Chris Blackerby passa muito tempo pensando em lixo — especificamente, “lixo espacial” ou “detritos cósmicos”. Ele faz isso por uma boa razão: existem mais de 9.000 satélites orbitando a Terra atualmente e, até 2030, serão cerca de 60.000. Embora a órbita da Terra seja imensa, muito lixo pode interferir nos satélites de comunicações, informações meteorológicas e outras notícias importantes para os habitantes terrestres.
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Com a Starlink, de Elon Musk, programada para lançar pelo menos mais 4.000 satélites nos próximos anos e a Shanghai Spacecom Satellite começando a construção de uma constelação de 12.000 dispositivos espaciais próprios, Blackerby, COO da startup de serviços orbitais Astroscale, tem muito trabalho pela frente. “Quando a Astroscale começou, quase 11 anos atrás, eu trabalhava para a NASA e pensava: ‘Quem vai ganhar dinheiro com isso? Ninguém está pensando em satélites”, conta.
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No entanto, não são apenas os satélites ativos que representam problemas para o tráfego espacial. Existem também os satélites abandonados, bem como satélites destruídos. Além de restos de lançamentos de foguetes antigos e detritos de missões espaciais.
Tudo isso faz com que alguns astrofísicos se preocupem com o cenário teórico chamado “Efeito Kessler”, que é usado para descrever uma reação em cadeia interminável de colisões de satélites que, com o tempo, tornará quase impossível fazer qualquer coisa no espaço (incluindo comunicações via satélite, previsão do tempo e GPS, sem mencionar o sonho de Elon Musk de um dia morrer em Marte). “Todos os dias pensamos nessa possibilidade caótica. A preocupação já começou”, disse Blackerby à Forbes.
Agência Espacial Japonesa e o primeiro lançamento
A Astroscale acabou de atingir um marco importante em sua missão de desenvolver tecnologias para limpar detritos espaciais da órbita da Terra. No domingo, a empresa lançou com sucesso seu satélite ADRAS-J, um primeiro passo rumo ao seu objetivo. A empresa, sediada no Japão, teve subsídio da Agência Espacial Japonesa (JAXA).
Ao longo dos próximos dias, o satélite ADRAS-J se aproximará de uma peça de um antigo foguete deixado para trás pela JAXA em 2009. Esta peça específica de lixo espacial tem o tamanho de um trator e não há maneira fácil de retirá-la da órbita. Mas enquanto estiver lá em cima, existe o risco de colidir com satélites ativos ou se romper acidentalmente. Isso não é uma preocupação teórica. Em 2022, outro pedaço de foguete do mesmo modelo se desintegrou em 23 peças que ainda estão orbitando o planeta, cada uma representando diversos riscos para outras espaçonaves.
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O ADRAS-J está equipado com uma série de câmeras digitais e infravermelhas, e outros sensores que serão usados para avaliar o estágio do foguete abandonado. Após as medições, ele determinará sua integridade estrutural. Então, a Astroscale usará esses dados para informar uma segunda missão, desta vez com uma espaçonave equipada com braços robóticos que empurrarão os detritos em direção à atmosfera da Terra, onde queimarão inofensivamente.
Se a Astroscale conseguir fazer isso, será a primeira vez na história. A empresa tem trabalhado para este marco desde sua fundação em 2013. A missão é a primeira de um negócio que espera incluir um dia o reabastecimento e reparo de satélites existentes.
A Astroscale arrecadou quase US$ 383 milhões em investimentos até o momento. Mas ela não está sozinha. A Pitchbook estima que startups focadas em detritos espaciais já arrecadaram mais de US$ 860 milhões desde 2015. Algumas dessas empresas são concorrentes da Astroscale trabalhando em suas próprias soluções para desorbitar satélites. Outras, como a Leolabs, sediada na Califórnia, estão construindo a infraestrutura necessária para ajudar satélites a navegarem ao redor de detritos espaciais.
Apesar do aumento no número de negócios, ainda estamos nos primeiros dias. Chris Quilty, analista da indústria espacial, disse à Forbes que o mercado precisará de um impulso para fazer as pessoas gastarem dinheiro com empresas como a Astroscale. No curto prazo, os fundos para missões de limpeza de detritos espaciais provavelmente virão de governos, de acordo dom Quilty.
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