A conectividade proporcionada pelo Slack, aplicativo de comunicação corporativa, pode acabar pressionando funcionários a responder mensagens de trabalho depois do expediente. Mas, em um novo relatório publicado na última terça-feira (5), a empresa deixa um aviso: as pessoas que se sentem obrigadas a trabalhar depois do expediente também tendem a ser menos produtivas.
Uma nova pesquisa do Slack Workplace Lab, que consultou cerca de 10 mil funcionários do meio corporativo, descobriu que as pessoas que se desconectam completamente no final da jornada de trabalho tiveram taxas de produtividade 20% mais altas do que aquelas que continuam a trabalhar mesmo depois do fim do expediente.
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E os outros resultados não são surpresa: os que se sentem pressionados a se manter conectados após o expediente relataram o dobro dos níveis de estresse e esgotamento relacionados ao trabalho em relação aos seus colegas desconectados. Entretanto, aqueles que trabalham até tarde por opção, seja por motivos de agenda ou por ambições pessoais, não tiveram taxas piores de saúde mental ou bem-estar.
Os resultados da pesquisa foram publicados no final de um ano em que muitos CEOs, em nome de maior produtividade, têm promovido uma mentalidade de fazer mais com menos recursos e menos funcionários. As pressões para voltar ao trabalho presencial têm causado frustração com o aumento de distrações ao vivo e com um número maior de horas dedicadas ao deslocamento para o escritório.
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Tais esforços a mais feitos pelos trabalhadores podem estar, na verdade, diminuindo a sua produtividade. “O tradicional lema para aumentar a produtividade sempre foi: se você quiser produzir mais, basta trabalhar mais”, diz Christina Janzer, vice-presidente sênior de pesquisa e chefe do Workforce Lab do Slack. “Esta é a nossa oportunidade de destruir os mitos. Trabalhar mais horas não significa necessariamente maior produtividade.”
Janzer admite que, embora o Slack tenha configurações de silenciamento de notificações, atualizações de status e ferramentas de programar o envio de mensagens, ainda é necessário incentivar mais o uso desses recursos e torná-los mais atrativos aos trabalhadores. “Mas cabe à empresa, à equipe e à cultura corporativa estabelecerem essas regras básicas de conduta e expediente”, ela diz.
A pesquisa do Slack descobriu que aqueles que se sentem obrigados a trabalhar depois do expediente eram 50% mais propensos a dizer que têm mais responsabilidades do que aqueles que trabalham só durante o expediente. Pelo contrário, os funcionários que trabalham mais horas relataram uma produtividade semelhante à daqueles que trabalham durante uma jornada de 8 horas diárias.
A mudança da cultura corporativa é o ideal
Isso sugere que os gestores não fazem o suficiente para ajudar seus liderados a priorizar as tarefas e evitar uma sensação de sobrecarga, segundo Janzer. “Há uma oportunidade dos gestores desempenharem um papel maior ajudando as pessoas a priorizar e serem mais produtivas durante o tempo que passam no trabalho”, diz a chefe do Workforce Lab do Slack a respeito do que os empregadores devem fazer para melhorar a produtividade.
O estudo também relatou que os trabalhadores preferem ter quatro horas por dia para focar totalmente em suas tarefas, sem distrações, e que ter a partir de duas horas de reuniões ao dia se torna uma sobrecarga. Enquanto isso, metade dos funcionários do meio corporativo disseram que raramente ou nunca fazem pausas ou tiram intervalos para descansar durante o expediente.
Produtividade não está ligada a mais horas
Os resultados da pesquisa sobre trabalhar para além do expediente e produtividade não são novidade. Um estudo de 2014, por exemplo, descobriu que a produtividade dos funcionários cai drasticamente após uma semana de trabalho de 50 horas e depois cai mais ainda após 55 horas trabalhadas na semana.
Outro relatório da Universidade de Boston viu que os gerentes não conseguiam distinguir entre aqueles que realmente trabalhavam 80 horas por semana e aqueles que fingiam fazer o mesmo. Finalmente, pesquisas da OMS (Organização Mundial da Saúde), concluíram que trabalhar mais de 55 horas por semana está associado a um risco 35% maior de ter AVC (acidente vascular cerebral) e a uma probabilidade 17% maior de morrer de doenças cardíacas.
Em um momento no qual o trabalho híbrido e a onipresença da tecnologia no meio corporativo permitem que as pessoas repensem os regimes e práticas de trabalho, é um importante lembrar que existem maneiras de aumentar a produtividade do que pressionar seus funcionários a trabalhar mais horas por dia. “A produtividade cresce linearmente ao número de horas trabalhadas”, diz Janzer, observando que 75% dos entrevistados disseram que têm uma queda na produtividade à tarde, entre 15h e 18h.
* Jena McGregor é editora sênior na Forbes USA. Ela escreve sobre o mercado de trabalho, carreira e liderança.
(Traduzido por Gabriela Guido)
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