Sabemos que o ambiente de trabalho pode ter grande impacto na saúde mental dos colaboradores – para o bem e para o mal. Locais onde impera a desconfiança, a cobrança desrespeitosa, a falta de transparência e de reconhecimento geralmente são aqueles em que encontramos altos índices de trabalhadores com questões de saúde mental.
Feedback é uma das ferramentas que os líderes têm à sua disposição para construir um ambiente de confiança e de segurança psicológica. E as melhores devolutivas, embora as mais difíceis de dar, são aquelas endereçadas aos pontos fracos ou sensíveis do colaborador, pois permitem a ele fazer uma correção de rumo, tentar novas maneiras de executar uma determinada tarefa ou mesmo buscar fortalecer competências.
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Uma pesquisa interessante feita pela Harvard Business Review ajuda a colocar em contexto o que estou falando. Ao entrevistar 900 colaboradores dos EUA e do exterior, a revista constatou que a maioria prefere feedback corretivo, desde que, lógico, ele seja dado de maneira respeitosa. Para a maior parte dos trabalhadores, devolutivas capazes de apontar erros contribuem mais para a melhora do desempenho do que as elogiosas.
Vale a pena dar uma paradinha para refletir sobre isso. Fornecer feedback é uma arte que exige do líder autorreflexão e sensibilidade, para que ele seja capaz de identificar o momento e o tom certos para fazê-lo. Novamente, não é só o que se devolve ao colaborador, mas como se devolve.
Feedbacks negativos e indelicados podem ter grande impacto na saúde mental das pessoas, a começar pelo fato de que podem levá-las a duvidar de suas habilidades, impactando inclusive na performance e na produtividade da equipe, além de poder gerar um clima organizacional atravessado pela desmotivação.
Ao contrário, culturas organizacionais marcadas por devolutivas frequentes, francas e gentis ajudam a cultivar bem-estar. Estudos inclusive já apontaram o feedback como fator-chave para o bem-estar no ambiente de trabalho. Bem-estar, como gosto sempre de reforçar, é peça fundamental para a manutenção da saúde mental e para a construção de um local de trabalho saudável.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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