Fundador do Grupo Pão de Açúcar e um dos empresários mais importantes do Brasil, Abilio Diniz morreu no último domingo (18), aos 87 anos. O empresário estava internado no hospital Albert Einstein em São Paulo há alguns dias e foi vítima de insuficiência respiratória em função de uma pneumonite.
Abilio deixa cinco filhos, esposa, netos e bisnetos, além de um grande legado para o empreendedorismo brasileiro.
Ele construiu um império do varejo e se tornou um dos empresários mais ricos do país. Sua fortuna é estimada em US$ 2 bilhões (R$ 9,9 bilhões), segundo a lista de bilionários da Forbes, o que o posiciona em 1527º lugar no ranking.
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Veja as lições deixadas por Abilio Diniz – para o sucesso nos negócios e na vida
Comece cedo e conheça o negócio por dentro
Abilio Diniz, o mais velho entre seis irmãos, começou a trabalhar aos 13 anos. “Éramos muito humildes. Minha mãe teve seis filhos, todos em casa”, disse o empresário em entrevista à Forbes para a matéria de capa da edição de junho de 2017.
Seu pai, o português Valentim dos Santos Diniz, que emigrou para o Brasil muito jovem, era padeiro. Abriu uma doceria que batizou de Pão de Açúcar. “Ele me incentivava a participar. O que eu mais gostava era de ir com o motorista fazer entregas”, disse Abilio, que viveu dentro do negócio.
Ponha a mão na massa
“Uns sonham com o sucesso, nós acordamos cedo e trabalhamos duro para consegui-lo”
Quando a família expandiu os negócios e abriu um bufê, Diniz ia em igrejas e cartórios para descobrir os próximos noivos. “Eu telefonava ou ia de porta em porta oferecer os serviços do bufê”, lembra. “Começamos a ter uma vida melhor quando abrimos o primeiro supermercado, em 1959″, disse. Quando o grupo começou a expandir e comprar lojas, Abílio ia pessoalmente visitar os pontos para entender se seriam um bom local para abrir um mercado.
Durante décadas, Abilio Diniz esteve à frente do Grupo Pão de Açúcar, tornando-se um dos maiores empresários do país. Aos 87 anos, ele ainda era um dos principais acionistas do grupo Carrefour Brasil, ocupando a vice-presidência do colegiado da varejista.
Por meio da Península, que administra os investimentos de sua família, Abilio também possui participação relevante no francês Carrefour, com quase 14% de fatia nos direitos de voto no segundo maior grupo varejista do mundo.
Na mesma entrevista à Forbes, Abilio revelou nunca ter pensado em parar de trabalhar. “Simplesmente porque curtir a vida, para mim, é fazer o que eu faço: trabalhar, praticar esportes e ficar com a família. Vou trabalhar enquanto me sentir bem. Gosto de pensar em estratégias, de estar sempre bolando algo novo para fazer.”
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Saiba que o poder tem seu preço
No final dos anos 1980, o patriarca, Valentim dos Santos Diniz, dividiu as ações da empresa entre os filhos de acordo com a participação real de cada um nos negócios da família. Abilio recebeu a maior parte. Alcides e Arnaldo, os irmãos que lideravam as áreas de operação e comercial, questionaram a divisão acionária. Cada um dos filhos recebeu 8% (e as filhas receberam 2%), enquanto Abilio ficou com 16% da companhia. A mãe, Floripes, e as irmãs, ficaram contra ele. A disputa foi longa, afetou os negócios e só acabou em 1994, quando Abilio Diniz assumiu os negócios de vez. As relações com a família, no entanto, nunca voltaram a ser como antes.
Não fuja das brigas
O Pão de Açúcar abriu capital na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), atual B3, em 1995, captando cerca de US$ 110 milhões. Dois anos depois abriu capital na Bolsa de Nova York arrecadando mais de US$ 172 milhões. Os recursos permitiram ao grupo fazer novas aquisições, comprando as redes Mambo e Barateiro. Nos anos 1990 Diniz tentou fechar outra parceria internacional. E fechou um acordo com o grupo francês Casino, chefiado pelo executivo Jean-Charles Naouri.
O Casino pagou R$ 1,5 bilhão em 1999 por 22% do capital do Pão de Açúcar. Em 2005, os franceses injetaram mais R$ 2 bilhões no Pão de Açúcar. O contrato elevou a participação do Casino para 50% e garantiu ao grupo uma opção de compra para assumir o controle do Pão de Açúcar em 2012.
Na época, Diniz, que negociou o acordo ao lado da filha Ana Maria Diniz, disse ter rezado na catedral de Notre Dame, em Paris, antes de assinar o acordo. Durante muito tempo, Diniz tentou impedir o negócio e, em 2011 tentou costurar uma fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour, arquirrival do Casino na França. Naori contestou a tentativa na Justiça.
A paz só seria fechada em 2013, quando o Casino assumiu o controle do Pão de Açúcar. Diniz trocou suas ações ordinárias por preferenciais, sem direito a voto, e renunciou ao cargo de presidente do Conselho do Pão de Açúcar.
No ano seguinte, o empresário investiu pesadamente na BRF, empresa resultante da fusão da Sadia com a Perdigão, e comprou 10% das ações do Carrefour. Ainda hoje a família é o segundo maior acionista do varejista francês, perdendo apenas para a família fundadora.
Cuide da saúde
“Comecei a fazer 80 anos com 29”
Aos 29 anos, já bem-sucedido, Abilio conta que começou a cuidar da sua saúde, física e mental, com exercício e análise duas vezes por semana. “Envelhecer é uma certeza. Envelhecer bem é uma escolha”, disse ele em seu TED Talk.
Sua rotina também mudou com a chegada dos dois filhos (10 e 7 anos) do segundo casamento. Acordava às 5h30, fazia duas horas de exercício, crioterapia e sauna. Antes dos pequenos, praticava esportes três vezes por dia.
Sua familiaridade com atividades físicas e suas pesquisas na área de longevidade e qualidade de vida fizeram dele um grande conselheiro. “No meu primeiro livro, eu dizia ‘faça qualquer esporte; desde que você se sinta bem, qualquer um vale’. No segundo, mudei: primeiro você precisa saber o que espera do esporte – é competição, lazer, distração, saúde? Se for saúde, por exemplo, esportes de endurance (maratonas, triatlos) não são a melhor coisa.”
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