, Toyota e Volkswagen ao argumentarem sobre dificuldades à frente.
Está em curso uma redução generalizada de preço dos VEB, inclusive por parte da Tesla que lidera com folga esse mercado. Mas para ser sustentável deve-se esperar que o preço do lítio continue a cair. Também há grande procura por fontes de grafite para os anodos das baterias, depois de a China cortar suas exportações desse material após os EUA trancarem as portas para elétricos chineses ao impor tarifas elevadas.
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No Reino Unido há multas pesadas para fabricantes que não cumprirem exigências ainda mais restritas que as dos EUA, principalmente para os próximos dois anos. Mas a JLR (atual nome da Jaguar Land Rover) anunciou que lançará novos híbridos plugáveis (PHEV) para atender à recente forte demanda e atrasaria alguns modelos elétricos. A Volvo, ao contrário, afirma que em 2030 só produzirá elétricos, descartando a produção de PHEVs até lá. Conseguirá?
Já é quase certo que veículos a combustão poderão continuar à venda na Alemanha, desde que usem gasolina sintética. Como peso do país (maior mercado do bloco) dentro da União Europeia é muito grande e a Itália já sinalizou apoio, não se descarta mudar a meta para 2035, que vai impor comercialização apenas de VEBs daquele ano em diante. Prevê-se queda de 14% nas vendas de VEBs, em 2024, com o fim dos subsídios alemães.
No Brasil, o mês passado apontou súbito volume de vendas de elétricos, puxado pela BYD e especificamente o Dolphin. No entanto, a marca chinesa acelerou as importações no quarto trimestre de 2023 para se blindar do imposto de importação, reiniciado de forma escalonada em 1º de janeiro último. Sua maciça campanha publicitária pela TV nos últimos meses continua, em fevereiro, mantendo o clássico apelo “compre antes do aumento”. Só em abril o cenário aqui estará mais claro.
Uma fera para acelerar: Mustang Mach-E GT Performance
Uma das características dos motores elétricos é a entrega quase instantânea de potência e torque às rodas. No caso do Mustang Mach-E GT Performance as costas e a cabeça do motorista (e dos passageiros) colam no banco de forma impressionante.
Afinal, são dois motores, um para cada eixo, totalizando 487 cv e 87,7 kgfm. Mesmo com uma massa total de 2.278 kg e aceleração de 0 a 100 km/h em 3,7 s, o que chama atenção em particular é a “pancada” inicial ao retirar o SUV cupê de quatro portas da inércia.
As linhas, obviamente, não são tão harmoniosas como as do Mustang tradicional, um cupê de duas portas. Entretanto, o grande teto solar fixo e as maçanetas com botões discretos para abertura elétrica das portas destacam-se, além do coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,29.
Outra vantagem: dois portas malas, o dianteiro de 140 litros (abriga cabo e recarregador portátil de 7 kW AC) e o traseiro, 402 litros. O interior bastante amplo reflete a generosa distância entre eixos de 2.984 mm, o que garante confortável espaço para cinco ocupantes.
Acabamento interno de alto nível só é ofuscado pela enorme tela multimídia vertical de 15,5 polegadas, fácil de operar e com o indispensável botão giratório para volume e regulagem da temperatura do ar-condicionado. Além do GPS nativo, há espelhamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay com carregador por indução.
Vem do México, sem imposto de importação, por R$ 486 mil.
*Fernando Calmon é engenheiro e jornalista especializado desde 1967. Estreou sua coluna semanal em 1999 e, em 2015, foi apontado como o mais admirado jornalista automobilístico do País por 400 profissionais do setor. É também consultor técnico de automóveis, de mercado automobilístico e de comunicação.
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