O peso dos protestos de agricultores na Europa

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Anadolu/Guetty

Protestos que começaram na França se espalham pela Europa

O mundo têm acompanhado os protestos dos produtores rurais na Europa. Falo hoje sobre esse tema. A reclamação dos produtores europeus tem duas linhas concorrentes que culminam nas imagens que temos visto nas últimas semanas.

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A primeira linha de insatisfação está diretamente relacionada ao aumento do aperto sobre a legislação ambiental europeia. Há regras que foram impostas por lá sobre os agricultores que, praticamente, inviabilizam a produção. Por exemplo, a redução do uso de adubos nitrogenados e pesticidas, por conta da emissão de gases de efeito estufa; a recuperação florestal referente a 4% das áreas dentro das propriedades – algo por sinal que o Brasil convive com, no mínimo, 20%.

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E agora veio o aumento do diesel, sob argumento também da questão das emissões que, na prática, impacta diretamente na produção. Mas, em síntese, são medidas que aumentam o custo de produção e exigências legais para a manutenção das atividades produtoras.

Já a segunda linha de reivindicação tem a ver com a natureza protecionista do agronegócio europeu, que tem raízes
antigas desde a formação do bloco lá na década de 1950. Por exemplo, os governos europeus têm buscado acordos comerciais com outros blocos econômicos, especialmente com o Mercosul, para aquisição de produtos agropecuários. Isso incomodou sobremaneira os produtores locais, em especial a França que é muito protecionista, e  quem mais recebe recursos dos governos.

Ou seja, os produtores europeus não querem que outros países acessem comercialmente a Europa e parece, de fato, que o acordo não vai se concretizar por conta disso, já que tem que ser ratificado pelos parlamentos de todos os países europeus.

Para o Brasil, obviamente, isso não é bom, já que a concretização do acordo traria um bom volume adicional de exportações dos nossos produtos. A gente imagina que essa frustração pela não concretização do acordo comercial entre Europa e Mercosul se traduza em mais barreiras não tarifárias, como as que já vemos na linha ambiental, ou
seja, pode haver um recrudescimento da enorme pressão que já vemos hoje sobre o Brasil.

Com as barreiras que temos hoje, a Europa já figura como o segundo maior cliente do agronegócio brasileiro –
o primeiro é a China. Ou seja, a Europa é responsável por US$ 25 bilhões em receita com importações do agronegócio brasileiro ou 16% dessas nossas exportações.

 

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