O Boticário, empresa de cosméticos brasileira, uniu pesquisa e desenvolvimento com responsabilidade ambiental, social e governança (ESG) para criar um projeto global focado em conscientizar sobre a preservação de áreas naturais ameaçadas em todo o mundo.
Denominada Projeto Extinto, a iniciativa, lançada na última semana, foi criada pela agência de publicidade AlmapBBDO e tem como objetivo alertar o público em geral sobre a importância da conservação ambiental e gestão adequada de resíduos sólidos.
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O projeto envolve a criação de uma fragrância, que não será comercializada, que foi projetada para reproduzir o aroma original da Baía de Guanabara, localizada no Rio de Janeiro. A baía oceânica sofre com a degradação ambiental devido à poluição e descarte inadequado de resíduos.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil recicla apenas 4% de todo o lixo descartado diariamente. A Baía de Guanabara, uma das maiores do mundo, recebe 98 toneladas de resíduos diariamente, de acordo com a associação comercial.
“Desde o turismo até a conservação das espécies, a Baía de Guanabara tem uma relevância inestimável para o Brasil, com várias espécies de animais que sofrem com a poluição causada pelo descarte incorreto de resíduos”, diz André Ferretti, gerente de economia da biodiversidade na Fundação Grupo Boticário.
Tecnologia para preservar aromas
Desenvolvida ao longo de seis meses, a fragrância Extinto foi criada sem extrair quaisquer matérias-primas das partes preservadas da Baía de Guanabara. Perfumistas de O Boticário visitaram a área e capturaram moléculas aromáticas usando a tecnologia Headspace.
Essa técnica é usada para capturar e analisar as moléculas de aroma no ar, funcionando de maneira semelhante à forma como o nariz humano detecta odores. Envolve a medição de compostos voláteis (substâncias com alta pressão de vapor que evaporam facilmente à temperatura ambiente) ao redor de uma flor, erva ou planta.
O aroma é então liberado da amostra e retido sob uma cúpula de vidro, o que significa que o cheiro é capturado de maneira eficaz e não invasiva ao meio ambiente, uma vez que não é necessário remover amostras.
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Os compostos são analisados usando cromatografia gasosa e software de espectrometria de massa, que fornecem uma análise química do aroma da amostra, permitindo replicar o cheiro em laboratório. A tecnologia Headspace tem evoluído desde a década de 1980 e é amplamente utilizada na indústria de perfumaria para preservar e estudar os aromas de plantas e ambientes raros ou ameaçados.
O processo levou à identificação dos odores originais da baía do Rio de Janeiro, que não são mais encontrados fora da área preservada devido à devastação ambiental. O resultado foi um perfume que incorpora a frescura das águas e a vegetação das florestas originais do local.
“Headspace continuará sendo a principal tecnologia utilizada neste projeto. Ela tem sido usada pelo Boticário há anos em vários lançamentos de marcas e agora está sendo empregada para conscientização pública”, diz Marcela de Masi, diretora de marca e comunicações do O Boticário, sobre como a tecnologia foi empregada na iniciativa Extinto.
O projeto será expandido para diferentes lugares ao redor do mundo, usando a mesma abordagem de não extrair quaisquer matérias-primas do ambiente. O roteiro para os próximos meses inclui futuros lançamentos de fragrâncias inspiradas em locais ameaçados pela poluição, como Calábria na Europa, Ilha de Madagascar na África, Nova Delhi na Índia e Canberra na Oceania.
O Projeto Extinto segue outras iniciativas que combinam foco em sustentabilidade e tecnologia. O Boticário afirma que 75% de seus produtos têm atributos de sustentabilidade (como o uso de plástico reciclado na embalagem).
No ano passado, a empresa fez parceria com o Google para abordar a falta de dados sobre a reciclagem de embalagens de produtos de beleza no Brasil, utilizando a funcionalidade de Mapas para direcionar os usuários a pontos de reciclagem próximos. Como resultado dessa colaboração, foram adicionados cerca de 3.500 novos pontos de reciclagem em todo o Brasil, com planos de dobrar esse número nos próximos meses.
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