A diferença entre buscar excelência e ser perfeccionista pode ser pequena. Se você vive duvidando da qualidade do seu trabalho, deixa tudo para a última hora e depois pensa que poderia ter feito melhor, o perfeccionismo pode estar atrapalhando sua carreira.
O comportamento, como explica a psicóloga e consultora de RH na Cia. de Talentos, Eymi Rocha, é definido como uma busca por atingir altos padrões, mas que são difíceis de alcançar. “Quando caracterizamos alguém como perfeccionista, geralmente estamos atribuindo uma conotação negativa, porque tal traço pode resultar em angústia para a pessoa, diferente de alguém que apenas busca excelência.”
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A empresária do mercado da beleza Thaís Giraldelli, fundadora de uma clínica de extensão de cílios, sempre se considerou perfeccionista. “Algumas pessoas dizem que feito é melhor que perfeito, eu não concordo. Mas estou buscando esse equilíbrio”, diz. Para ela, o desejo de fazer tudo com excelência ajuda profissionalmente, mas também traz desafios para identificar momentos de procrastinação e evitar perder prazos.
Giraldelli relembra um episódio recente em que a busca pela perfeição atrasou o lançamento de um produto de sua marca. Esperando pelo momento e condições perfeitas, acabou perdendo espaço no mercado para um concorrente que lançou um produto semelhante mais rapidamente.
“Eu não liberei a produção deste produto a tempo, porque tinham bolinhas na embalagem e eu queria que ela fosse perfeita. Isso causou um problema enorme, porque meu concorrente ficou sabendo do meu produto e lançou na frente.”
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Quando o perfeccionismo vira um problema
No trabalho, o comportamento perfeccionista tem um traço ambíguo, explica Rocha, da Cia de Talentos. Por um lado, motiva as pessoas a entregar trabalhos de alta qualidade, impulsionando a inovação e mantendo altos padrões de desempenho. Por outro, a busca incessante pela perfeição pode levar ao esgotamento, à procrastinação e a um ambiente de trabalho estressante.
A especialista usa o exemplo do iPhone para explicar o problema. Se a Apple, que lança um novo modelo do celular quase todos os anos, buscasse uma perfeição sem limites, nunca lançaria um novo iPhone. “Se quem cuida do lançamento não determinar o limite de excelência, ele nunca vai ser lançado”, diz a psicóloga. “Esse é o problema do perfeccionismo: você fica tentando aprimorar tanto nessa régua infinita, que nunca entrega.”
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A procrastinação, o hábito de adiar tarefas ou usar mais tempo do que o necessário para realizá-las pode desencadear estresse e ansiedade, levando a pessoa a enfrentar ainda mais dificuldades na tomada de decisões. “Reconhecer esses sinais de alerta é importante, porque eles indicam um possível impacto negativo no bem-estar e na produtividade,” explica a mentora de carreira de executivos e empreendedores há 20 anos, Fernanda Tochetto.
Além disso, a constante preocupação com detalhes, o medo de críticas, de não ser capaz ou de falhar são padrões que merecem atenção. Quando tais sentimentos se intensificam, é um sinal de que a pessoa pode estar precisando de ajuda. “Se nos atrapalhamos e falhamos com prazos, enfrentamos um cansaço persistente e as tarefas parecem mais complicadas. O essencial é se concentrar no que realmente importa, mesmo sob a pressão de querer fazer tudo perfeitamente”, diz Tochetto.
Em outros casos, a especialista destaca que muitas pessoas recorrem à desculpa de serem perfeccionistas para justificar atrasos em suas entregas, afirmando que precisam de mais tempo do que outros porque buscam a perfeição em tudo o que fazem.
É importante se questionar sobre as verdadeiras razões por trás da procrastinação. “Será que o meu perfeccionismo vai para a linha do problema ou uso ele ao meu favor?”
Importância das metas realistas
Para Tochetto, lidar com o perfeccionismo que atrapalha a produtividade começa com a definição de metas realistas – estabelecendo prazos e limites de tempo para ficar em determinada tarefa. ”É uma forma de entender se estou passando do tempo ou precisando de ajuda porque começa a atrapalhar o resultado no trabalho.”
Psicólogos e outros profissionais podem ajudar nesse processo. Além disso, reconhecer e celebrar pequenas conquistas e progressos é importante para quebrar o ciclo vicioso do perfeccionismo.
A psicóloga Eymi Rocha complementa que alinhar as expectativas com líderes ou clientes é essencial para adaptar as metas à realidade. “Você acaba maximizando um problema e minimizando os ganhos, então essa distorção em relação à realidade precisa ser calibrada.”
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