A adoção de soluções de Inteligência Artificial (IA) acelerou rapidamente nos últimos meses com a popularização da IA Generativa (GenAI). Semelhante ao que aconteceu com os computadores pessoais, a Internet e os smartphones, a GenAI está transformando a forma como os governos, as empresas e os consumidores usam e aproveitam a tecnologia no dia a dia.
Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
É importante destacar que essa não é uma iniciativa trivial, dado o potencial que a GenAI tem para transformar a sociedade. De acordo com estimativas da McKinsey & Company, a GenAI deve melhorar o desempenho em funções como vendas e marketing, operações focadas no consumidor e desenvolvimento de software, por exemplo. Este processo pode gerar trilhões de dólares em vários setores da economia.
Leia também:
Para presidente da Dell, falta de mão de obra trava digitalização
Empresas brasileiras se consideram mais inovadoras do que são, diz pesquisa da Dell
CEO da Heineken conta como usa IA e por que um C-Level não deve temer a tecnologia
Tal qual acontece com qualquer tecnologia adotada globalmente, a IA deve ser explorada e ter seus limites e riscos compreendidos. Esse processo precisar ser fruto da cooperação entre governos, empresas, universidades e sociedade civil, com o poder de propor mecanismos regulatórios para garantir o uso e a implementação responsável de sistemas de inteligência artificial – desde a concepção ao desenvolvimento. Um exemplo disto ocorreu em junho de 2023, quando o Fórum Econômico Mundial lançou a iniciativa AI Governance Alliance, que visa acelerar o desenvolvimento de diretrizes éticas e frameworks de governança global para GenAI, maximizando ao mesmo tempo o valor econômico e social que a tecnologia cria.
Como líder em infraestrutura, computação e armazenamento para GenAI, a Dell Technologies está no epicentro desta tecnologia com uso intensivo de dados e, por isso, aprendeu algumas coisas sobre os princípios orientadores que precisam ser considerados para a sua governança. Acreditamos que qualquer abordagem deve se basear em princípios públicos, seguros e sustentáveis. Isso orienta a nossa abordagem interna e acreditamos que deve servir como modelo para uma regulamentação da IA que garanta o uso de forma responsável, sem ofuscar o seu potencial.
A IA é uma responsabilidade compartilhada e que requer uma abordagem integrada, multissetorial e global, construída em alinhamento com as políticas e regulamentações tecnológicas existentes, especialmente no que diz respeito à privacidade. A segurança e a confiabilidade devem ser exploradas em todos os níveis – desde a infraestrutura até o resultado dos modelos de aprendizado de máquina. Os dados que alimentam a IA, bem como os seus resultados, precisam de ser utilizados para o bem e protegidos contra ameaças.
Em termos de sustentabilidade, existe uma oportunidade de aproveitar a IA, protegendo ao mesmo tempo o ambiente, minimizando as emissões e dando prioridade às fontes de energia renováveis. A IA é uma tecnologia intensiva e exigente em termos de computação e, coletivamente, devemos explorar como usá-la de forma sustentável desde o princípio, uma vez que a procura por suas capacidades só aumentará.
Também é importante ter em mente que a inteligência artificial como domínio tecnológico não é independente de outras áreas importantes, como privacidade, dados, nuvem, segurança, entre outras. A política de IA deve considerar as suas necessidades e o seu impacto no ecossistema tecnológico mais amplo, bem como nas principais partes interessadas. Ou seja, a regulamentação para a IA nunca deve ser criado no vácuo. Além disso, é crucial que os esforços políticos dos governos, das empresas e da sociedade envolvam profundamente a indústria para que não estabeleçam regulamentações em torno de tecnologias obsoletas.
Embora haja um grande interesse em começar a experimentar a GenAI, isso deve ser feito com uma compreensão robusta de quais dados organizações e indivíduos concordam em compartilhar publicamente e o que deve permanecer privado. Essa precaução é importante para garantir que a Propriedade Intelectual (IP) não seja comprometida ou evitar que qualquer outra forma de dados confidenciais e proprietários sejam revelados.
Há caminhos consideravelmente fáceis para selecionar dados com menor risco para alimentar a IA e fornecer ainda assim um conjunto valioso de ferramentas. A redução do risco é vantajosa pois proporcionará valor incremental e aprendizagem para preparar melhor a sociedade para lidar com os problemas mais difíceis neste espaço.
GenAI é uma realidade e acreditamos no seu poder transformador. No entanto, ao mesmo tempo que exploramos o seu potencial, precisamos garantir que governos, empresas e sociedade civil trabalhem em conjunto para que a tecnologia seja usada de forma responsável, através dos princípios de compartilhamento, segurança e sustentabilidade. É nossa responsabilidade coletiva equilibrar a inovação, o bem-estar social e a preservação dos direitos individuais. Afinal, somente através da confiança mútua e do esforço coletivo poderemos extrair o máximo potencial que a IA pode oferecer a todos.
Luis Gonçalves é presidente da Dell Technologies para a América Latina.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
O post A IA generativa deve ser adotada de maneira compartilhada, segura e sustentável apareceu primeiro em Forbes Brasil.