O volume de serviços no Brasil registrou queda inesperada em outubro, marcando o terceiro mês seguido no vermelho. O impacto vem das perdas em transportes e serviços prestados às famílias. Na comparação com o mês anterior, o setor de serviços registrou em outubro recuo de 0,6%, frustrando a expectativa de estabilidade.
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou esses dados nesta quarta-feira (13). O setor acumula perdas de 2,3% em três meses e elimina o ganho de maio a julho.
“O setor de serviços não tinha três quedas seguidas desde março a maio de 2020”, destacou o analista da pesquisa, Luiz Almeida. “(Mas) três quedas não mostram ainda uma mudança de trajetória. O que dá para dizer é que o setor está sem tendência definida.”
Os dados mostraram ainda que o volume de serviços teve recuo de 0,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior. A expectativa era 0,4% de alta.
Agora, o setor encontra-se 10,2% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 3,2% abaixo de dezembro de 2022, quando marcou o ponto mais alto da série histórica.
O setor de serviços teve altos e baixos ao longo do ano: ora mostrando resiliência em meio a um mercado de trabalho aquecido, ora recuando no que é atribuído ao impacto dos juros elevados, que inibe o consumo.
A taxa básica Selic está em 12,25% ao ano e o Banco Central anuncia nesta quarta-feira (13) sua última decisão de política monetária do ano. A expectativa é de novo corte de 0,5 ponto percentual, o que ainda deixaria os juros em nível elevado.
“É importante reconhecer que a intensidade da desaceleração de um setor importante da atividade econômica, o de maior peso, e cuja dinâmica tende a ser mais inercial, tem sido maior que o esperado”, disse Igor Cadilhac, do PicPay, que projeta avanço de 2,3% para serviços em 2023.
A queda de 2,0% em transporte, registrado em outubro, é o maior impacto sobre o resultado geral. O setor que acumula perda de 4,3% no período entre agosto e outubro, conforme dados do IBGE
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O volume de transporte de cargas registrou retração de 2,3%, enquanto o de passageiros teve alta de 0,7% na comparação com o mês anterior.
“Essa queda nos transportes foi muito influenciada pela queda no transporte de cargas, principalmente no transporte rodoviário de cargas”, disse Almeida, atrelando o resultado à expectativa menor da próxima safra agrícola.
“A produção industrial também vem demonstrando menor dinamismo, com uma queda nos bens de consumo e bens de capital, que impactam também no setor de transporte de cargas”, completou.
Já os serviços prestados às famílias recuaram 2,1% e eliminaram quase todo o ganho de 2,5% visto em setembro. Resultado esperado, uma vez que o aumento de setembro se deve à realização de festival de música em São Paulo, e não houve continuidade dos ganhos, segundo Almeida
Outras duas atividades apresentaram ganhos: serviços profissionais, administrativos, complementares (+1,0%) e serviços de informação e comunicação (+0,3%). Completando as cinco atividades pesquisadas. ‘Outros serviços’ apontou estabilidade em outubro
“O que vinha carregando os serviços, como ‘cargas’ e ‘tecnologia de informação’, não está com o mesmo fôlego e dinamismo de antes. O arrefecimento deles afeta o desempenho geral”, disse Almeida.
O índice de atividades turísticas, por sua vez, teve retração de 1,1% frente a setembro, quando registrou expansão de 1,5%. Com isso, o segmento de turismo está 5,0% acima do patamar de fevereiro de 2020. Abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014, em 2,4%.
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