Uma nova geração de enólogos está mudando as vinícolas argentinas

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Jovens enólogos argentinos começam a ganhar fama no mundo dos vinhos

A Argentina é uma grande produtora de vinhos, mas também uma grande consumidora. Do total engarrafado, os argentinos tomam 70% do que vai para o mercado. O restante é exportado para países como Estados Unidos, Brasil, Reino Unido e Canadá, que são seus principais clientes. As vinhas tomam cerca de 200 mil hectares, dos quais 190 hectares são de variedades de uvas que dão origem aos vinhos de melhor qualidade.

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O enólogo, palavra grega que significa ‘estudioso de vinhos’, é a figura mais importante das inúmeras e famosas bodegas, algumas reconhecidas internacionalmente. Em muitos casos, a fama da vinícola está intrinsecamente ligada a ele, ou ela, profissional que se dedica à ciência dos vinhos e que é especialista em diferentes aspectos da elaboração, consumo e distribuição da bebida. Confira quem são as estrelas da nova geração de enólogos argentinos, antes de abrir a próxima garrafa:

María Agustina Hanna, da vinícola Ruca Malen: uma função mais próxima do consumidor

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Hanna diz que atualmente há uma mudança estilística nos vinhos

Ela tinha apenas nove anos quando visitou uma adega pela primeira vez, numa excursão escolar, e viu despertar seu interesse pela enologia ao avistar o vinhedo em plena colheita. Nascida em 24 de maio de 1990, Hanna recorda: “Ainda me lembro da remontagem (etapa da vinificação) enchendo a vinícola de cores e perfume, as pessoas indo e vindo por todos os lados e aquela adrenalina no ar. Foi um momento mágico, onde nasceu a vontade de me dedicar à produção de vinho.”

Sem pensar muito, ao terminar o ensino médio, Hanna matriculou-se na Universidade Juan Agustín Maza, em Mendoza. Sua primeira experiência profissional foi na Bodega Monteviejo, em 2010. Ela garante que continua com a mesma curiosidade e vontade de aprender mais.

Depois, passou pela Catena Zapata, Zuccardi, Rolland, Nieto Senetiner e Cadus Wines, todas bodegas na Argentina. Teve também a oportunidade de trabalhar na Espanha, nas bodegas El Grillo y la Luna, em Somontano, e Señorío de Otazu, em Navarra; e também na França (Vignoble Rasse en Provence), que considera um país igualmente enriquecedor. Para ela, algo essencial na sua formação foi observar a paixão de cada líder para fazer o melhor vinho possível e a generosidade deles em ensinar e treinar a equipe.

Hanna afirma que a sua melhor colheita foi em 2021, pois era a primeira experiência 100% à frente de um projeto: “significou também uma mudança de rumo e a criação de um novo portfólio para a Ruca Malen”. Mas ela acredita que o seu melhor vinho ainda não chegou: “Sou muito exigente”, define. Ainda assim, revela que o rótulo Capítulo 3, da Ruca Malen, representa um pouco essa aspiração, sobretudo porque o melhor vinho depende do momento em que é feito.

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Na relação com os enólogos mais antigos, ela não poupa elogios: “foram eles que nos abriram as portas e posicionaram a Argentina como um país produtor de alta qualidade, fortalecendo o Malbec e revelando nosso potencial.” No que diz respeito aos jovens, Hanna acredita que eles gozam de um maior grau de liberdade, para continuar a explorar e aprofundar os terroirs e diversificar estilos.

Atualmente, o papel do enólogo não é só a portas fechadas, mas olhando para o mercado de maneira ampla e conhecendo produtores de outras regiões. Hanna diz que atualmente há uma mudança estilística nos vinhos “para um perfil onde a pureza da fruta e a energia é o que marca a personalidade. Para isso, começamos a trabalhar com novas técnicas de vinificação, muitas das quais aprendi no estrangeiro, e também incorporamos novas regiões para proporcionar uma maior diversidade de texturas e aromas.”

A questão do cuidado com o meio ambiente também não ficou de fora. No seu caso, a adega é certificada como biológica desde 2020, o que o inspirou a realizar todas as vinificações sob a mesma filosofia de produção. “A partir daí, juntamente com a equipe de agronomia, começamos a trabalhar para certificar a nossa vinha.”

A Ruca Malen produz cerca de 500 mil litros por ano. Possui um portfólio muito versátil com quatro linhas, cada uma rotulada em capítulos. No total são 18 vinhos com lotes limitados. Trabalham com diferentes microrregiões no Valle de Uco e Luján de Cuyo, entre as quais estão cultivos de chardonnay, sauvignon blanc, semillon, garnacha, pinot noir, malbec, cabernet sauvignon, cabernet franc e petit verdot. “Meus favoritos na hora de fazer vinho são malbec e sauvignon blanc”, diz a enóloga.

Emmanuel Alejandro Morales, da vinícola Humberto Canale: uma marca para o Alto Valle

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“Somos encorajados a criar coisas novas, como técnicas e tendências de vinificação”, diz Morales

Oriundo da Patagônia Argentina, Emmanuel Alejandro Morales nasceu em 1991 em Cipolletti, Rio Negro. Ele conta que desde muito jovem teve curiosidade pelo universo do vinho. “Minha avó paterna sempre me contava histórias sobre a vinícola onde trabalhava (a Bodega Cunti, em Allen), assim como minha mãe trabalhava numa pequena vinícola em Fernández Oro.”

Morales formou-se numa escola técnica em viticultura e fez estágios em vinhedos, convencendo-se de que esse era o seu caminho. Estudou enologia na Universidade de Rio Negro, onde teve como professores duas grandes referências da Patagônia, Marcelo Miras e Horacio Bibiloni.

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A sua primeira experiência como enólogo foi numa pequena adega familiar, como responsável técnico pela produção, conservação e corte do vinho. Trabalhou na Bodega Aniello (Mainqué), em 2015, como operador, enquanto estudava enologia. Foi nessa época que aprendeu trabalhos fundamentais em vinícolas, como limpeza de vasos, filtração e manutenção de máquinas.

Em 2018, teve a oportunidade de ingressar na Humberto Canale com a ajuda do enólogo chefe Horacio Bibiloni. Morales afirma que a melhor colheita foi a de 2020, pois “os vinhos deste ano destacaram-se pela cor, intensidade dos aromas, fruta fresca e taninos agradáveis”.

Ele acredita que as novas gerações de enólogos são mais livres, pois “somos encorajados a criar coisas novas, como técnicas e tendências de vinificação”. Pessoalmente, diz que conseguiu impor novas determinações analíticas e implementar novos equipamentos em laboratório, bem como técnicas de vinificação de vinhos brancos. “Ainda não fiz o meu melhor vinho. Estou muito ansioso pela colheita de 2024, para poder fazer o meu primeiro vinho de assinatura, que terá o nome do meu filho, Maximiliano”, afirma.

Victoria Brond, da Bodega Alpamanta: trabalhando em quatro dimensões

Arquivo Pessoal

Victoria Brond faz vinhos orgânicos e biodinâmicos

Nascida na cidade de Mendoza, a produtora conta que desde muito jovem teve a sorte de contar com sua mãe – conhecendo a paixão pelos processos criativos e pela natureza –, para ter a formação necessária e que depois pudesse frequentar uma escola agrícola e enológica. Brond se tornou uma enóloga técnica, em seguida estudou Enologia e Indústrias na Universidade de Maza e posteriormente formou-se em Agricultura Biodinâmica na Associação de Biodinâmica.

Nessa trajetória, foi estágio no Instituto Nacional de Viticultura, durante cinco anos, que bancou financeiramente seu diploma universitário, além de ter ganhado experiência em análise de vinhos. Brond trabalhou na Chandon​ ​e aprendeu a atuar em grandes empresas. Também passou pela Bodega del Fin del Mundo, onde gerenciou um projeto de espumantes, e pela Nieto Senetiner, onde foi chefe de enologia.

Hoje, ela tem um lugar garantido em Alpamanta, onde se faz vinhos orgânicos e biodinâmicos. “Em 2021, fizemos um novo vinho chamado Respeito, que é uma bebida das quatro dimensões, onde trabalhamos as relações entre solo, vigor e cacho, fazendo interpretações de populações definidas e colhendo apenas as uvas do primeiro cacho.”

A vigneron também tem muito orgulho do Vermute orgânico e biodinâmico feito com chardonnay e sauvignon blanc, encabeçado com brandy destilado e macerado com 12 espécies botânicas. A Alpamanta produz cerca de 150 mil litros de malbec, cabernet sauvignon, chardonnay, sauvignon blanc, merlot, petit verdot, grüner veltliner, criolla grande.

Emmanuel Gastón Gómez, da vinícola Viñas Nant & Fall: uma viticultura para o Sul

Acervo pessoal

Para Emmanuel Gómez, produtor precisa de identidade para seu terroir e vinhos

Gómez nasceu em Mar del Plata em 1988 e, ao chegar com a família a Treveli, vivenciou um período importante para a sua profissão. Com a ideia de uma mudança de vida, chegaram a esse povoado na serra de Chubut, ele e seu pai, Sergio Rodríguez, onde tiveram a ideia de plantar um vinhedo no final de 2010, para onde levaram mudas de pinot noir.

Formado técnico em aquicultura e processamento de pescado, atualmente está concluindo o curso técnico em Enologia na Universidade Mazza, de Mendoza. Como enólogo, ele já tem uma grande experiência: começou em 2016, com sua primeira garrafa de vinho. “Tínhamos terminado a nossa primeira vindima e foi também a primeira vez que se produziu uvas naquele local. Tive o papel de transformar aquela uva em vinho, depois de muitos anos de trabalho”, afirma ele.

A experiência de Gómez vem da Nant & Fall, um projeto familiar a que se dedica totalmente. Porém, há três anos começou a assessorar outros projetos. “O melhor que podemos dar a um produtor não é uma receita, mas a identidade do seu terroir e vinhos”, diz Gómez. Na sua opinião, a melhor safra que produziu foi em 2017, quando tudo, recorda ele, saiu perfeitamente. Embora afirme que não tenha nenhum vinho favorito, admite ter uma “queda” pelo riesling, porque traz muitos desafios; e pelo pinot, que é uma casta emblemática da Patagônia, “rebelde como a própria região”.

Ele acredita que a nova geração de enólogos busca muito mais o frescor, expressando o lugar. A enologia antiga estava muito focada na concentração de álcoois e madeira. “Acho que há um antes e um depois da chegada dos jovens, mas com uma comunicação muito boa com os mais velhos.”

Entre as conquistas que alcançou, a que mais Gómez se orgulha é manter uma identidade para os vinhos Trevelin, além de cuidar da colheita e instalar algo novo para a região como o enoturismo. Atualmente, as Viñas Nant Y Fall têm uma produção de 8 mil litros por ano, 10 mil garrafas e cepas muito especiais como riesling, chardonay, pinot noir e pinot gris.

Farid Tello Najul e o sonho da própria vinha: “o vinho é um reflexo fiel do terroir”

Acervo pessoal

Farid Najul é um dos três agrônomos da vinícola La Plata

Farid Sebastián Tello Najul é natural de General Roca, no Rio Negro. Desde muito jovem, filho de produtores de uva, se apaixonou pelo aroma da adega, da vindima, viveu seu auge e o crepúsculo. “Na minha casa, bebia-se vinho e o vinho reunia toda a família. Éramos produtores de uva. Com o passar dos anos de queda da indústria do vinho em Río Negro, meu pai não conseguiu comercializar suas uvas e lá começamos a aprender esse ofício de fazer vinhos”, diz ele.

Primeiro, a família comprou uma prensa que um vizinho da casa na Roca tinha para fazer vinho caseiro, da fruta de uma videira que servia para dar sombra ao carro. Outro produtor lhe vendeu um Bordeaux e muitos conselhos. E foi assim que começou a sua ligação com o vinho, aos 12 anos.

Najul estudou na Universidade de La Plata, com foco em cultivos intensivos, no curso de ciências agrárias. Antes de se formar, recebeu uma bolsa e estagiou por meio de um acordo de intercâmbio destinado a promover a federalização do país, e optou pela Faculdade de Agricultura de Chacras de Coria, onde desenvolveu todas as disciplinas de enologia e viticultura. Hoje, Najul é um dos três agrônomos de La Plata que podem assinar como gerente de vinícola.

Entre suas primeiras experiências no campo, destaca-se um trabalho articulado pelas faculdades de Cuyo e de La Plata e a Universidade Comahue, com pesquisas sobre leveduras nativas que foram feitas em parte nos Viñedos San Sebastián, que é a vinícola da família de Najul. Eles descobriram leveduras nativas e as apresentaram no Congresso da OIV (Organização Mundial do Vinho e da Vinha).

Najul já trabalhou na bodega Luigi Bosca, onde foi operador de armazém. Também esteve na Lagarde. Depois retornou ao Vale e trabalhou num projeto familiar. Na região, esteve em Aniello, com sua esposa Marina — também engenheira agrônoma — para trabalhar na Casa Yagüe. Outra experiência foi passar pela bodega Otronia, onde esteve mais focado na vinha como agrônomo responsável pela produção.

Ele acredita que tanto os enólogos mais velhos como os mais jovens se complementam. “O jovem tem energia, malícia para fazer algo inovador e os mais velhos são mais conservadores em muitos casos. Gosto de ouvir os enólogos mais velhos porque são um livro aberto e têm muitas colheitas no currículo”, diz ele.

Najul sustenta que uma das suas principais contribuições é considerar que “o vinho é um reflexo fiel do terroir”. Além do solo, o clima e o capital humano são essenciais na vinificação. Uma identidade das pessoas que trabalham na vinha. “O vinho é a bebida mais honesta que podemos encontrar”, diz ele. Sua variedade preferida é a pinot, tanto para trabalhar quanto para beber.

Mauricio Ortiz, da Bodega Antucura: vinhos com sotaque francês

Acervo pessoal

Mauricio Ortiz diz que passou por grandes escolas onde aprendeu a fazer de tudo

Mendocino, Mauricio Javier Ortiz nasceu em 1989 e desde muito jovem teve a oportunidade de viver a 50 metros de uma vinha. Isso o marcou. Formado na Universidade Juan Agustín Maza, fez seu primeiro vinho na garagem de um amigo, ainda no primeiro ano de faculdade.

“Com zero recursos, mas com muito entusiasmo e criatividade, conseguimos fazer um vinho bastante bebível”, lembra Ortiz. Entre os trabalhos mais importantes pelos quais passou, ele destaca a Bodega Poesía, “uma grande escola, onde fiz e aprendi a fazer tudo”. Depois, viajou pela França, e esteve no Chateau Barde Haut (Saint Emilion-Bordeaux), onde enfrentou uma vindima difícil (2013) porque choveu muito — mas foi a oportunidade de aprender técnicas de evitar oxidações e defeitos. Ortiz também passou pela Staglin Family Vineyard, nos Estados Unidos, onde aperfeiçoou-se na gestão das macerações e na relação com os tempos de contato com os barris de carvalho.

Finalmente, ela chegou à vinícola Antucura, onde trabalha atualmente. Sobre a adega, destaca: “Aprendi a tomar decisões que envolviam grandes riscos e benefícios, com acertos e erros. Aqui, entrei muito jovem como o primeiro enólogo.” Ele recorda a colheita de 2021 como emblemática e o vinho Collection Merlot 2018 como um dos melhores, porque “é um grande expoente da casta e com uma complexidade incrível: parecem cinco vinhos dentro de um.”

Quanto à nova geração de enólogos, assume que “entre os jovens partilhamos mais as nossas experiências, as nossas técnicas para crescer não só individual e coletivamente, mas como produtores de vinhos argentinos”. A Vinícola Antucura produz cerca de 200 mil litros. Suas cepas são pinot noir, merlot, malbec, cabernet sauvignon, cabernet franc, syrah e petit verdot.

Lucca Stradella, da Cimarrón Wines Co.: uma família e muitos sonhos

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Lucas Stradella conta que os passeios com o avô eram para aprender mais e mais sobre a vinha

Lucca Stradella pertence a uma das famílias historicamente mais ligadas ao vinho argentino, a Família Bianchi. Nasceu em 22 de setembro de 1993, na província de Mendoza. “Desde muito jovem que estou rodeado de vinhas. As visitas às vinhas eram frequentes, e os passeios com o meu avô eram para aprender mais e mais sobre a vinha e o vinho. Sempre se tratou de experimentar o vinho por dentro, procurando manter com ele um romance. Foi um grande privilégio e orgulho para mim. Hoje, esse sentimento e relação ocorre totalmente com minha vinícola, a Cimarrón Wines Co”, diz ele.

Stradella estudou engenharia agronômica e se formou na Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Nacional de Cuyo, em Mendoza. Mais tarde, teve a oportunidade de se especializar em enologia na UC Davis University, na Califórnia, onde também trabalhou em vinícolas da região. Sua primeira experiência aconteceu ainda na universidade. “Durante os meus estudos tive a sorte de poder acompanhar o meu mentor, Pedro Marchevsky, consultor de vinhos, em muitos dos seus trabalhos. Além disso, desde o primeiro dia de faculdade administrei o vinhedo orgânico da família San Rafael”, diz Stradella.

Ele trabalhou em diferentes vinícolas na Argentina e nos Estados Unidos. Nos EUA, aprendeu muito sobre métodos, formas de fazer, tecnologias e controle de processos. Na Argentina, destaca especialmente dois lugares de aprendizado: a Domaine Bousquet, com o grande trabalho em matéria orgânica e nos processos enológicos, e na Doña Paula, onde aprendeu muito sobre gestão de vinhas.

Stradella conta que a colheita de 2022 o marcou, porque foi nesse momento que a vinícola Cimarrón Wines Co aumentou suas linhas de produção. Uma das melhores foi a nebbiolo, uma variedade complexa em todos os seus sentidos. Ele também destaca a camaradagem entre os novos produtores. “Todos os meus amigos e colegas estão sempre dispostos a ajudar e a lidar com as adversidades de forma cooperativa.”

No entanto, sublinhou que “os enólogos mais antigos continuam a ensinar-nos constantemente, porque são eles que têm experiência e conhecimento. Valorizo ​​muito o que vários deles me ensinaram e admiro o caminho que percorreram e onde colocaram a viticultura de Mendoza”.

Um dos seus principais orgulhos é o vinho Entre Gallos y Medianoche em que combinam dois terroirs de forma associativa (de San Rafael e Valle de Uco) para obter as melhores características e, por outro lado, o uso da tecnologia. “Fomos pioneiros na utilização de Inteligência Artificial no vinho e na utilização de NFT para o nosso rótulo.

A Cimarrón Wines Co. produz atualmente cerca de 30 mil litros de vinho tinto. As cepas com as quais trabalha são malbec, de diferentes áreas, cabernet franc e nebbiolo. “Pessoalmente, minha variedade preferida para beber é o cabernet sauvignon e para fazer é o malbec pela sua grande identidade nos diferentes terroirs”, diz ele.

Andrés Vignoni, da vinícola Raquis: 26 colheitas e um projeto na mão

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Andrés Vignoni diz que a qualidade e a precisão são o que mais o seduzem no vinho

Andrés Vignoni nasceu em 1988, em Rivadavia, Mendoza. Ele também tem uma longa história na viticultura, uma vez que a sua família trabalha na vinha e produz vinho há seis gerações. “Tanto o meu pai como a minha mãe são enólogos. Por isso, desde que nasci, à mesa só falamos de vinho, vinhas, tratores e assim por diante”, diz ele.

Vignoni formou-se em enologia pela faculdade Don Bosco, de Rodeo del Medio, mas também possui pós-graduação pela Universidade de Sonoma (EUA). A sua primeira experiência foi há 18 anos trabalhando para a Belasco de Baquedano como aprendiz, e a partir desse momento garante: “Entendi que a qualidade e a precisão eram o caminho que mais me seduzia”.

Ele tem a seu crédito nada menos que 26 colheitas em ambos os hemisférios. Trabalhou em diversos projetos na Argentina, França, Espanha, Itália, EUA e Nova Zelândia. “Em cada uma das experiências a aprendizagem foi vasta, mas onde desenvolvi um trabalho profundo e evoluí como enólogo foram os sete anos na Viña Cobos”, diz Vignoni. Atualmente, está lançando seu projeto pessoal, a Raquis, com dois grandes amigos e colegas (Ariel Nuñez Porolli e Facundo Impagliazzo) “tentando captar tudo o que aprendeu nestes anos e dando origem a uma proposta profunda e inovadora”.

Vignoni conta que valoriza as colheitas de 2019 e 2021 e um vinho fulcral, o Raquis Monasterio 2021, que é a bebida que mais o marcou até agora. Em relação aos enólogos mais antigos, entende que as diferenças têm mais a ver com o tempo e o modo de vida do que com questões estilísticas. “Hoje, penso que a maioria dos jovens enólogos está interessada em projetos personalizados e de pequena escala, nos quais possam ter um papel próximo e interativo com o vinho”, diz.

Ele destaca que outra das grandes contribuições que está dando ao setor é a plantação em encostas na zona do Mosteiro de Gualtallary, “na qual não só não serão envolvidas máquinas, como o projecto procura preservar a paisagem e a essência do local fazendo uma plantação ponto a ponto, com “um sistema de irrigação subterrânea que economiza até 35% de água, em comparação com um sistema de gotejamento tradicional. É um sistema de condução inédito, que aborda a agricultura a partir da biodinâmica e da tecnologia e estamos trabalhando para torná-la a primeira vinha do mundo”.

Sua vinícola produz pouco mais de 20 mil litros. As variedades são malbec, cabernet sauvignon, cabernet franc e chardonnay, de diferentes áreas. “Na hora de beber, tenho preferência pelos vinhos pinot noir e ródan”, diz ele.

*Reportagem publicada originalmente na Forbes Argentina (Tradução: ForbesAgro)

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