Dados estatísticos do Observatório de Turismo e Eventos da SPTuris (OTE) mostram que o carnaval de rua é um fator de estímulo ao turismo e à economia em geral: no ano passado, os 462 blocos de rua da capital reuniram cerca de 15 milhões de pessoas e tiveram um impacto econômico estimado em R$2,9 bilhões somente com turismo. O gasto médio dos turistas é de R$ 1.150 durante 4,6 dias.
Este ano a capital paulista vai receber 579 blocos, 117 a mais que no ano passado, e espera aumentar o número de visitantes, já que ano passado foi identificado que somente 8,2% dos foliões eram de fora da cidade, o que confirma o potencial do evento de crescer ainda mais.
Mesmo tendo movimentado R$2,9 bilhões no ano passado, o carnaval de rua paulistano ainda sente gargalos entre marcas e blocos, fato comprovado por Rogério Oliveira, co-fundador do Coletivo Pipoca, produtora de alguns dos maiores blocos de ruas do Brasil em sociedade com artistas e grupos como Alceu Valença, Monobloco, BaianaSystem, Chico César, Maria Rita, Orquestra Voadora, Bloco do Sargento Pimenta, Mariana Aydar. “Ainda há um desencontro entre marcas interessadas em apoiar a força cultural brasileira que é o carnaval e os artistas e/ou blocos que gostariam de receber mais investimentos para potencializar seus projetos artísticos”, disse em entrevista exclusiva à Forbes.
Em 2023, somente o Coletivo Pipoca reuniu em torno de 2 milhões de foliões no carnaval de rua de São Paulo, movimentando cerca de R$4,7 milhões entre marcas e blocos. Para o carnaval deste ano o coletivo projeta um crescimento de 2,5 vezes em relação à edição passada, movimentando cerca de R$12 milhões entre marcas e blocos.
O Pipoca também está investindo em dois novos núcleos, o Marcas do Carnaval, uma curadoria que cria conexão entre marcas e blocos de todos os tamanhos, em todas as cidades do Brasil e resolve dores nas duas pontas dessa equação e o PIPOCA TV, que tem como foco realizar uma cobertura e transmissão de forma mais contemporânea dos bastidores, dos blocos e artistas do carnaval de rua do Brasil.
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“O objetivo é facilitar a conexão entre blocos e marcas no país, além de criar um novo formato de conteúdo e mídia para os foliões”. Confira entrevista exclusiva com Rogério Oliveira a seguir.
Qual a expectativa para o carnaval de rua de SP este ano?
A expectativa é ótima. Ano passado foi o primeiro carnaval após a pandemia, a gente sentiu que todo mundo, desde produtores, poder público, patrocinadores e foliões estavam enferrujados, um pouco traumatizados ainda, então esse ano estamos sentindo uma retomada da normalidade, o que é ótimo para a festa.
O Pipoca está cuidando de quais blocos em São Paulo?
Em São Paulo estamos promovendo a terceira edição do Carnaval Viva a Rua, com a presença de Alceu Valença, Monobloco, Chico César, Maria Rita, BaianaSystem e Orquestra Voadora, partindo do Obelisco, no entorno do Parque do Ibirapuera. Também estamos encarregados do Bloco do Sargento Pimenta e Forrozin, com Mariana Aydar, no centro da capital paulista, dentre outros.
O maior Carnaval de rua ainda é o de Salvador?
Não mais, segundo dados da prefeitura, São Paulo já é o maior carnaval de rua do país.
O carnaval de rua de São Paulo já está maior que o do Rio e Salvador?
Sim, o carnaval de rua especificamente. Se pegar o movimento todo de carnaval, com os desfiles da Sapucaí, aí o Rio de Janeiro é o maior, maior que Salvador.
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São Paulo vai receber quantos blocos este ano?
Este ano serão 579 blocos.
Fazem um trabalho conjunto com a prefeitura?
Hoje não mais, mas como fomos muito pioneiros nessa história, desde 2011, a gente se juntou com poucos blocos que existiam e alguns que estavam nascendo, como o Baixo Augusta e a Confraria do Pasmado, e participamos do nascimento da política pública do carnaval de rua em São Paulo, ajudamos a redigir os decretos, as regras. Naquela época a capital ainda não tinha decidido que modelo ia seguir, porque o carnaval de rua paulista podia muito bem ter seguido um modelo, sei lá, como o de Salvador, que permite a venda de abadás para as pessoas ficarem dentro da corda. Nós defendemos esse modelo mais democrático, sem áreas vips e camarotes, de rua mesmo, que é o que reina até hoje.
E o coletivo Pipoca nasceu como uma produtora de blocos de carnaval e hoje estão expandindo o negócio para outras áreas da folia. Conta um pouco deste momento.
Para o Coletivo Pipoca, o carnaval é o maior festival de música e arte que existe no país e aponta que ainda há um desencontro entre marcas interessadas em apoiar esta força cultural brasileira e os artistas e/ou blocos que gostariam de receber mais investimentos para potencializar seus projetos artísticos. atualmente somos a maior realizadora de blocos de ruas no Brasil em sociedade com artistas e grupos como Alceu Valença, Monobloco, BaianaSystem, Chico César, Maria Rita, Orquestra Voadora, Bloco do Sargento Pimenta, Mariana Aydar e muitos outros, oficializando, em 2024, a criação de dois novos núcleos de atuação. O objetivo é facilitar a conexão entre blocos e marcas no país, além de criar um novo formato de conteúdo e mídia para os foliões.
Disse que ainda há um desencontro entre marcas interessadas em apoiar a força cultural brasileira que é o carnaval e os artistas e/ou blocos que gostariam de receber mais investimentos para potencializar seus projetos artísticos. Qual é esse gap?
De um lado muitos gerentes de marcas e agências de comunicação veem potencial para participar da festa, participar do diálogo que nela acontece, mas não têm facilidade de conhecer todas as opções de blocos nas variadas cidades, fazer uma curadoria, contatá-los e implementar ações que funcionem. Por outro lado, blocos pequenos mas também os grandes muitas vezes não possuem estruturas ágeis de diálogo com corporações e áreas de mídias de agência.
Sentindo esse “gargalo” criaram um braço de curadoria entre marcas e blocos?
Por isso criamos o núcleo Marcas do Carnaval, que cria conexão entre marcas e blocos de todos os tamanhos, em todas as cidades do Brasil e resolve dores nas duas pontas dessa equação. Este núcleo já nasce em 2024 com projetos para marcas como Engov, Brahma, Guaraná Antarctica, Beats, KWAI, Takis, Boticário para patrocinar grandes artistas como Ivete Sangalo, Bell Marques, Monobloco, Léo Santana, Maria Rita, até blocos pequenos, que reúnem pouco mais de 1 mil pessoas em bairros menos centrais de capitais. Serão mais de 45 ações acontecendo em dezenas de blocos em quatro cidades brasileiras.
O outro núcleo é o PIPOCA TV. Como vai funcionar?
O PIPOCA TV tem como foco realizar uma cobertura e transmissão de forma mais contemporânea dos bastidores, dos blocos e artistas do carnaval de rua do Brasil, como Alceu Valença, Monobloco, BaianaSystem, Ivete Sangalo e Bell Marques. Essas coberturas serão distribuídas em parceria com YouTube e KWAI no canal dessas plataformas e no nosso próprio canal.
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