Nos últimos anos, ataques cibernéticos têm se tornado uma ameaça cada vez mais comum, afetando empresas e organizações em todo o mundo. Entre os setores visados por esses criminosos, o agronegócio tem se destacado como um dos mais vulneráveis à ação dos hackers. Responsável por 10% dos ataques de ransomware no Brasil em 2023, o setor se tornou um alvo prolífico no universo digital, aponta o relatório semestral da Apura Cyber Intelligence S/A.
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O agronegócio, que engloba desde a produção agropecuária até a comercialização dos produtos agrícolas, vem se transformando rapidamente com o avanço da tecnologia. No entanto, essa mesma tecnologia que impulsiona o setor, também traz consigo potenciais riscos e vulnerabilidades que podem ser explorados por cibercriminosos.
O setor agropecuário tem sido amplamente visado pelo volume financeiro movimentado pelo setor. Com transações que envolvem quantidades significativas de dinheiro, a indústria agropecuária se torna extremamente atraente para criminosos que buscam enriquecer por meio de atividades ilegais, como ataques de ransomware. Apenas o VBP (Valor Bruto da Produção) da agropecuária em 2023, que são as riquezas que passam pelas propriedades, deve atingir R$ 1,24 trilhão, de acordo com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
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Os ataques de ransomware são uma modalidade de crime virtual que envolvem a invasão de sistemas e o sequestro de dados por hackers. Nesse tipo de ataque, os criminosos exigem um resgate em dinheiro para liberar o acesso às informações ou sistemas afetados. E o agro acaba se tornando um alvo lucrativo para os cibercriminosos.
Um caso notório aconteceu em fevereiro de 2023, com a empresa Dole Food, com sede na Irlanda, uma das maiores produtoras de frutas e vegetais do mundo. A companhia foi vítima de um ransomware, em que dados e informações importantes foram “sequestrados” e um resgate é exigido. O ataque afetou significativamente a distribuição dos produtos nos Estados Unidos, causando prejuízos estimados em US$ 10 milhões (R$ 48 milhões na cotação atual).
Além disso, em abril de 2023, sistemas de irrigação automatizados utilizados por fazendas no norte de Israel foram alvos de um ataque cibernético. Como resultado, muitos desses sistemas tiveram que ser completamente desligados, sendo necessária a irrigação manual das plantações.
“A característica descentralizada e, muitas vezes, dispersa das organizações envolvidas no agronegócio também contribui para sua vulnerabilidade a ataques cibernéticos”, diz Sandro Suffert, CEO da Apura Cyber Intelligence, com sede em São Paulo (SP). “Pequenos e médios produtores rurais, por exemplo, podem ter menos recursos para investir em segurança digital, tornando-se alvos fáceis para os hackers.”
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De acordo com o executivo, investimentos em tecnologia e infraestrutura robustas, além da conscientização dos funcionários sobre boas práticas de segurança, são essenciais para proteger os sistemas e dados sensíveis.
Adicionalmente, é necessário haver uma maior conscientização do setor agrícola sobre a importância da segurança digital. Órgãos competentes, associações e entidades relacionadas ao agronegócio devem promover a disseminação de informações e oferecer treinamentos que visem capacitar os profissionais do setor a lidar com o crescente desafio dos ataques cibernéticos.
“É imprescindível que o agro, responsável por um importante pilar da economia brasileira, esteja preparado para enfrentar os riscos cibernéticos”, afirma Suffert. “Somente com uma postura proativa e investimentos em segurança digital, a indústria agropecuária poderá minimizar os impactos e preservar seus dados, evitando prejuízo financeiros e danos irreparáveis à reputação das empresas do setor, preservando seu crescimento e desenvolvimento sustentável.”
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