Muitas das novas tendências profissionais recentes saíram do TikTok. Usuários da plataforma foram responsáveis por trazer discussões que pautaram o universo do trabalho nos últimos anos, como quiet quitting, rage applying (funcionários que se candidatam a vagas de emprego por estarem frustrados com o próprio trabalho) e act your wage (ou trabalhar com esforço proporcional ao seu salário).
Agora, surge um novo fenômeno em que os funcionários documentam suas demissões na plataforma. A #quittok tem mais de 50 milhões de visualizações na plataforma, com vídeos em que os profissionais demonstram alívio em sair dos seus trabalhos. Mas alguns profissionais também têm gravado o momento em que são dispensados dos seus cargos.
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Na semana passada, Brittany Pietsch, executiva de contas de médio porte da Cloudflare, empresa de serviços de segurança de internet, viralizou no TikTok depois de postar um vídeo sendo demitida da empresa de tecnologia. Ela publicou dois vídeos sobre o momento da demissão, que, juntos têm mais de 2 milhões de visualizações até o momento.
Pietsch já havia sido informada por uma colega de trabalho que seria demitida 30 minutos antes da reunião. A executiva foi convocada para uma videochamada por um membro da equipe de recursos humanos e outra pessoa, que não se apresentou e foi direto ao objetivo da ligação. “Temos uma reunião importante hoje. Concluímos nossas avaliações de desempenho de 2023. E você não atendeu às expectativas de desempenho da Cloudflare. Decidimos encerrar nossa relação com você.”
@brittanypeachhh Original creator reposting: brittany peach cloudflare layoff. When you know you’re about to get laid off so you film it this was traumatizing honestly lmao #cloudflare #techlayoffs #tech #layoff ♬ original sound – Brittany Pietsch
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Layoff ou demissão por baixo desempenho?
A executiva rapidamente interveio para se defender, dizendo que havia entrado na empresa em 25 de agosto, passou por um período de aprendizado de três meses e logo depois veio dezembro e o recesso no Natal. “Além disso, em todas as conversas individuais que tive com meu gerente, ele não me disse nada além de que eu estava fazendo um ótimo trabalho.”
Ela alegou que não recebeu nenhum feedback negativo e nunca foi incluída em um plano de melhoria de desempenho. As empresas usam esses planos para identificar deficiências e oferecer maneiras de ajudar os funcionários a melhorar o desempenho, com objetivos e metas específicas definidas para a pessoa cumprir.
Embora a funcionária tenha sido informada de que a decisão foi baseada em seu desempenho, eles não foram capazes de fornecer nenhuma métrica específica que explicasse por que ela estava sendo desligada. Ela discordou da avaliação da companhia e perguntou por que o seu gestor não participou da reunião, uma vez que os dois representantes da empresa na chamada não eram os seus gestores ou supervisores diretos. “Nunca nos conhecemos”, disse ela.
Pietsch imaginou que não seria a única da empresa a ser dispensada, e que a empresa deveria estar em meio a um layoff. “Então, estou sendo dispensada sem motivo?”, questionou.
O executivo da Cloudflare respondeu que as perguntas eram válidas, mas que aquele não era o lugar nem a situação para entrar em detalhes. “Mas então quando? Se não for quando eu estiver sendo demitida, certamente não será depois, quando eu não fizer mais parte da empresa.”
A conversa terminou com a profissional de RH informando que “retornaria” a Pietsch.
O que deveria ter acontecido
“Houve alguns erros aqui”, disse Valerie Vadala, líder global em aquisição de talentos que atuou em cargos executivos em empresas como Wells Fargo, Shutterstock, Credit Suisse e Lehman Brothers. “Acho que o maior deles é que o líder dela não estava presente.”
Para a executiva, precisar despedir pessoas da sua equipe é uma das coisas mais difíceis que um gestor tem de fazer. Mas estar presente no momento da notícia da demissão de um funcionário é um sinal de liderança. “É muito doloroso ser despedido. Tornar isso algo frio e transacional é negar a realidade de que você acabou de dar um soco na trajetória profissional de uma pessoa.”
A executiva de RH critica a postura da Cloudflare e o argumento usado na demissão de Pietsch. “Se você está fazendo uma demissão em toda a empresa, o que claramente aconteceu, não se preocupe com o desempenho.”
Layoffs normalmente são indicadores de que é a companhia que não está tendo um bom desempenho – e não o funcionário. Falar sobre o profissional naquele momento é injusto, segundo Vadala. “Sem mencionar o fato de que, de qualquer maneira, parece que não é verdade neste caso.”
Com mais de 20 anos de experiência em recursos humanos, Vadala defende que as empresas deem algum tipo de aviso sobre uma potencial demissão e que equipes específicas provavelmente serão afetadas. “Isso não só prepara as pessoas, mas também permite que elas tenham alguma vantagem inicial para encontrar outra oportunidade”, diz a executiva. “Provavelmente é exatamente isso que os empregadores estão tentando evitar, mas seria uma abordagem muito mais empática.”
Um porta-voz da Cloudflare disse em uma declaração para a revista americana “Inc.” que a empresa não fez uma redução da sua força de trabalho. “Quando tomamos a decisão de nos separar de um funcionário, baseamos a decisão na análise da capacidade do funcionário de atingir metas de desempenho mensuráveis.”
Na manhã da última sexta-feira (12), o CEO da Cloudflare, Matthew Prince, postou no X (antigo Twitter) que sua empresa demitiu aproximadamente 40 dos 1.500 funcionários de sua organização de mercado, o que ele compartilha como uma meta trimestral comum. “Quando fazemos o gerenciamento de desempenho corretamente, muitas vezes podemos dizer, dentro de 3 meses ou menos após a contratação, se a pessoa terá sucesso ou não”, escreveu ele.
“O vídeo [do TikTok] é doloroso para mim de assistir. Os gerentes devem estar sempre envolvidos. O RH deve estar envolvido, mas isso não deve ser terceirizado para eles. Nenhum funcionário deveria ficar surpreso por não estar tendo um bom desempenho.”
* Jack Kelly é colaborador sênior da Forbes USA. Ele é CEO, fundador e recrutador executivo da WeCruitr, uma startup de recrutamento e consultoria de carreira.
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