Este ano começou morno, teve um estímulo com descontos patrocinados pelo Governo Federal em julho, seguido por uma acomodação e vai terminar com alta estimada em 8,8% em relação a 2022. São números bem melhores dos que as primeiras estimativas de crescimento de 3% feitas em janeiro último pela Anfavea e Fenabrave. Isso se deve em boa parte à grande safra agrícola plantada em 2022 e aos bons resultados da colheita em 2023 que aumentaram a renda no campo e nas cidades em sua zona de influência.
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O mercado interno deverá fechar no final deste mês com 2,29 milhões de unidades na soma de veículos leves e pesados. Automóveis e comerciais leves representarão 95%, caminhões, 4% e ônibus, 1%. Segundo estudo da Bright Consulting, focado em modelos leves, até o mês passado SUVs (incluídos os crossovers) responderam por 42% das vendas, hatches, 24,4%; picapes, 17,7%; sedãs,12,8%; furgões, 3,2%. Picapes estarem à frente de sedãs deve-se ao avanço das versões de quatro portas que ampliaram a versatilidade desse tipo de veículo. Este percentual de quase 18% é semelhante ao do mercado americano.
Anfavea decidiu antecipar para este mês as suas previsões para 2024, ao contrário dos outros anos em que apenas em janeiro revelava as estimativas. Para o mercado total o crescimento estimado é de 7% e 2,45 milhões de unidades. São bons números em razão da base comparativa com 2023 relativamente alta, mas a entidade não descarta rever as projeções para cima ao longo de 2024. As exportações deverão crescer apenas 2%.
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Imposto de importação gradual para elétricos é caminho certo
As importações deram um salto este ano (projetadas em 348,4 mil unidades) pois representarão 12% das vendas totais contra a média de 8% nos últimos 10 anos. Pela primeira vez marcas chinesas ocuparam o segundo lugar, até o mês passado, com 10% de participação, contra 9% do México e 64% da Argentina, entre outros. A entidade, entretanto, não estimou o que acontecerá em 2024 com os veículos importados.
Quanto à divisão das vendas de autos e comerciais leves em relação aos sistemas de propulsão, no acumulado até novembro, houve uma surpresa: motores flex, 83,4%; diesel, 9,9%; híbridos, 3,3%, gasolina, 2,7% e elétricos, 0,7%. Híbridos superaram a gasolina pela primeira vez, o que pode indicar uma tendência. Elétricos ainda não chegaram a 1%.
VW, aos 70 anos, lançará mais quatro modelos até 2025
Depois de um início bastante modesto em um armazém do bairro do Ipiranga, em São Paulo (SP), no dia 23 de março de 1953, a VW completou 70 anos como líder do mercado de automóveis e SUVs e vice-líder entre veículos leves. Em 2023, concluiu nove lançamentos concentrados em versões de modelos existentes e até 2025 serão mais quatro. Um deles deverá ser o Nivus GTS em 2024, que pode estrear o motor flex 1,5 TSI, uma evolução do atual de 1,4 L.
Este ano os destaques são dois modelos elétricos que marcam a estreia da subsidiária brasileira neste nicho de mercado: o SUV ID.4 e o monovolume ID.Buzz, a nova Kombi elétrica. Igualmente estreou a reestilização do SUV Tiguan Allspace de sete lugares, importado do México.
As primeiras impressões do ID.Buzz foram apenas em um pequeno trecho urbano e não indicaram acelerações tão vigorosas, como se esperam de elétricos. Mas o torque instantâneo e constante de 31,6 kgf·m e os 204 cv asseguram boas respostas ao acelerador, não passando a impressão de um veículo pesado (2.200 kg) ou lerdo. Aceleração de 0 a 100 km/h declarada em 10,2 s. Bateria de 77 kW·h permite alcance médio de 337 km no padrão Inmetro.
A posição ao dirigir lembra a da Kombi original e os dois bancos dianteiros contam com dois descansa-braços cada. A tela do quadro de instrumentos tem apenas 5,3 pol. e está bem localizada na coluna de direção, cujo volante é ajustável em altura e distância. Espaço interno destaca-se em razão dos 2.989 mm de entre-eixos. Disponibiliza sete portas USB, acima da média. As portas laterais têm comando elétrico e o porta-malas impressionantes 1.121 litros.
Com tração traseira, o comportamento em curvas é bem previsível, enquanto as suspensões dotadas de amortecedores adaptativos, apesar de um pouco ruidosas em pisos irregulares, apresentam boa relação entre conforto e estabilidade. Um ponto de destaque é o silêncio a bordo graças aos vidros com isolamento acústico.
O lote único de 70 unidades só é comercializado por meio de assinaturas.
Em relação ao Tiguan, as mudanças externas são discretas. O motor de 2 litros TSI de 186 cv e 30,6 kgf·m recebeu uma calibração diferente em razão de emissões que diminuíram potência e torque, porém ainda forma um bom conjunto com o câmbio automático de oito marchas (antes, sete marchas). Aceleração declarada de 0 a 100 km/h em 9 s, adequada à proposta familiar deste SUV, bem como o ajuste das suspensões voltadas mais para o conforto.
Em passagens por lombadas o movimento de queda de rodas é um tanto ruidoso. Sistema de freios destaca-se frente aos concorrentes. Assistente de permanência em faixa de rodagem pouco intrusivo e sem o incômodo observado em outros modelos de diferentes segmentos.
Internamente, boa ergonomia no ajuste do volante e do banco do motorista que dispõe de aquecimento e ventilação. Isolamento acústico também se destaca. O banco traseiro é regulável em distância e o porta-malas com abertura por gesto dos pés tem volume pequeno de 216 litros em razão da terceira fileira de bancos.
Preço: R$ 278.990.
AEA comemora 40 anos em 2024 com grandes trabalhos
A eletrificação ainda está envolta em alguns “mistérios” ou interpretações de conveniência, a depender de quem tenta explicar a inegável necessidade de continuar avançando, mas esquece do ritmo certo sem atropelos ou recuos. Particularmente, não gosto de confundir híbridos, mesmos os plugáveis, com veículos elétricos. Mas, é comum utilizar o artifício de linguagem de “eletrificados” e colocar tudo sob o mesmo “chapéu”.
A Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) comemora, em junho próximo, 40 anos de bons serviços ao País. Uma de suas iniciativas é a recente cartilha eletrônica sobre eletromobilidade disponível no site para leitura ou para baixar gratuitamente: https://aea.org.br/inicio/wp-content/uploads/2023/12/cartilha_eletromobilidade.pdf . As informações, em linguagem simples, esclarecem dúvidas e oferecem cenários sobre o futuro.
No encontro com a Imprensa deste final de ano vários membros da diretoria apresentaram o balanço das atividades em 2023. Uma das apresentações destacou a importância da Análise do Ciclo de Vida sobre emissões de CO2 ao longo da extensa cadeia produtiva de veículos. Isso inclui igualmente a fabricação de elétricos e suas baterias, assunto que não pode ser negligenciado.
Fernando Calmon é engenheiro e jornalista especializado desde 1967. Estreou sua coluna semanal em 1999 e, em 2015, foi apontado como o mais admirado jornalista automobilístico do País por 400 profissionais do setor. É também consultor técnico de automóveis, de mercado automobilístico e de comunicação.
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