Quando se fala em mulheres negras ocupando cargos de liderança, o cenário é pouco favorável. No Brasil, um levantamento da consultoria Gestão Kairós aponta que elas são apenas 3% entre os líderes nas empresas.
Atualmente, lidero no Brasil a área de Diversidade, Equidade & Inclusão (DE&I) da maior empresa de beleza do mundo, o Grupo L’Oréal, e celebro a conquista de termos mais de 11% de mulheres negras em posição de liderança. Reconhecemos o avanço, mas sabemos que estamos em evolução. As pessoas não estão preparadas para liderar e serem lideradas por mulheres negras. E é disso que precisamos falar.
Sou uma mulher preta de pele escura, gorda, mãe solo e com cabelo crespo. Tudo isso faz muita diferença quando você ocupa um cargo de liderança. No início da minha carreira, pensava que precisava aprender e saber tudo. Como mulher, a gente sempre acha que precisa dar conta. Uma mulher negra, ainda mais.
A maturidade profissional e a mentoria de outras lideranças femininas e negras foram fundamentais ao meu processo de autoconfiança.
Mas como a gente multiplica o número de histórias de sucesso de mulheres negras?
Desde 2020, mais que duplicamos a presença feminina negra nos cargos de liderança em números absolutos no Grupo L’Oréal. Pela primeira vez enquanto líder, eu tive outras mulheres negras como pares e como líderes executivas C-level. Hoje, como liderança e à frente das discussões de DE&I, prioridade estratégica da companhia, é muito claro que existe um passado que precisamos respeitar e um futuro para transformar. E isso começa de dentro para fora.
Esta é uma longa jornada, que foi acelerada com a cofundação do Mover (Movimento pela Equidade Racial), estabelecendo metas de contratação afirmativas. Investimos em diversas iniciativas de acolhimento e inclusão da comunidade, além do seu desenvolvimento profissional. Alguns exemplos são a criação e o fortalecimento da nossa rede de afinidade e impacto, a AfroSOU; programas de mentoria reversa entre líderes e colaboradores negros e iniciativas de aceleração de carreira, como o AfroPotências e o próprio Programa de Liderança Mover, que juntos formaram cerca de 40 colaboradores neste ano.
Tudo isso é parte de como eu, enquanto mulher negra, gostaria de ter sido – e ser – liderada, mas também de liderar. E, principalmente, de transformar. Acredito que a minha liderança é como uma esponja. Absorvo conhecimento de todas as mulheres negras ao meu redor. E tudo isso me fortalece e me inspira para seguir nessa jornada.
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