Quem hoje vê uma moto premium de alta cilindrada nem imagina quanta tecnologia embarcada existe nela. Afinal, até o início dos anos 2000, a maioria das motocicletas ainda usava carburador e o sistema de injeção eletrônica só se popularizou em 2009, com o aumento das leis antipoluição para os veículos de duas rodas.
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Pensar que boa parte das motos era carburada há duas décadas mostra como elas evoluíram tanto em tão pouco tempo. Hoje, modelos com radar e controle adaptativo de velocidade são uma realidade. Muitos trazem sistemas eletrônicos que nada ficam devendo aos automóveis mais modernos. Conheça algumas tecnologias de ponta que você nem imaginava que já existiam em motocicletas.
Espelhamento do smartphone
Sistemas de som não são exatamente uma novidade nas motos. Desde meados dos anos de 1980, a Honda Gold Wing e as motos Touring, da Harley-Davidson, por exemplo, já contavam com toca-fitas e alto-falantes para curtir um som na estrada. Mas, atualmente, quem ainda compra um CD?
Pensando nisso, nos últimos anos, as fabricantes transformaram os painéis das motos de luxo em verdadeiras centrais multimídias. Com telas coloridas de TFT (Thin Film Transistor), basicamente a mesma tecnologia dos smartphones, as motos, atualmente, são capazes de espelhar o smartphone no painel.
A Honda Gold Wing foi a primeira a utilizar o sistema de pareamento Apple Car Play. Além do iPhone, ela pode espelhar celulares que adotam o sistema do Google com o Android Auto. As motos topo de linha da Harley também permitem ouvir música no seu streaming preferido, usar apps de navegação e até mesmo ler e responder mensagens.
Câmbio automatizado
Uma boa notícia para quem achava complica do acionar a embreagem com a mão e trocar as marchas no pé: a Honda trouxe para as motos o câmbio de dupla embreagem (dual clutch transmission, ou DCT). Recurso comum em carros esportivos, como Audi R8 e o lendário Honda NSX, o câmbio DCT já equipa modelos de média e alta cilindrada da fabricante japonesa, como as aventureiras NC 750X e a Africa Twin 1100.
O câmbio DCT tem como principal característica duas embreagens: uma aciona as marchas ímpares (1ª, 3ª e 5ª) e a outra, as pares (2ª, 4ª e 6ª), de forma independente.
As duas embreagens operam alternadamente para agilizar as mudanças de marchas. Ao trocar de primeira para segunda marcha, a central eletrônica detecta a subida de marcha e engata a segunda. Só então desengata a primeira para oferecer uma troca quase imperceptível. A tecnologia, que chegou ao Brasil em 2019, já responde por metade das vendas de alguns modelos de motos Honda na Europa.
Embora a tecnologia DCT em motos seja exclusiva da Honda, outras fabricantes vêm empregando o assistente de troca de marchas, chamado de quickshifter. Trata-se de um câmbio convencional, dotado de sistema eletrônico que sobe ou reduz as marchas sem apertar a embreagem, realizando as trocas no tempo certo. Por ser muito preciso, o quickshifter é bastante utilizado em motos superesportivas, permitindo trocas mais rápidas.
Assistente de partida em rampas
Sabe aquele temor de soltar a embreagem em uma subida íngreme e o carro recuar? Isso também acontecia com os motociclistas. Acontecia, pois há alguns anos motos maiores e mais pesadas receberam a tecnologia conhecida como “Hill Hold Control”, comumente chamada de “assistente de partida em rampas”.
As motos de alta cilindrada da inglesa Triumph, como a Tiger 1200, e de outras marcas já saem de fábrica com o sistema. Relativamente simples, porém confortável e seguro, o assistente é acionado quando o piloto ativa o manete de freio por mais de dois segundos. Ao arrancar, basta soltar o freio, acionar a embreagem, engatar a marcha e acelerar. Tudo em questão de segundos e feito eletronicamente, sem o medo de derrubar garupa e bagagem.
Radar e controle adaptativo de velocidade
Tecnologias semiautônomas, como o controle adaptativo de velocidade (ACC), equipam algumas motos. A aventureira Ducati Multistrada V4S, que chegou ao Brasil em 2021, foi a primeira moto do mundo equipada com radares.
Desenvolvido em parceria com a Bosch, o sistema de radares fornece informações sobre o ambiente circundante – evitando colisões em obstáculos ou outros veículos por meio de alertas ao piloto e controles eletrônicos avançados.
Existem dois radares na Multistrada. O dianteiro monitora o funcionamento do ACC, que, por meio de frenagem e aceleração controladas, ajusta automaticamente a distância de outros veículos. É praticamente um piloto automático.
O radar traseiro detecta veículos posicionados no chamado ponto cego, ou seja, a área não visível diretamente pelo piloto ou através do espelho retrovisor. O sistema BSD (Blind Spot Detection) sinaliza a aproximação de veículos em alta velocidade e alerta o condutor.
A BMW adotou o ACC em sua grã-turismo R 1250RT, e a Triumph instalou o detector de ponto cego na nova Tiger 1200. São tecnologias que deixam a viagem de moto mais confortável e segura.
Suspensões eletrônicas
A tecnologia de ponta chegou também às suspensões das motocicletas. Modelos superesportivos e motos aventureiras contam com suspensões inteligentes que, além dos ajustes eletrônicos, se adaptam às condições do piso. Afinal, para ser confortável, um passeio de moto na estra[1]da exige configurações macias, que são terríveis na pista ou nas serras.
O avanço da tecnologia permite o melhor de dois mundos com a suspensão eletrônica. Sensores “falam” com uma ECU várias vezes por segundo, que pode, então, ajustar eletronicamente a compressão e o amortecimento de retorno, conforme você pi[1]lota com base em configurações predeterminadas.
Motos como a nova geração da superesportiva BMW S 1000RR possuem suspensão dinâmica, que lembra muito os sistemas semiativos que surgiram na Fórmula 1 nos anos de 1990. Outras marcas, como Ducati, Honda e Triumph, também têm essa tecnologia em seus modelos topo de linha.
(Reportagem publicada na edição especial LifeMotors, acessível no aplicativo na App Store e na Play Store, no site da Forbes e na versão impressa).
O post Como sistemas eletrônicos de carros de luxo estão migrando para motos premium apareceu primeiro em Forbes Brasil.